Funcionários dos Correios param por falta de salário

Greve em unidade terceirizada de Pinhais tem impacto na distribuição de encomendas para todo Brasil

O Centro Internacional dos Correios em Pinhais (Ceint), na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), está com os trabalhos parcialmente paralisados desde esta terça-feira (10) por causa de uma greve mobilizada por funcionários com salários atrasados. Operada por uma empresa terceirizada, a unidade é responsável pelo recebimento, triagem e despacho de grande parte das encomendas internacionais que chegam aos brasileiros, sendo, portanto, um dos braços mais importantes dos serviços postais no país. Os Correios, contudo, negam impacto na distribuição das remessas.

Mas segundo o Siemaco, sindicato da categoria em protesto, cerca de 300 dos aproximadamente 350 funcionários decidiram aderir à paralisação contra a falta de pagamento dos salários e dos vales transporte e alimentação. O prazo legal para os depósitos era o dia 6 de novembro e, até agora, a MG Terceirização, contratada para operar o Ceint, ainda não teria dado nenhuma previsão para o acerto.

“O que a gente tem visto ali é muito triste. Eu pago aluguel, moro sozinha, mas ainda assim tenho quem me ajuda. Agora tem gente que nem almoço estava levando porque não recebemos o vale, e é com esse vale que as pessoas compram. Tem pai com filho pequeno sem poder comprar fralda e leite. E pior que não é a primeira vez. Já chegamos a ficar um mês inteiro sem salário e não tivemos qualquer retratação”, conta, em condição de anonimato, um trabalhador em greve.

Por telefone, a MG se recusou a conversar com a reportagem e disse que, se houver qualquer manifestação a respeito do assunto, será diretamente com os Correios.

Em nota, a estatal – que vem ampliando a terceirização de suas agências na Grande Curitiba – afirma que, apesar da greve, o Ceint de Pinhais “está funcionando normalmente”. Contudo, o Siemaco alerta que a adesão dos trabalhadores pode diminuir drasticamente o ritmo da triagem das remessas que passam pelo local.

“O que a gente está vendo é uma paralisação que tem impacto nacional porque chegam nesta central de distribuição as encomendas do mundo inteiro, e são esses trabalhadores que fazem a distribuição. Então, essa greve não fica restrita aqui aos funcionários, a Pinhais, a Curitiba, mas pode atrasar entregas no Brasil todo”, diz Rafael Gerônimo, Diretor de Assuntos Sindicais do Siemaco.

Quinta greve

Conforme o sindicato, em dois anos esta é a quinta greve organizada contra a terceirizada, que, ainda segundo a entidade, está com o tempo de contrato de operação do Ceint prestes a ser esgotado. Por isso, a preocupação dos trabalhadores também é com as verbas rescisórias e com uma possível negativa da nova empresa contratada em absorver o atual quadro de funcionários.

Uma reunião na tarde desta quarta-feira (11) entre representantes dos Correios, da MG Terceirização e do Siemaco deve definir o futuro da paralisação e costurar um possível acordo para os pagamentos atrasados.

“Com essa confusão toda, não sabemos como vamos ficar com essa nova empresa. Além disso, se até agora a gente ainda não recebeu o salário, será que a gente vai ficar sem rescisão? Isso é o que todo mundo está se perguntando”, acrescenta a funcionária.

Em nota, os Correios informaram que estão “efetuando, de forma regular, os pagamentos à empresa terceirizada e apurando a situação”. A estatal disse ainda que, caso seja identificada alguma irregularidade contratual, irá proceder “com a devida análise e aplicação das sanções administrativas cabíveis”.

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