Greve de ônibus chega a 23 dias em Paranaguá

Só dez coletivos circulam na cidade, com horário de domingo; Prefeitura vai propor subsídio para empresa

Os trabalhadores do transporte coletivo urbano de Paranaguá, no Litoral do Paraná, estão em greve há 23 dias. A paralisação, que teve início em 14 de janeiro, foi motivada pelo atraso nos salários de dezembro, não pagamento de horas extras nem o adiantamento do mês de janeiro. Cobradores e motoristas reivindicam ainda melhores condições de trabalho em meio à pandemia, como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) 

Com a greve, apenas dez ônibus estão circulando, o que representa metade da frota municipal; todos com horários de domingo. Não há cobrança da tarifa, que atualmente é de R$ 3,70. Além dos coletivos, a Prefeitura fez cadastros de veículos alternativos, que podem transportar passageiros durante o período de greve, cobrando a mesma tarifa do transporte público. 

Desde o começo da paralisação, não há acordo entre trabalhadores e a Viação Rocio, empresa responsável pelo transporte público da cidade. A companhia relata dificuldades financeiras relacionadas à tarifa de R$ 3,70 não ter tido nenhum reajuste nos últimos quatro anos, e também à queda no número de passageiros por conta da pandemia.

Após a publicação da reportagem, Josiel Veiga, presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Anexos de Paranaguá (SINDICAP), informou que as negociações estão avançando. “A empresa pagou na sexta-feira (5) o atrasado de dezembro, e os 25% do adiantamento de janeiro. Mas ainda falta pagar o salário total de janeiro, cartão alimentação, horas extras e os uniformes dos trabalhadores”, diz ele, lembrando que, enquanto a empresa não acertar esses pontos, segue o movimento paredista.

 Subsídio para empresa

Foto: Auto Viação Rocio

A Prefeitura de Paranaguá realizou uma auditoria na empresa Viação Rocio para avaliar o transporte público da cidade. O relatório foi apresentado nesta sexta-feira (5) para vereadores, secretários municipais e o prefeito Marcelo Roque (PODE). Segundo ele, a auto viação solicitou subsídios para continuar operando, com a justificativa de queda da receita por conta da pandemia.

No entanto, o levantamento da Comissão de Auditoria do Transporte Público de Paranaguá apontou números divergentes referentes ao custo de operação. Segundo a empresa, eles ultrapassam R$ 1,5 milhões; já na avaliação da Comissão, os custos do transporte são de R$ 957 mil.

O Superintendente de Apuração de Inexecução Contratual da Prefeitura, Diego Delfino, explica que as avaliações foram feitas sobre as planilhas e os termos do edital de licitação da concessão. “Definimos, em comum acordo com a própria empresa, que para fins destes cálculos seriam considerados os custos de operação, a folha salarial e os custos administrativos.” 

A empresa pede subsídio no valor acima de R$ 775 mil mensais. A Comissão ratifica que  a diferença entre o custo total da operação e a receita estimada é de aproximadamente R$ 226 mil, ou seja, o valor solicitado pela empresa de ônibus não é justificado, aponta a Comissão.

Com o resultado do relatório, o Poder Público Municipal diz ter respaldo técnico para enviar à Câmara de Vereadores o projeto de lei que concede subsídio para o transporte público, enquanto durar a pandemia. “Para isto algumas condicionantes serão exigidas e deverão ser cumpridas.”

Segundo a Prefeitura, o montante proposto – de valor ainda não informado – não tem relação com o preço da tarifa. “Este será um auxílio para manter o custo de operação e a empresa continuar prestando serviços à população, situação que vem acontecendo em diversos municípios do país. Os pedidos de aumento da tarifa, por parte da empresa, encontram-se em fase judicial.”

Colaborou: Matheus Koga, com informações da Prefeitura de Paranaguá

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima