Deputado defende obras no Litoral e chama restinga de mato

Falas foi em contexto de crítica aos mandados de busca e apreensão cumpridos pelo MPPR no âmbito de investigações que têm na mira o projeto de recuperação da orla de Matinhos

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) se referiu à vegetação de restinga do Litoral do Paraná como mato e disse que a operação do Ministério Público (MPPR) contra três servidores do Instituto Água e Terra (IAT), na última quarta-feira (15), foi um “espetáculo” e, na opinião dele, uma “extrapolação” de competência.

As falas foram em um contexto de crítica aos mandados de busca e apreensão cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MPPR, no âmbito de investigações que têm na mira o projeto de recuperação da orla de Matinhos. Segundo divulgou o G1 Paraná, há suspeitas de irregularidades na aprovação de licenças ambientais essenciais para a aprovação das obras.

“Eu estou há mais de 30 anos no Litoral, tenho uma casa na praia próximo dessa região toda [englobada pelo projeto]. Nós temos recebido zero de infraestrutura na região. O fato é o seguinte: nós não conseguiremos ter a obra de melhoria do Litoral paranaense e continuaremos, como disse o governador, sendo o Haiti”, disse o deputado.

Em junho, ao lançar o edital de licitação da primeira fase das obras de recuperação da orla de Matinhos, o governador Ratinho Jr. (PSD) declarou que “não aguentava mais ver Santa Catarina virar Miami e o Paraná o Haiti”, em uma expressão bastante criticada posteriormente.

Durante sessão nesta segunda-feira (20), Romanelli voltou a usar a comparação para criticar a operação do Gaeco e, indiretamente, estudos que alertam para o impacto que as obras podem causar na vegetação nativa da região. Em julho, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) questionou a falta de estudos de impacto ambiental para as obras propostas.

“A comparação é porque nós não podemos ter, de fato, a Dubai ali do nosso lado, Balneário Camboriú, onde pode tudo, onde não tem um centímetro se quer de restinga, um centímetro de restinga. Aqui, aliás, se não puser ali nesse estudo uma metragem para restinga, pro mato que plantaram aí na Praia Brava de Caiobá, vai até a África se deixar a forma como alguns veem isso”.

Parte do bioma da Mata Atlântica, a restinga tem um caráter bastante dinâmico – podendo, em alguns casos, evoluir até mesmo para florestas –, e é essencial para a preservação de ocorrências de uma diversidade única de flora. Também são vegetações com importantes funções ecológicas, como, por exemplo, servir de barreira para os processos de erosão provocados pelas ressacas. Com o avanço da especulação imobiliária, no Paraná são poucos os lugares em que a restinga pode ser observada em todas as suas fisionomias originais. No ano passado, antes da pandemia, um decreto do governo do Paraná autorizou a poda de restingas pelas prefeituras do Litoral sem autorização, contrariando lei ambiental. Sob pressão, Ratinho Jr. voltou atrás no mês seguinte.

O deputado Goura (PDT), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alep, disse em resposta aos parlamentares que pediram mais discussão sobre o tema, que a Assembleia deverá propor a realização de uma audiência pública para debater mais extensamente o projeto. A ideia é que do encontro participem também o MPPR e pesquisadores da UFPR.

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2 comentários em “Deputado defende obras no Litoral e chama restinga de mato”

  1. Cristiana Romanó Malschitzky

    Tragédia !!
    A falta de conhecimento, a violência da ignorância . Destruindo nossa preciosa existência !! Quanta irresponsabilidade !

  2. O dep. Romanelli sempre critica o inominável do Planalto pela sua ignorância. Basta ver o caso da vacina. E veja que quando a coisa vem pro “quintal dele”, a Excelência entra em contradição, ignorando as recomendações dos especialistas e se aliando aos analfabetos funcionais do Centro Cívico. Triste essa nossa política, pois por conveniência e oportunismo o sujeito tem que se comportar igual “biruta de aeroporto”.

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