Curitiba seguirá com vacinação de grávidas

Capital utiliza doses da Pfizer e não da Astrazeneca, que teve suspensão recomendada também no Paraná

Vários estados brasileiros, entre eles o Paraná, anunciaram hoje (11) a suspensão da vacinação de grávidas com doses da Astrazeneca/Fiocruz. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou a suspensão imediata da aplicação na noite desta segunda-feira (10), após a morte de uma gestante de 35 anos que tomou a vacina no Rio de Janeiro. Em Curitiba, no entanto, a vacinação das grávidas segue o cronograma normal, informou a Secretaria Municipal de Saúde.

Isto porque a Capital recebeu apenas doses da Pfizer para este grupo, que soma 28 mil mulheres, entre gestantes e puérperas – mães com filhos de até 45 dias. Com isso, Curitiba não sofrerá mudanças no seu plano de imunização, garante a pasta. A SMS não confirmou, no entanto, se o número de doses enviados pelo Estado (32,7 mil) será suficiente para a cobertura de todo o grupo de grávidas, já que, segundo o Ministério Público, a Prefeitura usou seis mil doses da vacina contra a Covid-19 em funcionários da Unimed.

Para as cidades paranaenses, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) orienta suspender “temporariamente a vacinação da AstraZeneca/Fiocruz para as gestantes, conforme recente posicionamento da Anvisa, até novo entendimento”. A Sesa ressalta ainda que a bula do imunizante também deve ser seguida, especialmente com a devida avaliação e acompanhamento médico. “A Secretaria também orientou os municípios a monitorar as gestantes que já foram vacinadas”, diz a nota.

As vacinas da Pfizer e da Coronavac podem continuar a ser aplicadas nas grávidas e puérperas. “A orientação é que a indicação da bula da vacina da AstraZeneca seja seguida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Esta recomendação é resultado do monitoramento de eventos adversos feito de forma constante sobre as vacinas contra Covid em uso no país”, diz a nota da Anvisa.

“O uso off label de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da vacina contra Covid da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina por gestantes sem orientação médica.”

A recomendação o órgão brasileiro teve como base a posição do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização do Reino Unido (JCVI, em inglês), que indicou o uso da AstraZeneca apenas em pessoas com mais de 40 anos. Segundo o Comitê, há registros de 242 casos raros de trombose em gestantes, com 48 mortes, não diretamente relacionadas à vacina.

No Brasil, há o relato do caso de uma única gestante, de 35 anos, que morreu de Acidente Vascular Cerebral (AVC) depois de ter tomado a vacina da Astrazeneca, no Rio de Janeiro. Porém, conforme informou o Ministério da Saúde, a causa da morte ainda não pode ser associada ao imunizante, já que a gravidez por si só aumenta as chances de trombose, que pode levar ao AVC.

O óbito aconteceu na última sexta-feira (7) e, por precaução, a Anvisa optou pela suspensão enquanto completa a investigação da morte. A orientação é que as gestantes com vacinação já agendada para a segunda dose aguardem o posicionamento do Programa Nacional de Imunização, que será publicado ainda nesta semana. Em caso de qualquer sintoma (falta de ar, dor no peito, inchaço na perna, dor abdominal), deve-se procurar atendimento médico. As gestantes que têm comorbidades e não se vacinaram ainda podem tomar as vacinas da Pfizer ou da Coronavac.

Covid é mais perigosa

Por não haver provas da relação entre a morte e a vacina, muitos médicos e especialistas se manifestaram contrários à suspensão das doses, alegando que os benefícios da imunização contra Covid-19 são maiores do que os riscos da doença, e que os riscos de trombose na gravidez são muito maiores do que os da vacina da Astrazeneca.

“Um único relato de trombose em gestante vacinada no Rio de Janeiro com a vacina Oxford/Astrazeneca não implica em estabelecer relação causa/efeito e não justifica suspender a vacinação com essa vacina, e muito menos com as demais vacinas disponíveis, como fizeram alguns Estados, que cancelaram por completo a vacinação de gestantes”, afirma a Rede Feminista de Ginecologistas e Obstetras e o Coletivo Adelaides, que publicaram um manifesto, no qual pedem a imediata retomada das aplicações.

Segundo as ginecologistas e obstetras que assinam a carta, o maior risco gestacional está nas alterações da gravidez – fisiológicas, imunológicas, cardiorrespiratórias e do sistema de coagulação – e na própria doença. “A Covid, mesmo leve ou assintomática, pode levar a complicações gestacionais como abortamento, perda fetal, óbito fetal, descolamento prematuro da placenta normalmente inserida, restrição do crescimento fetal, pré-eclâmpsia, síndrome HELLP, hemorragia pós-parto e outras.”

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima