Quem passa pela Rua XV neste período eleitoral e aceita receber material de campanha termina com dezenas de panfletos, adesivos, folders e todo tipo de material gráfico distribuído pelos cabos eleitorais.
Além do tempo de TV, rádio e da exposição na internet, os famosos “santinhos” ainda são uma estratégia importante para quem pleiteia uma vaga eletiva neste ano. E para esse corpo-a-corpo é necessário ter disposição e poder de convencimento.
Geralmente as pessoas que atuam como cabos eleitorais recebem um salário-mínimo por mês, mas isso pode variar em diárias que vão de R$ 50 a R$ 250, a depender do candidato e do que exatamente o trabalhador faz na campanha. Também é garantido por lei o vale alimentação, a depender da quantidade de horas trabalhadas por dia.
Muita gente que está fora do mercado de trabalho formal aproveita o período das eleições para ganhar dinheiro enquanto busca outras oportunidades, como Giovani Reis, que é de Minas Gerais e chegou recentemente ao Paraná.
“Eu conheci algumas pessoas da campanha e como já fiz panfletagem em Minas, perguntei se não precisavam aqui. Eu gostei bastante porque ele [o candidato] é bem humano. Vocês ficaram sabendo que a Seleção Brasileira estava aqui perto? Eu pedi se podia ir lá ver e ele liberou. Até tirei foto com o Vini Jr.”, contou.
A drag queen Martha Barelli também enfrenta o sol (ou a chuva, a depender da semana em Curitiba), mas no caso dela, a ideia é apoiar a causa. “Eu já conhecia o candidato, é defensor dos Direitos Humanos, da diversidade, então dei um tempo na minha agenda para ajudar nessa reta final”.
A miscelânea de ideologias povoa o calçadão. A poucos metros da drag queen (que não está montada devido ao calor) dois voluntários encampam uma campanha de candidata do União Brasil. Edvilson Marques, se identificou com o campo político dela. “Me convidaram para conhecer a candidata, eu já conheço o marido dela, e aí vim. Essa é a primeira campanha que eu trabalho e as propostas de segurança me causaram identificação”, disse.
Jane Grein, por sua vez, ajuda o colega de trabalho a entregar os santinhos e diz que já era eleitora da candidata antes de vir para a campanha. “É uma pessoa íntegra, defende a família e com certeza eu já votaria nela de qualquer jeito”.
Além do voluntariado e da contratação direta de trabalhadores para a campanha, também é possível contratar empresas de marketing que organizam a logística dos trabalhadores. Alguns partidos e candidatos optam por esta modalidade para agilizar o processo. Esse foi o caso de Manu Correia, que tem uma equipe que atende a uma candidatura.
De R$ 46 mil a R$ 8 milhões. Veja quanto tem cada campanha para a prefeitura de Curitiba
“O que aconteceu foi que eu estava com essa empresa, mas a pessoa que me contratou não repassava o valor todo da diária para nós, aí agora estou trabalhando diretamente para a candidata, que é bem melhor. Antes a gente tinha que pagar do bolso almoço, água e passagem, agora não, recebo tudo certinho”.
O primeiro voto
Os estudantes Gabriel Willian e Lucas Berlini, devidamente ornamentados com adesivo do candidato que representam, entregam material de campanha e tentam convencer indecisos.
Gabriel votará pela primeira vez na vida neste ano, e embora seja remunerado para a função, já conhecia o candidato de longa data, porque as famílias são amigas. “O meu pai também é advogado, então a gente já conhecia. Sobre a campanha, estou achando legal estar aqui, falar com as pessoas que passam na rua. É uma boa experiência”, argumentou
Lucas conheceu o candidato por meio de amigos que cursam Direito e para convencer eleitores a votarem se preparou estudando as propostas. “A gente leu direitinho tudo o que ele propõe e também o que já fez. Aí quando a pessoa topa conversar vamos falando”.
A proximidade com o candidato também fez Cleyson Rosseto e Estefani Alves passarem boas horas não somente na Rua XV, mas em bares e nas proximidades de universidades para entregar panfletos com propaganda do candidato.
“Nossa campanha tem contratados e tem voluntários. Então a gente vai se dividindo. Não fica todo mundo no mesmo lugar sempre. Depende do dia”, explica Estefani.
Confira lista de candidatos pretos e pardos à Câmara de Curitiba
Além disso, trabalhadores de todos os campos ideológicos, precisam lidar com eleitores que desaprovam seus candidatos. “Alguns falam que não vão votar na esquerda, e aí tudo bem, a gente só não entrega. Outros são mais hostis, aí a gente tem que sair”.
Eleições
O primeiro turno das eleições acontece no dia 6 de outubro, daqui a dez dias. Para os candidatos ao cargo de vereador não há segundo turno, portanto a reta final se aproxima e tanto online quanto no corpo-a-corpo a atuação dos cabos eleitorais deve ser intensificada.
No dia da eleição é proibida a distribuição de materiais de campanha – a chamada boca de urna – mas o eleitor pode manifestar seu apoio com adesivos e bandeiras, desde que faça isso de maneira isolada e silenciosa.