Estudo estima que Curitiba terá menos de 4 mortes diárias por Covid em novembro

Sistema desenvolvido por pesquisadores da UFPR indica cenário de ainda mais alívio, com queda brusca na taxa de casos ativos até o fim do mês

O avanço da vacinação tem consequências nítidas. A maior circulação de pessoas nas ruas nos últimos meses não foi capaz de reter a desaceleração da curva de mortes por Covid-19 em Curitiba, e, se tudo continuar assim, o município pode fechar novembro com média de 3,7 óbitos por dia – a menor desde junho do ano passado.

A projeção é da plataforma Previsões Covid, desenvolvida por pesquisadores do projeto de pesquisa Matemática Aplicada e Computacional da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O recurso usa dados de 14 dias anteriores da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para, a partir de então, prever comportamento da pandemia nos 399 municípios paranaenses trinta dias a frente.

Os parâmetros do modelo calibrados nesta quarta-feira (3) capturam a continuidade de um cenário otimista para a capital paranaense, que desde agosto vem tendo queda nas médias mensais de óbito. Pela projeção dos pesquisadores, a cidade pode fechar novembro com um acumulado de 7.950 mortes – 112 a mais do que o valor registrado no dia 1º do mês, ou seja, média de 3,7 por dia.

Nos três primeiros dias deste mês, os boletins da Sesa apontaram três óbitos em Curitiba – um por dia –, mas o represamento de notificações por causa do fim de semana emendado com o feriado de Finados deve aumentar a taxa. Mesmo assim, mostra o modelo matemático da UFPR, em ritmo de queda suficiente para fazer a cidade atingir o menor acumulado de mortes por Covid-19 no ano pelo segundo mês consecutivo.

De acordo com dados da Sesa, em janeiro a capital teve média de mortes por mês de aproximadamente 9,45, e em fevereiro, 9,46. Em março, com a chegada da terceira onda, o índice subiu para 20,9. Em abril, no mês mais mortal da pandemia em todo o país, os curitibanos viram estarrecidos 1.262 pessoas mortas em decorrência do vírus Sars-Cov-2, o equivalente a 42 óbitos por dia. Em maio, junho e julho foram 20,3; 22,2 e 23,7, respectivamente, e as quedas aceleradas começaram a partir de agosto, quando o percentual da população completamente imunizada ascendeu, e média de mortes na cidade bateu caiu para 17,7 naquele mês.

No dia 26 de julho o Paraná bateu a marca de 50% da população vacinada com ao menos uma dose. Em setembro – quanto Curitiba chegou à metade da sua população adulta completamente imunizada –, foram 342 mortes no total, cerca de 11,4 por dia. Em outubro igualou a taxa de janeiro, com 9,45.

A metodologia criada pelos pesquisadores também sugere uma queda brusca no número de contaminados. Pelos dados do governo do estado – que não coincidem com os divulgados pela prefeitura de Curitiba –, a projeção indica que o total de casos ativos que no dia 1º estava em 4.388 pode encolher para 2.047, uma atenuação de quase 55%.

Apesar do cenário promissor, o uso de medidas não farmacológicas de prevenção contra a Covid-19 ainda deve continuar. A higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70% tem de permanecer na rotina, assim como o distanciamento mínimo, sempre que possível. Em Curitiba, o uso de máscaras ainda é obrigatório em todos os ambientes.

A plataforma

A plataforma desenvolvida pelos pesquisadores se orienta por um modelo matemático que considera três grupos distintos, os suscetíveis, infectados e removidos do quadro de análise (SIR). Esses parâmetros são o que alimentam o cálculo diário do sistema, baseado na circulação dos cidadãos entre os grupos SIR. Daí a possibilidade de prever qual o comportamento da doença pelos próximos 30 dias.

“A exatidão das previsões depende de uma série de fatores, sobre os quais nós não temos controle. Em cidades pequenas, por exemplo, pode ser que em algum dia não sejam publicados os dados da pandemia, o que ocasiona um salto no sistema que não podemos evitar. Nós temos percebido que, em cidades maiores, a entrada dos dados é mais contínua, então os erros diminuem um pouco”, explicou um dos responsáveis pelo estudo, o professor de Licenciatura em Ciências Exatas no Setor Palotina Rodrigo Schulz, à Agência Escola de Comunicação Pública da UFPR.

A média de erro, calculada a partir de comparações entre os resultados gerados pelo sistema e os números reais da pandemia, é de 1% ao dia.

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