Defesa de paranaense acusado de tráfico na Tailândia diz que ele foi recrutado como “mula”

Dinheiro e viagens para fora do país atraem pessoas para o tráfico internacional

O paranaense Jordi Vilsinski Beffa, de 24 anos, preso na Tailândia no dia 14 de fevereiro acusado de tráfico internacional de drogas, pode ser condenado a morte. O jovem é morador de Apucarana, na região norte do Paraná.

Beffa terá de encontrar um advogado na Tailândia, porque a legislação do país não permite que um brasileiro assuma a defesa. Mesmo assim, a família contratou Petrônio Cardoso, que tem escritório na cidade.

De acordo com ele, o cliente não tinha antecedentes criminais e até um mês atrás trabalhava com carteira assinada em um fábrica da cidade. Quando saiu de casa, o rapaz disse que iria para Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

“A família só ficou sabendo que ele estava fora [do país] quando foi avisada por dois amigos que ele havia sido preso”, contou Cardoso.

Por medidas de segurança sanitária ele está em uma delegacia de Bangkok e deve ser transferido no próximo dia 7 para uma penitenciária. Na Tailândia, enquanto ainda estava sob custódia, falou com os pais por meio do WhatsApp e pediu perdão.

Jordi com os pais Odete e Arlindo Beffa, em Apucarana | Foto; Arquivo da família.

Para a defesa, o acusado pode ter sido recrutado por meio de redes sociais para atuar como “mula”. “Se você for ver o caso da Mary Hellen, é semelhante. Uma pessoa que nunca teve nenhum tipo de envolvimento com o tráfico, que tinha emprego e que de uma hora para outra pede demissão e decide fazer uma viagem”, justifica o advogado.

Nátale Pereira de Carvalho, orientada pelo professor João de Deus Alves de Lima, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos, fez um levantamento no qual aponta que as “mulas” ganham entre 2 e 4 mil dólares para transportar drogas entre países.

Neste sentido os advogados devem usar a origem simples e a possibilidade de retorno financeiro para atenuar as penalidades do cliente. “Ele é um rapaz que não ostentava, não tem carro, não tem celular de grande valor. Ele também é vítima do tráfico”, defende.

A defesa de Mary Hellen também vai seguir a mesma linha, segundo declarou o advogado Telêmaco Marrace ao G1.

Entenda

No último dia 14 o jovem foi preso com outras duas pessoas, Mary Hellen Coelho Silva, moradora de Minas Gerais e um homem de 27 anos, que não teve nome e origem divulgados.

Eles embarcaram no aeroporto internacional Afonso Pena, na região de Curitiba, e fizeram uma escala em São Paulo antes de chegarem à Tailândia, onde foram flagrados com 9 quilos de cocaína. A carga está avaliada em R$ 276 milhões.

A quantidade de cocaína pode ser o fator determinante para pena de morte, que está prevista em casos de tráfico de drogas na Tailândia.

Ao Plural o Itamaraty, por meio da Embaixada em Bangkok, afirmou que “acompanha a situação e presta toda a assistência cabível aos nacionais, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local”.

O Ministério das Relações Exteriores informou que não pode falar especificamente do caso do paranaense porque precisa da autorização dele.

Leis rigorosas

Embora sejam cidadãos brasileiros, o trio cometeu o crime em outro país e por isso está sujeito às leis e regras da Tailândia. “Quando um estrangeiro chega aos aeroportos brasileiros com drogas, essa pessoa é presa, acusada e passa por todo o processo criminal com o auxílio de advogados que, na maior parte dos casos, são fornecidos pelo Estado brasileiro. O mesmo se aplica aos brasileiros que cometem crimes e delitos no exterior: estão sujeitos às penalidades ali previstas”, salienta o advogado e professor de geopolítica da Universidade Positivo (UP) João Alfredo Lopes Nyegray.

Apesar da gravidade da situação, a intervenção do Itamaraty pode não evitar a execução da penal capital caso os brasileiros sejam condenados. “O Itamaraty certamente buscará as autoridades tailandesas e tentará a repatriação dos acusados, mas não acredito que uma intervenção diplomática possa impedir o cumprimento de uma eventual sentença de morte”, observa.

Outro paranaense foi executado na Ásia

Rodrigo Muxfeldt Gularte foi condenado e executado na Indonésia por tráfico de drogas. Foto: reprodução.

A exemplo da Tailândia, onde está preso Jordi Vilsinski Beffa, a Indonésia também tem medidas severas contra o tráfico de drogas.

Em 2015 o curitibano Rodrigo Muxfeldt Gularte, que tinha 42 anos, foi executado. Ele havia sido preso após desembarcar em Jacarta com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe, em 2004.

“Tanto as leis da Indonésia quanto as leis tailandesas tratam com muito rigor o tráfico de drogas. Em ambos os países a maior parte da população apoia essas sentenças e a maneira como esses crimes são tratados.”

João Alfredo Lopes Nyegray, advogado e professor de geopolítica da Universidade Positivo.

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