Curitiba muda regras às vésperas da volta às aulas

Mudança no cronograma de aulas entra em vigor já no dia 2 de agosto. Grupos vão se revezar semanalmente nas escolas

Depois de divulgar para pais e professores de toda rede de escolas e Centros de Educação Infantil municipais de Curitiba um cronograma de volta às aulas em agosto, a Secretaria de Educação da capital mudou de ideia e decidiu voltar ao modelo de ensino híbrido adotado em fevereiro de 2021. A mudança foi anunciada discretamente por release no site da prefeitura às 15h30 da sexta-feira, dia 30 de julho. Na próxima segunda, dia 2 de agosto, milhares de estudantes da rede municipal retornam às salas de aula, a maior parte deles ainda sem saber das mudanças.

A proposta original da secretaria municipal de educação era dividir as escolas em dois ciclos, além de separação das turmas em dois grupos. Com isso, cada grupo teria uma semana de aula presencial a cada quatro. O cronograma estabelecido a partir dessa proposta foi apresentado a pais e alunos nas últimas duas semanas, em comunicados por escrito e reuniões presenciais de preparação da volta às aulas.

As escolas municipais, ao contrário do ensino privado da capital, estão sem aulas presenciais desde março deste ano, por conta das restrições para contenção da transmissão da Covid-19 na cidade. Curitiba tem 121 mil estudantes em 414 escolas municipais e 87 mil no ensino fundamental em escolas privadas.

O Plural apurou que algumas escolas e CMEIS comunicaram ainda na sexta-feira os pais da mudança. Mas outras instituições só devem fazer isso a partir de segunda, quando a primeira leva de estudantes já estará a caminho da sala de aula. O novo cronograma mantém só a divisão das turmas em dois grupos – A e B – que se alternam semanalmente entre o ensino presencial e o remoto. Com isso, cada turma terá duas semanas de aula presencial a cada quatro.

Segundo o release da prefeitura, a decisão foi tomada em conjunto pela Secretaria Municipal da Educação e a de Saúde e baseada na “transmissão zero do novo coronavírus dentro das cem escolas e CMEIs do programa Leia+, abertas para atividades presenciais no dia 19”. O texto informa ainda que entre os sete mil alunos das 50 escolas e 50 CMEIs que retomaram as aulas no dia 19 de julho, apenas dois casos de Covid-19 foram confirmados, mas não teriam como origem uma contaminação na escola.

A retomada das atividades presenciais acontece com 95% dos trabalhadores da educação da cidade já vacinados com a primeira dose da vacina anticovid, mas só 11% completamente imunizados, ou seja, com o esquema vacinal completo.

A retomada das aulas presenciais será acompanhada da manutenção do protocolo de prevenção da Covid-19, o que inclui o uso obrigatório de máscaras, a medição de temperatura na entrada das unidades, o distanciamento social em espaços comuns e a proibição do compartilhamento de materiais. No caso de apresentação de sintomas de Covid-19 pelas crianças ou moradores da mesma residência, a família deve comunicar a escola e manter o estudante em casa.

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2 comentários em “Curitiba muda regras às vésperas da volta às aulas”

  1. Essa negação me lembra o início da pandemia em Curitiba.
    Não teremos problemas, estamos cobertos pelos sistema de saúde e temos leito suficiente.
    E veio o caos e muitos morreram.
    Vamos ver, a Delta está matando aqui pertinho.

  2. A “ciência curitibana” é fantástica!

    As autoridades alegam “transmissão zero do novo coronavírus dentro das cem escolas e CMEIs do programa Leia+”. Importa refletir a respeito da maneira como chegaram a esta conclusão: algumas escolas reabriram em 19/07; em 30/07 (11 dias depois), a prefeitura anuncia os resultados de que houve “transmissão zero”. Ato contínuo, haverá relaxamento ainda maior das medidas de prevenção. Qualquer pessoa semidesperta fará a pergunta: como é que a secretaria municipal de educação (mantenhamos as letras minúsculas) alardeia que houve “transmissão zero”? A partir de uma análise de dados (a propósito, eles nunca apresentam dados, nem métodos, nem nada – é tudo propaganda) realizada num período de 11 dias? Na ciência curitibana, acredita quem quer. Contudo, as decisões daí advindas afetam as nossas crianças. É o caso de afirmar, categoricamente: a prefeitura está manipulando a informação, a prefeitura desinforma, fornece informações incorretas, produz má informação.

    Algumas perguntas: todas as crianças e professores foram testados? E as demais pessoas envolvidas no processo de transporte escolar, por exemplo? Foram feitos testes para detectar assintomáticos? Tendo em vista os períodos de incubação do vírus, 11 dias seriam suficientes para a prefeitura chegar à conclusão de que houve “transmissão zero”?

    Não. Não. Não. É claro que não.

    E a prefeitura continua brindando a cidade com “amônia quaternária” e o “Protocolo de Retorno das Atividades Presenciais”. Um protocolo desatualizado, que não menciona a informação mais importante: o vírus da Covid-19 se propaga pelo ar. Ou seja, haverá milhares de crianças e professores em fila, tendo suas temperaturas monitoradas (no pulso?), afogando as mãos com álcool em gel, usando máscaras de baixa qualidade e… compartilhando de salas de aula e de ambientes com pouca ventilação e com NENHUM tipo de controle da qualidade do ar.

    Há lugares no mundo em que o retorno presencial às aulas tem sido balizado pela importância dada à utilização de máscaras de qualidade (tipo PFF2), pela instalação de dispositivos para monitoramento da qualidade do ar (por exemplo, medidores de CO2) e pelo investimento em filtros de ar (por exemplo, filtros HEPA). Ainda que essas medidas não impliquem em aumentos de custo significativos, parece que Curitiba prefere continuar fazendo uma ciência muito particular, quando se trata dos “curitibinhas”.

    Recapitulando: somente 11% dos professores receberam a segunda dose; a variante delta está por aí (e constitui um grave risco para as crianças); a imunização na cidade continua a passos lentos; o vírus, ainda que tenha havido redução nos números, continua se propagando e – muito importante – há fortes indícios (vide, por exemplo, o que vem sendo divulgado a partir de pesquisas no Reino Unido) de que crianças sofrem com as sequelas da Covid-19 (a Long Covid), sequelas que podem ser debilitantes e incapacitantes… Fico a me perguntar: por que quase ninguém menciona isso em Curitiba?

    É o caso de insistir: Curitiba está realizando um experimento com suas crianças. Um experimento que pode ser mortal. Mas quase ninguém se preocupa com isso. Eu sei, o povo curitibano está cansado dessa história de pandemia. Rezemos?

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