Empresas curitibanas reinventam talentos na pandemia

Com os mesmos profissionais, foram criados novos negócios, maioria pela internet

Elas tinham uma empresa de eventos mas precisaram rever o foco do negócio com a pandemia.  “Quando saiu a notícia, no dia 14 de março, todos os nossos eventos pareceram um efeito dominó”, conta a empresária Gislaine Queiroz. Motociclista, decidiu fazer entregas e acabou descobrindo uma nova possibilidade. Transformou sua empresa com a mão de obra que já possuía. “Só tínhamos que adaptar o treinamento de recepcionistas para entregadoras.” E assim, a Única foi dos eventos às entregas.

“Desde o começo, a ideia foi de ter entregadoras mulheres” explica Gislaine, que nota a surpresa dos clientes. “As pessoas falam: ‘Nossa que legal, você é mulher!’. Então é diferente do que temos no mercado atualmente”, percebe. A empresa vai tão bem que está até contratando. Mulheres com moto ou carro que tiverem interesse podem entrar em contato.

Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV), em agosto de 2020, 79% das micro e pequenas empresas dos entrevistados paranaenses já haviam voltado a funcionar. Delas, 61% estão operando com alguma mudança, por conta da crise.

Foi o que trouxe a reinvenção de talentos na Trupe de Teatro Ave Lola, de Curitiba. Eles foram das Artes Cênicas ao Podcast. “Estamos impedidos de nos encontrar, então criamos um podcast. Não era uma coisa nova na nossa cabeça, sempre quisemos um programa de rádio. Como nossa vida é muito corrida, estamos sempre em turnê, a ideia foi se postergando. Porém, na pandemia, foi uma ótima oportunidade pois estávamos impedidos de viajar e realizar espetáculos”, revela a diretora do grupo, Ana Rosa Tezza.

Do projeto saíram dois programas: um de entrevistas – Conversas na Cochia – e outro – Boca de Cena – com leitura de peças pelos atores. “O programa de estreia foi uma homenagem à Tchekhov, que deu origem a um de nossos espetáculos. Nos próximos serão lidos outros contos dele”, adianta a atriz, lembrando que um concurso para dramaturgia de rádio em breve será lançado. Você pode encontrar o podcast Ave Lola em qualquer plataforma de streaming.

Trupe Ave Lola em novo formato. Foto: Divulgação

Na Rede

A Junta Comercial do Paraná registrou a falência de 13 empresas desde o início do ano em Curitiba. Outras 16 estão em estado de recuperação judicial. Para tentar se reerguer, muitas encontraram ajuda na internet. Ao todo, 65% das empresas entrevistadas pelo Sebrae estão vendendo pelas redes sociais e 13% passaram a fazer isso durante a crise. A alternativa de venda ou transição para a internet é a mais usada pelos Micro Empreendedores Individuais (MEIs).

Para quem precisa de orientações, o Sebrae criou um site. “Lá, a gente colocou conteúdos tanto para quem já é MEI, com dicas de inovação, gestão, tendências, quanto para quem pretende ser”, destaca Rodrigo Feyerabend, consultor do Sebrae-PR, ressaltando que as redes sociais podem ser a solução para muito negócios.

“Devido ao isolamento, muitos MEIs tiveram que paralisar suas atividades, de forma parcial ou até mesmo totalmente. Trabalhamos para que comecem a entrar no mundo digital, para que de fato eles usem essas plataformas de comercialização e assim não fiquem com seu estabelecimento 100% parado”, sugere o consultor.

O Sebrae promove ainda o Conecta 2020, evento gratuito, voltado para inovação, entre os dias 8 e 10 de outubro. Os painéis trazem formas de reinvenção e superação para crise.

Economia

Com a liberação das atividades não essenciais e a reabertura de espaços e até cinemas e parques infantis, a tendência é que a economia se recupere em breve, avalia o doutor em Desenvolvimento Econômico, professor de Economia da Universidade Positivo (UP), Lucas Dezordi. “Era consenso de que o PIB do Brasil iria cair próximo de 7% esse ano. Mas tudo indica que vai cair próximo de 5%, ou até um pouco menos. Só vamos saber ano que vem, mas as estimativas são consistentes. Provavelmente a recuperação será mais rápida do que o esperado.”

Colaborou: Matheus Koga

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