Estudantes de Medicina da UFPR seguem sem vacina

Imunização do grupo, que atua em hospitais Covid, estava prevista para a 1ª fase

Na fila da vacina em Curitiba estão 300 alunos de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Eles não têm qualquer previsão de data ou posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a respeito da questão. São estudantes que cursam os últimos anos e fazem internato nos hospitais de referência no atendimento público à Covid-19 na cidade: o Hospital do Trabalhador e o Hospital de Clínicas.

“O curso de Medicina é dividido em seis anos. Os quatro primeiros são teóricos com aulas práticas. Os dois últimos são 100% práticos, a gente faz o internato, ou seja, passamos por todas as áreas médicas pra ter uma experiência do serviço”, explica Vitória Bevervanso, presidenta do Diretório Acadêmico Nilo Cairo. 

“Na prática, a gente faz todos os primeiros atendimentos da emergência e divide espaço com residentes que atendem em alas Covid dos hospitais. Então, por mais que a gente não esteja escalado pras unidades Covid em si, temos contato com os profissionais que estão trabalhando diretamente com a doença. É uma exposição cruzada. Sei que somos jovens, mas colocamos em risco nossas famílias e outros pacientes”, defende.

Segundo a presidenta do Diretório, alunos de universidades particulares como a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Faculdades Pequeno Príncipe já receberam a primeira dose da vacina porque entraram na lista dos hospitais. “A nossa listagem foi enviada no dia 15 de janeiro, e a gente sabia que ia demorar um pouco. Mas chegou num ponto onde não temos mais como justificar essa falta de respeito. Fazemos uma crítica à SMS porque não conseguiram vacinar na ordem que eles mesmos criaram, é uma desorganização total.”

Em busca de respostas, os alunos enviaram um ofício à Secretaria no dia 19 de fevereiro, pedindo um posicionamento do órgão. “Prometeram responder em dois ou três dias e até hoje não recebemos resposta”, conta Bevervanso. “Já começaram a fase dois e ficamos para trás. A gente tem até receio de não ser vacinado, porque não há mais segurança nenhuma.”

O ofício enviado à Prefeitura de Curitiba. Foto: Plural,jor

Situação da vacinação

Questionamos a Secretaria a respeito do ofício enviado pelos acadêmicos e a resposta foi: “A SMS confirma o recebimento da correspondência do Diretório Acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e enviará resposta ao solicitante ainda esta semana. Quanto ao pleito a Secretaria reforça que segue os critérios dos planos municipal, estadual e nacional para a imunização contra a Covid-19.”

O primeiro plano de vacinação divulgado pela SMS, no dia 14 de janeiro, previa que os estudantes seriam vacinados no fim da fase 1, antes dos idosos. No dia 15 de fevereiro, a prefeitura atualizou o plano para, de acordo com a assessoria, adaptar-se ao planejamento estadual. O novo documento não faz a divisão por fases, mas os estudantes ainda vêm antes dos idosos, que já estão sendo vacinados na cidade. Perguntamos por que isso está acontecendo, mas não houve resposta.

“Estamos vacinando com a primeira dose: idosos 79+. Estamos vacinando com a segunda dose: profissionais de saúde da linha de frente e que trabalham em estabelecimentos de saúde; idosos 85+. Já vacinamos com primeira e segunda dose: moradores, funcionários e cuidadores de instituições de longa permanência e indígenas”, atualiza a SMS.

Até a última quarta (3), Curitiba tinha imunizado 75.647 pessoas com a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus. “Foram vacinados 4.843 moradores, funcionários e cuidadores de instituições de longa permanência; 73 indígenas; 26.794 idosos; e 43.937 profissionais dos serviços de saúde da cidade, incluindo as equipes de vacinação.”

“28.107 pessoas receberam a segunda dose até quarta, entre funcionários e cuidadores de instituições de longa permanência em instituições de longa permanência, profissionais de saúde e indígenas”, completa a assessoria.

Sobre os profissionais de saúde que ainda não foram imunizados, a SMS diz que o município está priorizando profissionais da linha de frente da Covid-19 e que trabalham em estabelecimentos de saúde. “Estes profissionais estão praticamente todos imunizados. Eventualmente, pode haver casos isolados dentro desse subgrupo, como, por exemplo, de profissional que estava de férias, ou que foi contratado após a data da vacinação dos seus colegas, ou mesmo apresentava sintomas no momento da vacinação (o que impede que a vacina seja realizada, sendo necessário a sua postergação). Para estes casos, o agendamento da vacina é enviado pelo aplicativo Saúde Já assim que possível.”

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