Curitibana ganha prêmio internacional por projeto de prevenção ao suicídio

Estudante de design cria mobiliário urbano focado em Curitiba e nos hormônios da felicidade

No mês da prevenção ao suicídio, a curitibana Luísa Urfali, de 19 anos, conquistou o Prêmio Shenzhen Design Award for Young Talents (SDAY) na categoria New Star. O ‘FALA’, projeto de mobiliário urbano da jovem que cursa Design na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), foi fruto de sua monografia no curso de Especialização em Design de Produto, do Centro Europeu. Como foco, a prevenção ao suicídio

Luísa ganhou o prêmio em 2019 mas a cerimônia de entrega, que seria na China, por conta da pandemia foi realizada on-line, no dia 16 de agosto. Enquanto isso, Luíza recebia seu troféu pelo correio. O prêmio, administrado pela cidade de Shenzhen e coorganizado pela Rede de Cidades Criativas da Unesco-Organização das Nações Unidas, tem o objetivo de reconhecer e potencializar jovens designers com projetos de sustentabilidade, desenvolvimento social e econômico.

O FALA é um mobiliário urbano com formato que simula “a linha gravada de uma sonoridade vocal”. Ao longo da linha, palavras, frases e perguntas incentivam o diálogo e estimulam a produção de hormônios. “O quarteto da felicidade é composto por ocitocina, dopamina, endorfina e serotonina.”, explica Luísa, que realizou estudo aprofundado sobre suicídio e saúde mental. A futura designer ressalta que estes hormônios podem ser produzidos com ações simples, como abraçar alguém, ver fotos antigas, e falar com amigos.

Foto: Reprodução

“A proposta foi a de contemplar um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) apregoado pela Organização das Nações Unidas. Escolhi a ODS 3, que trata da Saúde e do bem-estar pois me identifico com o tema e queria trabalhar essa vertente porque, dentre as metas na ODS, há a da redução da taxa de mortes por suicídio em 10%. O Brasil é signatário desse protocolo internacional.”

Luísa conta que estudou sobre o suicídio e suas causas (ansiedade, depressão e estresse) e depois de entender esses pontos, começou a pesquisar sobre a prevenção. Foi quando chegou nos hormônios da felicidade. “Então, conectando tudo isso, as diretrizes do projeto são: Convidativo, Diálogo e Abstração. A partir disso, veio o conceito que era representar a cidade de Curitiba, já que ele foi feito para a cidade mas, claro, pode ser utilizado em qualquer outra, tendo em vista que há pessoas com problemas de saúde mental em todos as comunidades.”

A estudante usou como inspiração marcos de Curitiba, como a Ópera de Arame e o Jardim Botânico, e conta como retratar um assunto tão delicado em um produto que deve ser, ao mesmo tempo, chamativo. “Foram muitos esboços e tentativas de como conectar tudo que pesquisei com a proposta de ser funcional, sem gritar ‘isso é sobre suicídio’, mas sim ser uma fala, tranquila e acolhedora como deve ser. A cor foi uma das questões, pois não poderia ser agressiva.”

Foto: Reprodução

O projeto, no entanto, ainda não saiu do papel. “Estamos em busca de um parceiro. Pode ser a Prefeitura, já que será um mobiliário público para uso das pessoas, mas nada impede que a iniciativa privada possa participar, afinal, o esforço de prevenção à saúde é dever de todos”, ressalta a jovem, lembrando que o projeto ainda não foi apresentado formalmente à Prefeitura.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em dados de 2016, a cada 40 segundos, uma pessoa morre vítima de suicídio no mundo. Isso totaliza uma média de 800 mil mortes por ano. No Brasil, os dados da OMS mostram 6 suicídios a cada 100 mil habitantes.

O Centro de Valorização da Vida (CVV), ONG que auxilia na prevenção do suicídio, possui ligação gratuita para todo o Brasil. O atendimento é 24h, pelo telefone 188. Mais informações no site da entidade.

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