Enquanto Greca e Apras brigam, caos volta a rondar UPAs

UPAs estão com mais pacientes do que leitos disponíveis. Situação se repete em toda rede de saúde da cidade, inclusive particular

A Justiça paranaense ainda discutia se os supermercados podiam abrir em Curitiba neste sábado e domingo, 22 e 23 de maio, quando as UPAs Boa Vista, Cajuru e Sítio Cercado voltavam a improvisar leitos. As três chegaram já na sexta-feira, dia 21, com mais pacientes do que os 130 leitos de enfermaria Covid-19 habilitados nelas. Há uma semana a rotina de ter mais pacientes que estrutura para atendê-los voltou a toda rede SUS da capital.

A gravidade da situação é ilustrada pelo avanço acentuado da fila de pacientes que aguardam leitos Covid-19 na cidade. Num único dia ela aumentou em 15%, com 42 pacientes extras se somando aos demais. Em março, a ausência de leitos resultou na morte de quase 400 pacientes em Curitiba.

Profissionais de saúde que não tiveram descanso nos últimos dois meses devem enfrentar nos próximos dias o resultado do aumento de casos da doença na cidade com um sistema já em pleno colapso. Curitiba já tem déficit de 260 leitos Covid e ocupação real de 121% de seis leitos destinados ao enfrentamento da pandemia. Em outras palavras, não há mais leitos.

Na rede privada, os hospitais credenciados da Unimed Curitiba, maior plano de saúde da capital, estão com ocupação dos leitos de UTI de 91% e dos quartos de 83%.

As atenções, porém, ficaram na briga entre Greca e a Apras para abrir mercados na cidade. O prefeito e sua equipe de saúde decidiram que a melhor forma de conter o que os especialistas estão chamando de “tsunami” era instituir o chamado “lockdown de fim de semana”, fechando o comércio aos sábados e domingos. Houve, no entanto, poucas mudanças nas restrições de segunda a sexta, como a ampliação em uma hora ao toque de recolher (era das 22h às 5h e mudou para as 21h às 5h).

Na tarde de sexta a Justiça concedeu liminar a Apras para manter os mercados abertos, mas já era tarde. Muitos supermercados na cidade encheram de gente que achou que não conseguiria fazer compras nos dois dias seguintes. Já na manhã de sábado a prefeitura anunciou ter conseguido reverter a liminar, mantendo as lojas fechadas.

A decisão judicial, no entanto, não impediu ninguém de fazer compras, nem os mercados encontrar outras maneiras de atrair clientes. Teve até empresa que aproveitou o envio massivo de mensagens para sugerir que os curitibanos fossem aos municípios vizinhos comprar. A professora Soraya Sugayama ficou irritada quando recebeu, por celular, uma mensagem da rede Condor a orientando a comprar nas lojas da Região Metropolitana.

Mensagens enviadas por SMS “sugerem” como o consumidor pode fugir do “lockdown” de Greca.

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