HC usa correntes e biombos para separar ala Covid

Medida serve como barreira de proteção para pacientes e funcionários, que dizem estar desassistidos

A divisão de alas para pacientes com ou sem Covid-19 no Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba é feita por correntes e biombos. Um método já registrado pelo Plural na UPA Cajuru.

A direção do HC garante que essa separação é feita como barreira de proteção interna para quem trabalha no local, contudo, os profissionais de saúde estão preocupados e se dizem “desassistidos”.

Em entrevista ao Plural, a superintendente do HC, Claudete Reggiani, explica que esses métodos funcionam como barreira de proteção e de segurança interna do hospital, já que há médicos fazendo a orientação da população em tendas na entrada.

Ela afirma que antes de qualquer pessoa entrar no hospital, a temperatura corporal é testada e deve estar dentro da normalidade. Caso contrário, os médicos darão a orientação adequada.

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Foto: Plural.jor

Testes

Na última semana, o Plural recebeu denúncia de um funcionário, que não quis se identificar, mas está afastado dos trabalhos em razão da Covid-19. Segundo o relato, os trabalhadores não estavam sendo testados até o dia 29 de junho. Nesta data, todos foram submetidos ao teste rápido, recomendado a partir do décimo dia dos sintomas. O resultado normalmente sai em duas horas, mas a confiabilidade dele não é grande. O Ministério da Saúde detectou taxa de erro de 75% em testes negativos.

O profissional de saúde ouvido pelo Plural diz que o HC não tem um protocolo específico de testagem, expondo os funcionários ao risco de contágio da doença. Além disso, destaca que eles são submetidos à pressão por nunca saberem se estão contaminados, já que podem estar assintomáticos e, mesmo assim, transmitir o vírus. “Podemos passar para nossas famílias.”

O funcionário sustenta que o hospital não tem capacidade para comportar tantos leitos de UTI, já que o prédio é antigo e não teria sequer saída de ar. Segundo ele, há muitos afastamentos por grupo de risco ou por suspeita de Covid-19, o que faz com que algumas pessoas com sintomas gripais continuem trabalhando, muitas vezes fazendo hora extra, em razão da falta de pessoal para atendimento.

Equipes

O Hospital de Clínicas já afastou 130 pessoas que testaram positivo para Covid-19 entre seus funcionários. As liberações estão sendo feitas por atendimentos de teleorientação. A prioridade é afastar quem está com sintomas específicos da doença. Esse número, apesar de parecer expressivo, equivale a 3,2% dos quatro mil funcionários do HC.

A superintendente do HC, Claudete Reggiani, assegura que há equipes suficientes para fazer os atendimentos. Segundo ela, o percentual de infectados é bem baixo, e a redução de pessoal não prejudicou os serviços do hospital. Até quarta-feira (8), 3.188 profissionais já haviam sido testados. “O hospital investiu para que a gente possa ter a garantia de que o profissional esteja bem.”

Claudete esclarece que os funcionários estão sendo testados com frequência, mas não indica uma periodicidade específica. Segundo ela, tudo está sendo feito de acordo com a capacidade do hospital, que também sofre com problemas nas suas equipes técnicas, como tem sido comum em instituições de saúde de todo o país.

A superintendente lembra que, a partir da metade do mês de junho, os profissionais assintomáticos também começaram a ser testados. Quando o resultado é positivo, ou há suspeita de contágio, eles são imediatamente afastados de suas funções.

Outra fonte anônima ouvida pelo Plural diz que 60% dos trabalhadores do Banco de Sangue do HC estariam contaminados. A informação foi negada por Claudete Reggiani. Ela enfatiza que o setor não está tendo problemas de falta de equipe, contudo, ressalta que há falta de doações de sangue no hospital.

Biobanco do HC. Foto: Plural.jor

Leitos para Covid

Na entrevista com o Plural, Claudete também falou sobre leitos para Covid-19 no Hospital de Clínicas. Segundo ela, há 135 específicos para o tratamento da doença. No final de junho, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) chegou a dizer que apenas 33 dos 61 leitos adultos estavam ativos. A informação foi negada pela superintendente, que destaca que todos estão ativos. De acordo com a Sesa, há 61 leitos de UTI adulto e 83 enfermaria, todos Covid. O HC tem cinco leitos disponíveis para coronavírus no setor de Pediatria.

Até domingo (12), estavam ocupados 95% dos leitos adultos para Covid-19, 95% dos de enfermaria e 100% dos de pediatria.

Grupo de risco

Na última semana, o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar) enviou um ofício para o HC pedindo o afastamento de todos os profissionais do grupo de risco da Covid-19, incluindo dois médicos com mais de 60 anos, que estão em funções administrativas.

Claudete afirma que todos os profissionais de risco foram afastados ou realocados para outras funções. A superintendente enviou ao Plural uma ordem de serviço, assinada por ela, que estabelece uma série de diretrizes para os funcionários no período de pandemia. O documento inclui o afastamento de servidores de risco.

Atendimento pediátrico

No final de junho, o HC confirmou que iria suspender as atividades do seu setor de Pediatria para que fossem abertos mais leitos de UTI Covid. No entanto, a Secretaria de Estado da Saúde afirma que o setor continua em funcionamento.

O Hospital Pequeno Príncipe (PP) assumiu a retaguarda do HC no atendimento a crianças com Covid-19. Desde o dia 26 de junho, nove crianças e adolescentes foram transferidos para o PP – seis deles precisaram de internação.

De acordo com Claudete Reggiani, o HC não tem tido dificuldades na abertura de novos leitos. Segundo ela, nunca se falou que a Pediatria para Covid-19 iria fechar, apenas foi dito que as emergências do setor seriam transferidas.

No entanto, a superintendente conta que as mães estão acostumadas a trazer seus filhos para o HC e que o hospital continua recebendo as emergências. O encaminhamento para o atendimento é feito, muitas vezes, pela própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aponta Claudete.

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