Escola de Pinhais divide terreno com suspeitos de Covid-19

Unidade de Saúde Vargem Grande e Escola Guilherme Ceolin estão funcionando juntas. Oito profissionais da escola estariam infectados; Prefeitura confirma um

No início da pandemia, a Unidade de Saúde da Família (USF) Vargem Grande, de Pinhais, fechou para reforma e algumas de suas atividades foram transferidas para o terreno da Escola Municipal Guilherme Ceolin. Entre elas, o atendimento a pacientes suspeitos de Covid-19, expondo a comunidade escolar a risco de contaminação. 

Uma das fontes ouvidas pelo Plural diz que a diretora e a vice-diretora da escola testaram positivo para coronavírus. A diretoria teria comunicado, ainda, que oito profissionais estão contaminados e alguns aguardam confirmação. “Na semana retrasada, os materiais entregues aos alunos foram manuseados por funcionários sintomáticos.”

“A imposição de que as atividades escolares sigam mediante entrega e retirada de materiais, sem que estes sejam submetidos a uma quarentena, e o fato de estarmos todos juntos em uma mesma estrutura física, transforma a escola em uma bomba-relógio de infecção e propagação do coronavírus”, afirma o funcionário.

A USF Vargem Grande funcionava, anteriormente, na rua Guilherme Ceolin. Em março, a estrutura entrou em reforma e algumas atividades passaram a ser realizadas na escola mais próxima. “Porém, nessa época os alunos estavam de férias e a escola estava desativada”, diz a fonte ouvida pelo Plural.

No final de maio, os professores foram convocados para fazer a reposição de horas. Desde então, precisam entregar blocos de atividades às famílias. Funciona assim: os alunos fazem as tarefas, devolvem para os professores e pegam novas. A equipe da escola se reveza para fazer as entregas em dias específicos e alguns professores ficam no prédio fazendo correções.

“O vírus é inteligente, né? Não passa pelo cercadinho”

O terreno tem dois pavilhões. No principal, todas as salas foram adaptadas para uso da Unidade de Saúde. “Um saguão é utilizado para aplicar vacinas de H1N1. Também existe uma tenda para atender pessoas com sintomas de Covid-19.” 

A escola ficou com o pavilhão dos fundos. “O portão de acesso é único. A pessoa entra para fazer o teste de Covid pelo mesmo lugar onde entram os pais que buscam os materiais dos filhos. A equipe médica compartilha banheiro e refeitório com os funcionários da escola.”

Há algumas semanas, a vice-diretora teria começado a apresentar sintomas, como ausência de paladar e olfato, mas se manteve no posto, encontrando pais, alunos e colegas dentro da comunidade escolar. “Após denúncia na Vigilância Sanitária, ela foi afastada. E depois dela, a diretora também. Ambas estão com exames positivos.” 

“As atividades deveriam passar por uma quarentena. Em outros municípios, os papéis ficam parados 15 dias. Mas isso não é respeitado aqui, acontece de um dia para o outro”, conta. “Não penso somente em mim, mas em 800 alunos, 800 famílias que nem se quer sabem que receberam materiais que podiam estar cheios de vírus.”

Quando o Governo do Estado adotou medidas mais rígidas de quarentena, no dia 1º de julho, a escola interrompeu as atividades, mas o decreto vale até o dia 14. “Nesse meio tempo, a Secretaria de Educação fez algumas modificações no ambiente escolar, colocando barreiras entre os blocos. Parece ironia. O vírus é inteligente, né? Não passa pelo cercadinho.”

Além do cercadinho, foi instalada uma divisória de aço. Foto: Plural.jor

Prefeitura responde

Pinhais tem 22 Escolas Municipais e mais 22 Centros Municipais de Educação Infantil. Ao todo, são 12.491 alunos na Rede Municipal e 1.474 professores. Destes, 274 estão afastados. Segundo a Prefeitura, cinco deles tiveram exames positivos para Covid. Já na Saúde, são dez infectados.

A Secretaria de Educação confirma apenas uma contaminação entre os funcionários da Escola Municipal Guilherme Ceolin. O afastamento da diretora também foi confirmado.

Depois do fim do decreto, o órgão diz que escola e Unidade de Saúde voltam a funcionar no mesmo lugar. “Assim, aproveita-se o espaço da escola, que está sem aulas, e mantém-se o atendimento dos usuários da unidade, sem sobrecarregar os serviços de outro equipamento.”

Sobre as modificações feitas no terreno, a Secretaria afirma: “Os espaços em que atuam profissionais da Saúde e da Educação já estavam individualizados com fitas. Porém, nesta semana foram colocados cercas e tapumes para separação. Ainda, os portões de acesso são separados também.”

As atividades escolares foram retomadas no dia 1º de junho, com encaminhamentos de blocos de atividades não presenciais. “Cada unidade organiza o seu cronograma específico. Foram realizadas duas entregas quinzenais, a próxima já foi reorganizada para ser mensal. Tendo em vista o aumento do número de casos de Covid, o bloco 3, que seria entregue na semana de 6 a 10 de julho, foi prorrogado para o dia 20 de julho.”

A Secretaria de Educação diz que enviou o Ofício Circular para todas as unidades de ensino, com recomendações de medidas sanitárias baseadas nas orientações da Secretaria de Saúde. 

“Elas devem ser seguidas para manter a segurança e saúde de profissionais e familiares.  Entre as recomendações estão intensificar a limpeza das áreas internas e externas; manter os espaços arejados e ventilados; disponibilizar álcool 70%; utilização de máscara e distanciamento de pelo menos 2 metros entre as pessoas, incluindo funcionários e o público em geral.”

Perguntamos se os blocos de atividades têm passado por quarentena, já que as primeiras entregas foram quinzenais. “São adotados todos os procedimentos em respeito às medidas sanitárias, para garantir a segurança de todos que têm contato com os materiais”, foi a resposta.

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