Greve de fome dos professores passa de 100 horas

Grupo permanece em frente ao Palácio Iguaçu e pede valorização e concurso público, mas governo mantém prova PSS

“Estou bem, cinco quilos mais magro; nossa luta não para!”, relata Hermes Leão em suas redes sociais na manhã desta segunda-feira (23). Ele é um dos 21 profissionais da educação em greve de fome há quatro dias. O grupo passa de 100 horas sem alimentação, em acampamento montado em frente ao Palácio Iguaçu, em Curitiba. O prédio é o centro do governo de Ratinho Jr (PSD), que até agora não se manifestou a respeito da ação extrema dos professores por valorização.

Eles reivindicam o fim do edital 47, o chamado Processo Seletivo Simplificado (PSS), que permite a contratação temporária de educadores desde 2005. Há sete anos, o governo do Paraná não realiza nenhum concurso público na área.

Em 2020, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) inseriu uma prova para a seleção temporária do PSS, anteriormente realizada por títulos e tempo de serviço. Segundo a APP-Sindicato, que representa a categoria, são 20 mil professores e 9 mil funcionários de escolas em contrato PSS, sendo que apenas 4 mil serão chamados pelo edital 47. Além disso, os interessados precisam pagar de R$ 60 a R$ 105 para se inscrever na prova do PSS.

“Tomamos esta atitude extrema de entrar nesta greve de fome, é um risco de morrer, por conta da decisão inflexível do governo de querer realizar esta prova. Se fosse um concurso, tudo resolvido, mas haverá todo um custo para uma prova que não garante nada aos professores, só traz custos ao Estado e não é um concurso público. Precisamos dele para o ingresso dos professores com as garantias e seguranças para um serviço público de qualidade”, explica Luís Carlos dos Santos, secretário do Combate ao Racismo do sindicato.

A greve de fome teve início no dia 19 de novembro, às 10h30, com 47 pessoas. Algumas saíram por motivos pessoais, outras porque não resistiram à falta de alimentos. “Mas o pessoal está firme na resistência, tendo cuidado com seus limites mas firmes no propósito de fazer a sensibilização pela decisão favorável à revogação do edital 47 e para isso contamos com toda sociedade, pedindo e pressionando por isso nas redes sociais.”

Os educadores seguem acompanhados por profissionais da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – Núcleo Paraná (ABMMD-PR). 

Educadores prosseguem acampados em frente ao Palácio Iguaçu. Foto: APP-Sindicato

Seed mantém prova

Procurada pelo Plural, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) disse que não vai se manifestar a respeito da greve de fome dos professores. No site do governo do Estado, porém, a pasta publicou nesta manhã um texto com o título “Educação confirma prova para seleção de professores PSS”. Nele, o edital é reforçado, com a informação de 35 mil candidatos já inscritos para a seleção. As provas presenciais estão previstas para 13 de dezembro.

Ainda assim, os professores dizem que vão continuar com o protesto. “Estamos fazendo articulações com o governo, intermediados pela Alep e estamos no diálogo. Isso é uma fala do Feder (secretário estadual de Educação), mas temos a mediação com a Casa Civil e com a liderança do governo. Temos a pressão até o dia da realização da prova e o apoio de vários órgãos da sociedade civil e do movimento sindical”, afirma o representante sindical.

Pautas

A pauta dos professores vai além do edital 47. Eles também exigem a renovação dos atuais contratos PSS, o pagamento do salário mínimo regional e promoções e progressões nas carreiras, a não militarização das escolas da Rede Estadual, a manutenção das turmas de ensino noturno nos colégios cívico-militares e novos concursos públicos para Educação.

“Falem com os(as) jovens sobre a ditadura civil de Ratinho Jr, conte que com a ajuda de 47 deputados(as) se aproveitou de forma covarde da pandemia para passar a boiada: terceirização votada em 29 de abril, militarização das escolas votada sob tratoraço, congelamento de direitos salariais. Por fim, conte que a expulsão dos(as) estudantes da EJA, do ensino noturno, do profissionalizante é para colocar de forma criminosa o Paraná no primeiro lugar do Ideb”, diz em seu relato Hermes Leão, que é presidente da APP-Sindicato.

Entre as pautas, a revogação do edital 47, do PSS. Foto: APP-Sindicato

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