Governo ignora greve enquanto novas categorias param

UEM decide aderir ao movimento, que continua sem atenção de Ratinho

Mesmo com 85% das escolas estaduais envolvidas na greve dos servidores públicos, o governador Ratinho Júnior (PSD) se nega a dialogar com a categoria. Pela manhã, cancelou reunião agendada com representantes do Fórum das Entidades Sindicais (FES), que vem tentando um acordo para reparação salarial (data-base), desde março, sem sucesso. Nenhuma proposta de Ratinho. Duas paralisações de 24h alertaram para a greve-geral, que teve início ontem (25). De lá pra cá, o governo se nega a receber os representantes sindicais e se mostra alheio ao movimento, que se estende pelo Estado. Hoje (26), professores e funcionários da Universidade Estadual de Maringá (UEM) aprovaram, em assembleia, a adesão à greve. Com isso, as aulas nas instituição devem ser prejudicadas.

Até agora, a paralisação tem o apoio de 16 categorias e três associações. “A greve só começou porque justamente não há respostas do governo para as categorias. Iniciamos uma negociação em março, o próprio governo estabeleceu trinta dias de prazo para apresentar uma proposta e até o momento não o fez”, afirma Marlei Fernandes, da coordenação do FES.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (Sinteemar), José Maria Marques, serão formadas comissões que vão dar corpo ao movimento e definir as estratégias de direcionamento às ações. Uma delas é paralisar as aulas na universidade.

As outras três entidades representadas na assembleia de votação à greve em Maringá foram: Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá (Sesduem), Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá (Aduem) e Associação dos Funcionários da Universidade Estadual de Maringá (Afuem). “Convidamos todos os Campi a participar para podermos sensibilizar o governo e fazer uma greve forte e curta, que atenda nossas pautas de reivindicação, que passam pela data-base, autonomia, renovação dos contratos dos temporários e a garantia da qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão”, ressalta o presidente do Sesduem, Edmilson Silva.

UEM deve ter aulas paralisadas pela greve em todos os campi. Foto: Sinteemar

Mais prazo

Enfrentar uma greve do funcionalismo público aos seis meses de governo, realmente, não é praxe. Mas a revolta da categoria se dá, especialmente, por Ratinho Junior ter defendido o reajuste dos servidores enquanto era deputado, antes de ser eleito governador. A reposição da data-base, que não acontece há quatro anos, foi uma das promessas de campanha do atual chefe do Executivo. Ele chegou a liderar um grupo de deputados na Alep para pressionar a então governadora, Cida Borghetti, a pagar os servidores.

As perdas acumuladas pelas categorias, segundo a FES, chegam a 17% e os trabalhadores reivindicam, entre outras pautas, a reposição referente à inflação do último ano, que é 4,94%. “De fato, existe uma reposição dos últimos quatro anos de 17%, mas não podem querer cobrar que Ratinho resolva tudo em cinco meses de mandato. Onde você já viu greve em cinco meses de mandato? Em lugar nenhum do mundo. Sabe quanto custam esses 17%? R$1 bilhão. Não tem esse dinheiro”, assegura o líder do governo na Assembleia Legislativa, Hussein Bakri.

Segundo ele, a última tentativa de diálogo com os sindicalistas foi na segunda à noite. “Fizemos um ofício propondo que fosse suspensa a greve por dez dias, que o governo vai estudar uma proposta pra fazer, mesmo com as dificuldades; óbvio que não dentro do que estão pedindo, mas vai oferecer uma proposta. Até o presente momento, não recebemos uma resposta. Portanto, a posição é muito clara, o governo não vai conversar com greve. Não vai”, garante Bakri.

O prazo acabou

A APP-Sindicato, que representa os professores e educadores, disse hoje que, durante a campanha eleitoral, Ratinho Jr prometeu reunir-se com os sindicatos logo após assumir o governo, garantindo o pagamento da data-base. Até agora, no entanto, nem reunião. Um encontro marcado para a manhã desta quarta-feira foi cancelado pela assessoria do Palácio, afirmam os sindicalistas, que fizeram um ato de protesto em frente à Secretaria da Fazenda, no Batel.

Fotos: Gelinton Batista - APP
Servidores no protesto desta tarde, em Curitiba. Foto: Gelinton Batista/APP-Sindicato

“No início deste ano, em outra promessa, o governo disse que teria uma proposta até o final de abril. Não cumpriu. O governo só passou a dialogar oficialmente com os(as) trabalhadores(as) depois da manifestação que reuniu mais de 10 mil em Curitiba, no último 29 de abril. Dessa vez, a promessa era apresentar uma proposta em até 30 dias”, aponta a APP. “Foram realizadas oito reuniões entre técnicos(as) e lideranças dos sindicatos para debater a pauta de reivindicações. O prazo acabou e o governo não fez nenhuma proposta, empurrando os servidores(as) para a greve.”

Terceiro dia

Amanhã (27), às 9h, o ato de protesto dos grevistas será no Departamento de Perícia Médica, localizado no mesmo prédio da ParanaPrevidência (Rua Inácio Lustosa – Centro Cívico).

Na parte da tarde, em frente ao Palácio Iguaçu, haverá uma aula pública sobre o Projeto de Lei Complementar 4/2019, que sugere alterações na data-base, promoções e progressões.

 

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