Empresa “de fachada” na mira da CPI da Covid diz ter governo do Paraná como cliente

Pedido de informações protocolado pelo deputado Requião Filho (MDB) quer saber qual a relação do governo com a empresa

Matéria atualizada às 11h23 de 27/08

Na mira da CPI da Covid sob suspeita de ligação com o esquema irregular de negociação de doses da vacina indiana Covaxin, a FIB Bank diz ter como um de seus clientes a Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná (Sefa). Um pedido de informações direcionado à pasta nesta quinta-feira (26) pelo deputado estadual Requião Filho (MDB) quer saber qual a relação do Executivo paranaense com a empresa, cujo verdadeiro dono seria, segundo informações levantadas pelos membros da comissão, o advogado Marcos Tolentino. Tolentino, por sua vez, teria ligação com o deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados e também investigado no caso Covaxin.

O governo do Paraná, por meio de nota enviada ao Plural nesta sexta-feira (27), nega qualquer relação com a FIB nesta gestão (veja a íntegra da nota abaixo). O atual governador, Ratinho Jr. (PSD), assumiu justamente depois de um período de nove meses em que a esposa de Ricardo Barros, Cida Borghetti (PP), foi governadora do Paraná.

“Queremos saber que negócios essa empresa tem ou teve com o Paraná. Enquanto deputado estadual, é nosso dever fiscalizar as contas públicas e saber que tipo de carta fiança foi disponibilizado ao Estado, com que finalidade e sob qual perspectiva de garantias”, indagou Requião Filho.

A FIB Bank, que não é oficialmente nem banco nem instituição financeira, foi apresentada como como garantidora de um crédito de R$ 80,7 milhões da Precisa Medicamentos na intermediação entre o Ministério da Saúde e a Bharat Biotech, fabricante da vacina indiana. A compra acabou sendo cancelada mesmo antes antes de ser paga, após o acúmulo de denúncias.

Nesta quarta (25), o diretor-presidente da empresa, Roberto Pereira Ramos Júnior, foi ouvido pela CPI. Aos parlamentares, ele chegou a classificar a FIB Bank como de pequeno porte, embora tenha confirmado que o capital da empresa gire em torno de R$ 7,5 bilhões. A soma seria, segundo ele, resultado da integralização de um imóvel em São Paulo e outro do Paraná.

Para a CPI, no entanto, a FIB Bank se trata de uma empresa de fachada – o que levou aos questionamentos direcionados à Sefa nesta quinta-feira pelo deputado do Paraná. No documento, Requião Filho pede cópia de contratos e planilhas com os detalhes de bens do governo estabelecido como garantia em possíveis negociações entre o governo do Paraná e a FIB. O prazo máximo para que as respostas sejam dadas é de 30 dias.

Os senadores da comissão acusam a empresa de ser de fachada devido a uma série de acusações de pessoas cujos nomes constam no registro da empresa mas que negam qualquer relação. Supostos sócios da FIB Bank já acionaram a Justiça. Em áudio exibido na CPI, um dos registrados, de Alagoas, contou que não conseguiu acesso ao seguro-desemprego porque teve sua assinatura falsificada e usada para firmá-lo como um dos sócios da empresa.

A Sefa foi procurada para comentar a relação, mas não havia retornado até a publicação desta reportagem.

Em seu site, FIB Bank aponta relação com a SEFA

Mais ligações com o Paraná

Ramos Junior não confirmou que Marcos Tolentino da Silva tenha relação direta com a empresa, limitando-se a responder que o advogado representa a empresa Pico do Juazeiro, que seria uma das sócias da FIB Bank. Mas parlamentares da CPI sustentam que Tolentino seria uma espécie de sócio oculto e teria relações com o deputado paranaense Ricardo Barros, algo também negado pelo diretor.

O nome de Barros tem sido relacionado em supostos esquemas irregulares de compras de vacina contra a Covid-19, o que o deputado nega veementemente.

Por causa dos indícios, ele foi ouvido pelos deputados no dia 12 de agosto – mas a tentativa não deu certo, e, de convidado, terá de voltar a prestar informações como convocado. Em entrevista após o encerramento da sessão, o paranaense afastou as acusações sobre o envolvimento do seu nome em suspeitas do caso Covaxin, que disse ser um grande equívoco.

Nota oficial

Leia a nota oficial enviada ao Plural pela Secretaria da Fazenda do Estado do Paraná:

“De acordo com informações da assessoria de comunicação da Secretaria da Fazenda do Paraná, a FIB BANK nunca teve nenhum contrato com o Governo do Estado, nem registro no Cadastro de Fornecedores e Prestadores do Estado.

Os levantamentos para checagem de contratos foram feitos pelo Núcleo de Licitações, Contratos e Convênios (NLCC) que é responsável pela condução dos procedimentos de compras e contratações públicas, por meio de procedimentos licitatórios e contratação direta; pela gestão dos contratos, inclusive do suporte à execução orçamentário-financeira; e pelos convênios no âmbito da Sefa e da Receita Estadual.”

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima