Invasão do sistema Positivo traz problemas aos estudantes

Após hackers, alunos da UP relatam falta de acesso a provas, notas, estágios e boletos de mensalidade

Um mês após sofrer um ataque cibernético em seu sistema, o Grupo Positivo ainda não conseguiu restabelecer o atendimento aos estudantes pelo site da instituição, no portal do aluno. Na Universidade Positivo (UP), o problema vem gerando dificuldades de acesso a provas, notas, estágios e boletos. O alcance dos hackers aos dados dos alunos também causa preocupação, especialmente pela falta de informação do Grupo a respeito.

“No início, tivemos problemas para conseguir acessar o portal das aulas mas logo a UP forneceu uma nova forma de acesso ao ambiente virtual, chamado Ava. Ainda assim, os problemas continuam, como a falta de acesso aos boletos. Disseram que iriam enviar por e-mail mas até agora nada”, conta um estudante que prefere não se identificar. “Há ainda a impossibilidade de protocolar horas complementares e contratos de estágio. Muitos alunos conseguiram o estágio mas não puderam concluir por causa do site fora do ar.”

Foi o problema que enfrentou uma estudante do curso de Psicologia. “A universidade determinou que voltássemos para os estágios para poder concluir o curso e nos formar. Eu fui atrás de parcerias, realizei todos os trâmites, consegui um contrato de estágio, que foi enviado para a UP apenas assinar, mas isso não aconteceu até hoje, desde setembro, e eu não tive possibilidade nem de começar o meu estágio”, afirma ela. “A minha prática está muito prejudicada por isso vou começar sem contrato mesmo, na informalidade, porque a UP não fez seu papel nem de assinar o estágio.”

A aluna, que pediu para não ser identificada, também aponta o problema das notas. “É algo bem grave pois as notas não foram lançadas e seriam essenciais para saber se vou conseguir o suficiente para passar e concluir meu curso. Não tenho noção do quanto preciso para aprovação.”

Os resultados das avaliações do bimestre anterior ainda não foram lançados em muitos cursos. “Quem não havia lançado antes do ataque, ainda não conseguiu lançar pois o portal não está disponível, o que também dificulta o acesso dos alunos à serviços da secretaria”, ressalta uma professora, em condição de anonimato.

“O sistema tem todas as funcionalidades que precisamos para os cursos: solicitar serviços, boletos, ver notas, pedidos de estágio, de conclusão de horas; e isso atrapalhou bastante pois ainda está fora do ar”, diz o vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UP, Firenzzo Reolon, também presidente do Centro Acadêmico Zilda Arns, do curso de Medicina. “Tivemos provas e alguns não conseguiram entrar no sistema pra fazer a avaliação, mesmo no segundo sistema (Ava) pois é bem falho. Eles vão ter que fazer uma segunda chamada ou prova substitutiva.”

É o caso de Pedro (nome alterado a pedido da fonte). “Fui entrar no ambiente virtual do aluno, mostrava sempre mensagens de erro na senha; meus amigos tentaram logar com meu número de matricula e senha e não consegui mesmo assim. A TI levou duas horas pra arrumar o problema, aí perdi a prova por conta disso e vou ter que fazer a segunda chamada”, revela. “Não tive custo financeiro, mas todo o transtorno de ter que realizar a prova em outro dia, com outras provas na mesma data, não é bacana, ainda mais que tenho ansiedade, é mais um gatilho pra ficar nervoso. É complicado pagar um absurdo na mensalidade e eles não conseguirem resolver decentemente um problema no site.”

O presidente do Centro Acadêmico de Direito da UP (CAUA), Newton Grein Guimarães, destaca que outra preocupação dos alunos é com os dados pessoais. “Soubemos apenas que um hacker tomou o portal do aluno mas não sabemos se ele está de posse das informações dos estudantes, o que nos preocupa muito. E não tivemos resposta da UP, nem sobre o que de fato aconteceu nem sobre como está a situação hoje.”

O Plural solicitou um posicionamento da universidade sobre os problemas relatados mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.

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