Em Londrina, ações da polícia resultaram em 35 mortes neste ano

Levantamento é do Movimento Nacional de Direitos Humanos no Paraná. Mães e viúvas pedem respostas e punição aos culpados

Por justiça, dez mulheres de Londrina estiveram nesta terça-feira (10) em Curitiba para pedir agilidade nas investigações que envolvem a morte de seus filhos e maridos. De acordo o Movimento Nacional de Direitos Humanos no Paraná – Londrina, neste ano, só no município na Região Norte do estado, 35 pessoas já morreram durante ações da Polícia Militar. Muitos casos ainda estão sem respostas.

“Meu marido era um trabalhador. Ouvi do delegado que ele tava na hora errada, no lugar errado. Mas isso não é motivo pra matar alguém. Eu quero só que se faça justiça”, disse Meire de Moura, durante audiência com o Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Paraná (Coped), na Secretaria de Estado da Justiça, em Curitiba.

Ela e outras nove mulheres pediram a conclusão das investigações das mortes, pois em nenhum dos dez casos houve julgamento. Uma das maiores dificuldades é encontrar alguém disposto a depor. Em muitas situações, dizem elas, a polícia amedronta as possíveis testemunhas, com rondas diárias próximo aos locais dos crimes.

Em nove dos dez casos narrados ao Coped, os mortos já tinham passagens pelo sistema prisional ou socioeducativo. “Se alguém faz algo errado, existem leis pra isso e quem errou tem que ir pra cadeia e não pro cemitério. É o que diz a lei”, lembrou Tiara Ferraz.

“O sonho da minha filha, que via nele um pai, era ser policial. Hoje, ela tem medo da PM”, revelou Jessica Carvalho, com a carteira de trabalho do namorado morto nas mãos. “Não foi dado baixa nela até hoje”, lamentou.

Namorado de Jéssica tinha 29 anos e morreu em junho. Carteira de trabalho assinada ainda não foi regularizada. Foto: Waleiska Fernandes

Gaeco

Após os depoimentos, todas se reuniram com o promotor Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR). “Explicamos como funciona o sistema e as dificuldades correspondentes. Irão nos encaminhar os casos pendentes para termos uma resposta de como estão as diligências investigativas”, explicou Batisti. Segundo ele, é preciso lembrar que em muitas situações de morte ocorre o enfrentamento e o confronto com a PM.

Outra ação do Gaeco, ressaltou o promotor, será solicitar à PM para que, em julgamentos, os policiais não vistam fardas, “pois de alguma forma aterroriza e influencia os jurados, que não devem sofrer influência de nenhum lado. Vamos tentar uma providência, como uma recomendação aos juízes e aos policiais”.

O Plural não conseguiu contato com a PM nem com a Secretaria de Segurança Pública até o fechamento desta reportagem.

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