Ficar sem máscara é uma decisão que exige bom senso

Médica alerta que pandemia ainda não acabou e é preciso bom senso para circular sem máscara

Nesta terça-feira (29), o governador Ratinho Jr. retirou a obrigatoriedade do uso de máscaras em todo Paraná. De acordo com o governo do estado, os índices de vacinação apontam que 3.907.435 pessoas já tomaram a dose de reforço e mais de 259 mil a dose adicional. Além disso, a média móvel de casos caiu 54% em relação há duas semanas e a média de mortes diminuiu 75% no mesmo período. A ocupação nas UTIs está em 33% e a taxa de transmissão é de 0,92, abaixo de 1, com tendência de queda.

Apesar disso, tem gente que está receosa. A diarista Andrezza Alves de Lima, que todos os dias usa transporte público para sair de Fazenda Rio Grande e chegar até Curitiba, diz que vai continuar usando máscara. “É mais higiênico. Eu tenho renite, então qualquer cheiro diferente, de perfume forte, xampu já me faz espirrar. Então eu sem máscara vou estar espirrando e isso pode ir em outra pessoa”, diz.

A empreendedora Giovana Chandelier é categórica. “Eu vou permanecer usando máscara independentemente se é um ambiente fechado ou aberto, estando na rua, com outras pessoas passando na rua, meu objetivo é estar de máscara. Porque ainda não erradicou [a Covid-19], porque eu sei que ainda acabam tendo casos, então eu prefiro me precaver.”

Bom senso

Para a médica infectologista Maria Inez Domingues Kuchiki, agora é hora de exercer o bom senso. Ela explica que toda flexibilização feita pelas secretarias de Saúde são baseadas em estudos, mas que ainda não é possível considerar que a Covid-19 seja uma doença endêmica, ou seja, a pandemia não acabou.

“Temos que analisar vários pontos, mas pessoas que são imunossuprimidas, idosos e quem ainda não completou o esquema vacinal, por exemplo, devem manter alguns cuidados. É importante a população entender que não está proibido o uso de máscara, se a pessoa achar que é necessário, se apresentar sintomas gripais, ela deve continuar usando”, diz.

Assim como Andrezza, que vai adotar o uso de máscara no ônibus para sempre, a médica também salienta que lavagem frequente de mãos e assepsia com álcool gel devem virar rotina não só para prevenção do coronavírus, mas de outras doenças.

“O que acontece agora é que cada indivíduo vai adotar as medidas. Então para não ficar à mercê da atitude do outro, manter esses cuidados é interessante.”

Na região do Centro Cívico, muita gente já circulava sem máscaras pelas ruas nesta terça-feira (29).

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3 comentários em “Ficar sem máscara é uma decisão que exige bom senso”

  1. Arandi, fica uma provocação para vocês também. Seria “graças a Deus” mesmo? Por que Deus criaria uma doença que mata milhões para depois ajudar cientistas a criar a cura?

  2. Sou leitor assíduo do Plural – e da Aline. Sempre textos excelentes.

    Neste daqui, acredito que seja o caso de fazer um comentário provocativo:

    Usar máscaras seria – mesmo – uma questão de bom senso? Penso que não seja por aí…

    A pandemia é um problema de saúde pública. Trata-se de uma doença que se propaga de pessoa para pessoa (pelo ar, nunca é demais repetir). Portanto, um assunto público. Que remete à saúde pública. Que, por sua vez, só pode ser pensado a partir de uma lógica que envolva todas e todos. O coletivo. A comunidade.

    Neste contexto, pelo menos por nossas bandas, depois desses dois anos desde o início da tormenta, restou-nos torcer pelas vacinas e… usar máscaras.

    No caso das vacinas, graças a Deus (e à boa ciência), estamos mais protegidas e protegidos. Contudo, é sabido que as vacinas não impedem a transmissão do vírus. Além disso, é sabido (vide texto na folha de São Paulo em 27/03) que metade da população brasileira não está com o esquema vacinal completo. Perigo! Perigo! Então, o argumento usado pela prefeitura de Curitiba e pelo governo do Paraná para abolir o uso das máscaras é falho (porque remete à vacina feito fosse um agente milagroso). Falho porque, objetivamente, ainda há muita gente desprotegida, porque não foi vacinada. Seria o caso de chamar a atenção para o fato de que crianças pequenas não estejam vacinadas. Seria o caso de repisar a informação de que haja risco de sequelas (a assustadora Long Covid) de longa duração – e com potencial de serem incapacitantes… Seria o caso de argumentar que, de fato, possam haver processos de reinfecção. Que, se a transmissão continuar rolando solta, possam surgir novas variantes entre nós, inclusive, variantes capazes de evadir as vacinas (toc-toc-toc!).

    Portanto, liberar o uso de máscaras é uma política pública burra (talvez seja o caso de termos o bom senso de adjetivar). Burra porque, dado o contexto, não haveria qualquer problema e não seria um sacrifício individual manter o uso de máscaras por mais algum tempo, tendo em mente a ideia de proteger o maior número possível de pessoas. Note-se ainda o efeito de propaganda: abolir as máscaras passa uma mensagem de que “a pandemia acabou” (o que não é verdade).

    Portanto, deslocar o debate para o bom senso individual acaba por mascarar (ops! alerta para trocadilho) o que realmente importa: continuamos (em Curitiba, no Paraná e no Brasil) tratando um problema gravíssimo de saúde pública a partir de uma perspectiva individual e individualizante. Talvez, no outro extremo, esteja um país como a China; examinar os números (de contaminados e de mortos) em lugares que adotaram medidas coletivas de combate à pandemia poderia ajudar a pensar.

    O “bom senso” do prefeito greca fica para a história. O senhor, aos sorrisos, celebra o fim do uso de máscaras. Faz pensar nas máscaras como algo ruim, impregnado de negatividade.

    Hoje pela manhã, no rádio, o pessoal anunciando que vai acender o fogo do churrasco com as máscaras. Nos lugares fechados em que estive ontem, tive que aguentar a empáfia dos negacionistas, agora (finalmente!) vitoriosos; eles, com sorriso bruto na cara, eu, mascarado. Até a Utfpr está liberando o uso de máscaras! Então, liberou geral. E restamos discutindo o que seria agir com bom senso. Cada indivíduo agirá de acordo com sua consciência individual. Sonolência mortal.

    O sorriso do prefeito sem máscara, pra mim, é quase igual àquele do presidente-atleta-da-gripezinha. Tem algo de podre naqueles sorrisos. Tem algo de vil. Tem algo de mau. Que remete a uma celebração sórdida de uma vitória vã. Não haverá mais “nós”. Tudo é “eu”. Deste jeito, o bom senso não nos salvará jamais (berram as vozes na minha cabeça).

    Talvez fosse o caso de fazer uma campanha:
    “Uso máscara pra me proteger. Uso máscara pra proteger você. Use máscara pra se proteger. Use máscara pra me proteger. Usamos máscaras porque acreditamos na ciência. Usamos máscaras porque estamos todos conectados. Porque somos uma comunidade de pessoas que se importam umas com as outras. Porque, afinal, é um gesto de verdadeiro amor”.

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