Escola em São José alaga antes mesmo de inaugurar

Alunos estão há mais de um ano em salas improvisadas. MRV nega problemas

As obras de ampliação da Escola Municipal Ana Maria Moro Dissenha, em São José dos Pinhais (SJP), começaram em fevereiro de 2018. Desde então, metade dos 180 alunos, entre 6 e 11 anos, foi relocada para o Centro Catequético do bairro e a outra metade ocupa duas salas da escola que não foram demolidas. Enquanto aqueles se amontoam em salas pequenas e inapropriadas, estes enfrentam o barulho e as obras, que já apresentam problemas de infraestrutura. Logo na entrada, os alagamentos ocorrem toda vez que chove um pouco mais forte. Nas novas salas, as paredes se despedaçam e o chão também é invadido pela água.

“Quando chove, precisa mandar de bota de borracha porque sem condições de ir de tênis. O lanche é dentro da sala”, conta a mãe Juliana Geremias. “Não dá pra brincar de nada de correr. O espaço lá fora é muito pequeno e quando vamos brincar ficamos ralando nos muros que são espetados e a gente se machuca. Na hora do lanche, ficamos nas nossas carteiras mesmo”, conta a filha de Juliana, Kyara Geremias de Lima, de 10 anos, que tem aula nas salas anexas à construção.

Logo no portão de entrada, alagamentos constantes

O Termo de Compromisso firmado entre a Prefeitura de SJP e a Construtora MRV é datado de janeiro de 2017, como contrapartida pelo impacto causado pela construção (pela MRV) de um conjunto habitacional com 320 apartamentos, na rua João Manoel da Silva, no bairro Ouro Fino. O acordo inclui reforma e ampliação da escola, porém, em novembro de 2018, um Termo Aditivo modificou as obras.

No novo acordo, ficou decidido que a MRV iria finalizar a execução do piso térreo, do piso superior com estrutura perimetral – com aberturas e sem acabamento, e o pátio coberto. O prazo para isso seria de 12 meses. Segundo a construtora, a obra ainda está em andamento e o acordo – “que prevê a entrega do primeiro andar do novo prédio pronto para as aulas e a entrega do segundo andar em estágio bruto” – está sendo cumprido. “A MRV está em tratativa com a Prefeitura na tentativa de viabilizar uma segunda etapa para o projeto: finalizar a fase de acabamento do segundo andar”, informou em nota a construtora.

No novo prédio já há infiltrações, paredes descascando e água entrando em dias chuvosos, desde o pátio até as salas.

Corredores do novo prédio acumulam poças de água

“Com relação aos inconvenientes relatados referentes ao prédio novo, os mesmos serão solucionados ao final da obra. Quanto aos alagamentos no pátio, o problema é estrutural do antigo prédio e, conforme acordo fechado com a Prefeitura, é de responsabilidade da própria Prefeitura”, diz a nota.

Segundo o acordo, “todas as obras e implantações necessárias à execução da contrapartida deverão ter seus projetos analisados e aprovados na Secretaria Municipal de Urbanismo e serão fiscalizados pela Secretaria de Viação e Obras Públicas”.

Nas paredes, já há infiltrações

A Prefeitura de SJP foi procurada pelo Plural mas não respondeu aos questionamentos da reportagem referentes aos problemas da escola.

“Ficam jogando um pro outro e ninguém resolve nada. E quem paga? As crianças”, conclui Juliana.

Construção também prejudica salas não demolidas, como a sala dos professores

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