Um mês após a revelação de que quase duas centenas de mortes por Covid-19 e milhares de casos da doença registrados em Curitiba não constavam dos balanços oficiais da Secretaria de Saúde do Paraná e do Ministério da Saúde, o problema ainda segue sem solução.
Nem mesmo a abertura de um procedimento de apuração por parte do Ministério Público, como revelou o Plural em reportagem publicada no último dia 14 de dezembro, foi suficiente para corrigir o descompasso, ao menos até agora.
No final da tarde desta quarta-feira (6), a defasagem chegava a 308 mortes e 39.693 casos. São ocorrências que foram devidamente registradas pela Prefeitura de Curitiba, mas cuja inclusão nos balanços estadual e nacional segue pendente.
Conforme a Prefeitura de Curitiba, desde o começo da pandemia, houve 2.304 mortes na cidade. No balanço estadual, porém, aparecem apenas 1.996 desses óbitos.
Pelos números da prefeitura, os casos acumulados chegam a 113,9 mil. Desse total, somente 74,2 mil casos constam do balanço do governo do Paraná.
São os dados das secretarias estaduais que alimentam os boletins oficiais do Ministério da Saúde e as compilações nacionais independentes, como a do consórcio de veículos de imprensa, que reúne jornais e portais de internet, além da TV Globo.
Prazo ignorado
No último dia 9 de dezembro, a Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba abriu um procedimento para apurar a divergência dos números. O MP remeteu ofícios às secretarias Estadual e Municipal de Saúde, em que fez questionamentos sobre o que classificou como “desencontro de informações”.
O MP estabeleceu inicialmente um prazo até 21 de dezembro para as respostas. Como não houve retorno algum por parte do órgão estadual, a promotoria reiterou o questionamento e decidiu conceder um novo prazo, que vencerá na próxima quarta-feira (13).
Já a resposta da Prefeitura de Curitiba foi enviada e está sob análise do Setor Médico do MP.
O Plural solicitou à prefeitura acesso à íntegra do documento, mas ainda não teve retorno. A secretaria estadual também não respondeu a uma solicitação similar.
“O conflito entre os sistemas e fluxos de notificação está sendo discutido em conjunto pelas secretarias a fim de corrigir as divergências”, havia declarado a prefeitura, em nota, no último dia 14 de dezembro. “A equipe da epidemiologia está avaliando caso a caso e repassando as informações corrigidas.”
Já a secretaria estadual, na mesma ocasião, admitiu “falta de uniformização das informações e programação” do sistema municipal de Curitiba para transferência de dados para o sistema oficial do Paraná.
Ferrando creio que uma comparação dos índices de Curitiba e Belo Horizonte seria bem interessante, uma vez que a capital mineira inicianeto lockdown na segunda, 11 de janeiro