Estudo aponta PR como o estado com piores dados sobre grupos prioritários vacinados

Dado foi divulgado pelo monitor de transparência da vacinação da organização Open Knowledge Brasil

O acesso limitado a vacinas contra a Covid-19 para toda a população brasileira fez com que o país definisse uma ordem para a aplicação das doses, a começar por grupos compostos por pessoas mais suscetíveis a desenvolver casos graves da doença. Cinco meses após o início da imunização do país, no entanto, 20 Estados e o Governo Federal ainda não divulgam ou não atualizam os dados sobre a cobertura vacinal desses grupos prioritários. Quem lidera o ranking com o maior número de registros vacinais sem essa informação é o Paraná.

Os dados, extraídos do monitor de transparência da vacinação da organização Open Knowledge Brasil (OKBR), mostram que o Paraná contabiliza 136.721 registros sem a informação de qual grupo prioritário a pessoa vacinada pertence.

Imagem: Divulgação/OKBR

Ter conhecimento do andamento da cobertura vacinal em relação aos grupos prioritários é importante para monitorar a efetividade da estratégia de imunização adotada pelo país e pelos Estados e municípios. No caso do Paraná, de acordo com o Plano de Imunização Estadual, são 4.931.989 pessoas que compõem os grupos prioritários. A informação sobre a quantidade de pessoas que precisam ser vacinadas, aliada aos dados de doses disponíveis, possibilita avaliar, por exemplo, se será preciso adquirir mais vacinas naquele momento.

No entanto, para analisar o ritmo da imunização nesses grupos e avançar na vacinação geral, é preciso saber quantas pessoas de cada categoria prioritária estão sendo de fato vacinadas, a fim de entender quantas doses ainda são necessárias para atender a demanda dessa parcela da população.

De acordo com a coordenadora de pesquisa da OKBR, Danielle Bello, desde o lançamento da plataforma, em 18 de maio, o Paraná aparece com o maior número de registros de pessoas vacinadas sem a indicação do grupo prioritário. O problema é que o grupo prioritário, segundo Danielle, é uma informação crucial para monitorar como a política de vacinação está sendo implementada em um contexto de escassez de imunizantes. 

“É [um dado] muito importante para ver se essa política pública está sendo eficaz, pensando que existe uma meta e a gente precisa alcançar essa meta. Sabendo de todos os casos de fura-fila, o grupo prioritário é uma informação chave para a gente saber se as pessoas que foram definidas como aquelas que mais precisam receber a vacina estão de fato recebendo”, afirma.

Apesar da vacinação ser um direito de todos, Danielle ressalta que, por conta das doses indisponíveis no momento, é preciso seguir a ordem estabelecida pois “existem grupos que são mais vulneráveis que outros, claramente, e se a gente não tem esse dado, não conseguimos controlar de que forma essa política está sendo implementada”. 

Procurada pelo Plural, a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa) afirmou que utiliza uma fonte de dados diferente da usada pela OKBR e que, por isso, podem haver divergências e falhas. Enquanto a pesquisa da OKBR é baseada em dados brutos disponibilizados no OpenDatasus, o órgão estadual utiliza informações do Painel de Vacinados e Doses Distribuídas para a Campanha Nacional de Vacinação Contra Covid-19, no LocalizaSUS, que, segundo a Sesa, “passam por uma série de verificações antes de serem amplamente divulgados para a mídia em geral”.

Em nota, a Secretaria destacou que a “equipe técnica do setor de Imunização realizou as tabulações necessárias para identificação dos casos possíveis de registros de aplicações sem as devidas vinculações em grupos prioritários, identificando assim que 87,91% destes são provenientes de registros feitos através de sistema diverso ao preconizado para registros oficiais o que pode estar gerando incompatibilidade de tabelas, ou seja, a informação não consistiu de forma correta na base federal”. 

Por fim, o órgão ressaltou que, ao longo da campanha de vacinação, a inclusão de novos grupos prioritários na plataforma oficial exigiu ajustes que “podem ser aplicados a fim de identificar essas possíveis falhas, e com o objetivo de promover uma leitura concisa e correta destes dados”.

Reportagem sob orientação de João Frey

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