Falta água no Santa Cândida há 25 dias

Problema atinge 1,6 mil pessoas há sete meses e se acentua na fase mais crítica da pandemia

Em Curitiba, um condomínio com 1,6 mil moradores luta na Justiça pelo direito à água. O Residencial Cedros, localizado no bairro Santa Cândida, vem tendo problemas no fornecimento desde agosto de 2020, mas foi após o dia 4 de março que a coisa piorou. Segundo moradores, o conjunto com 544 apartamentos está no final da rede de abastecimento da Sanepar, o que reduz a pressão e impede a água de chegar e encher as caixas – três de 100 mil litros cada. Nem mesmo nos dias do rodízio em que deveria haver a retomada do abastecimento, não há água, obrigando os moradores a tomar banho de caneca em plena pandemia.

Tuany Baron, advogada que vive no Residencial, conta que nunca há água suficiente para encher a caixa. “No ano passado, o condomínio de cima teve um problema de falta de água, então resolveram (Sanepar) diminuir a vazão do nosso condomínio, e não chegava água suficiente. Depois vieram aqui e liberaram a vazão. Passou isso e novamente começamos a ter problemas. Teve também a questão da poluição do rio que abastece a região.”

A turbidez do Rio Iraí começou a afetar o condomínio no dia 4 deste mês. Até dia 9 de março, os moradores ficaram sem água e, desde então, não conseguem encher as caixas. “Nunca tem água pois não tem pressão suficiente. Ontem estávamos sem pois era o último dia de suspensão do abastecimento, mas hoje a gente amanheceu sem absolutamente nada de água. Não está chegando nenhuma água da rua e a Sanepar se limita a dizer que tem água na rede, mas não tem”, garante a moradora.

“É uma situação muito difícil. Chegamos a até comprar três caminhões pipa durante este período, mas é algo impraticável ficar comprando caminhão pipa inclusive quando tem abastecimento de água”, ressalta Tuany. Ela afirma que os problemas não são resolvidos nem mesmo quando técnicos da Companhia vão até o local.

Moradora e síndica desde 2017, Valéria Brito diz que já procurou a Sanepar várias vezes, mas não há respostas, apenas solicitação de maior prazo para devolutiva. “A própria Sanepar diz que só ficarão sem água os clientes que não têm caixa d’água no imóvel, conforme recomendação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A Sanepar sugere que cada imóvel tenha uma caixa-d’água de pelo menos 500 litros, assim, é possível ter água por 24 horas, no mínimo. Estamos dentro da recomendação da ABNT, mas precisamos que a Sanepar siga as próprias recomendações e cumpra com o estabelecido.”

“Temos cadeirantes, idosos, parturientes, profissionais da saúde e de serviços essenciais. Trabalhadores que se expõem todos os dias e não têm direito de lavar as mãos ao chegar em casa, e se não tiver feito uma reserva, nem tomar um banho decente. Chegar em casa depois da exposição ao risco, em plena Bandeira Vermelha, com ocupação de 100% das UTIS é muito humilhante, desesperador. Se você não guardar água para tomar banho de caneca, você pode se contaminar e também sua família”, expõe a síndica. 

A Sanepar foi procurada pelo Plural, mas não houve resposta até o fechamento desta reportagem. 

Rodízio

Atualmente, o nível total dos reservatórios do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC) é de 60,85%. Desde o dia 15 de março, a Sanepar reduziu o rodízio e adotou o modelo 60hx36h – dois dias e meio com água e um dia e meio sem. Caso o volume dos reservatórios chegue a 50%, o rodízio voltará para o modelo 36hx36h. 

Atualização

Após a publicação da reportagem, a Sanepar se manifestou, confirmando que o condomínio está localizado em um ponto crítico de rede. “Ontem (29), o abastecimento foi restabelecido parcialmente; e, hoje (30), totalmente. A Sanepar está fazendo pesquisa de vazamento naquela região e analisando melhorias. A Sanepar suspendeu o rodízio na região para fazer o monitoramento. E a gerência está em contato com a síndica.”

Os moradores confirmaram a ligação da coordenação da Sanepar, “colocando-se à disposição para auxiliar”. “Informaram que foram colocados em funcionamento reguladores de pressão e hoje será a manutenção, e que não teremos interrupção de fornecimento até 04/04/2021 às 4h”, diz Valéria.

Colaborou: Matheus Koga

Sobre o/a autor/a

2 comentários em “Falta água no Santa Cândida há 25 dias”

  1. JENNY KETHLYN DE QUADROS

    Sou moradora do Res Figueiras, vizinho do Cedros, nosso problema de falta d’água só foi resolvido graças ao poço artesiano que foi feito, o síndico retomou a ideia que ja tinha colocado em pauta em outros momentos, porém devido ao alto custo e risco, foi deixado pra outro momento, mas pagamos para ver e valeu a pena, sem dizer a qualidade da água que é pura.

  2. Muito obrigada pela colaboração à moradora Tuany, e equipe Plural que nos deu voz!!!
    Agradeço em nome do todos os moradores!

    Valéria

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima