Curitiba diz que vacinas de gestantes e puérperas foram para professores

Estado nega e acusa Capital de remanejar doses e não seguir os Planos de Imunização

A vacinação de grávidas, puérperas, pessoas com comorbidades e deficiência permanente está prevista pelo Programa Nacional de Imunização nesta nova fase de aplicações, após os idosos. As doses já chegaram ao Paraná e Curitiba anunciou seu cronograma, com início nesta quinta-feira (6). Nele, no entanto, não estão inclusas neste momento as gestantes nem as mulheres que tiveram filhos a menos de 45 dias (as puérperas), que somam 28 mil na Capital. A justificativa é de que não vieram doses para este grupo, que teriam sido remanejadas pelo Governo do Estado aos professores.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a previsão era imunizar todos os grupos apontados no Plano Nacional, mas, com o anúncio do Governo do Paraná “de usar doses deste grupo para antecipar a imunização dos professores, o cronograma do município precisou ser ajustado”.

“Nossos cronogramas seguem rigorosamente a determinação do Plano Nacional, com controle de primeira e segunda dose para cada grupo imunizado. Fomos surpreendidos com esse anúncio de antecipação de fase, o que diminuiu nossa quantidade de doses previstas”, afirmou Márcia Huçulak, secretária de Saúde de Curitiba.

A pasta destaca que, nesta semana, “o Estado recebeu 424.260 doses de vacinas Pfizer e Astrazeneca e Curitiba receberá apenas as 32.760 da Pfizer”. O município diz que previa receber outras cerca de 32 mil doses do imunizante Astrazeneca, “podendo assim avançar a imunização também com o grupo de gestantes e puérperas”. Sem elas, Curitiba irá utilizar as 32.760 doses da Pfizer para “concluir a vacinação de profissionais de saúde”.

Por conta própria

Em resposta, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) diz que “não procede a informação” municipal, já que Curitiba recebeu um lote de 32.760 doses da Pfizer, nesta quarta-feira (5), específico para iniciar a vacinação de gestantes, puérperas e pessoas com comorbidade e deficiência permanente.

“A Secretaria de Saúde de Curitiba ainda afirma que vai utilizar a vacina da Pfizer, que está destinada para os grupos já mencionados, para dar continuidade na vacinação de trabalhadores da saúde. Portanto, o município está fazendo um remanejamento próprio das doses e não está cumprindo fielmente o Programa Nacional de Imunização e o Plano Estadual de Vacinação, diferente do que informa.”

Ao final, a nota da Sesa ressalta que “é fundamental que Curitiba vacine as suas gestantes e puérperas, principalmente pelo aumento no número de casos da Covid-19 nestes grupos”.

Animosidade

No início da noite desta quarta (5), a Secretaria de Saúde de Curitiba divulgou uma nota à Imprensa, na qual reforça que segue rigorosamente o Plano Nacional, mas que ele prevê a vacinação escalonada dos grupos “por conta de não dispor de doses de vacinas imediatas”. Isso levou a Capital a optar por começar pelos menores subgrupos: pessoas com deficiência e pacientes que realizam tratamento nas clínicas de hemodiálise.

“Considerando que Curitiba tem dentro desse grupo de comorbidades um público-alvo estimado de 300 mil pessoas, a quantidade de doses Pfizer enviadas nessa remessa contempla o atendimento de apenas 4.800 pessoas (1,6%), o que seria insuficiente para vacinar o subgrupo de gestantes e puérperas, estimado em quase 28 mil pessoas.”

Também já havia planejamento de incluir os 18 mil profissionais da saúde ainda não imunizado. Segundo a nota, o agendamento se baseou “na programação de envios realizados pelo Ministério da Saúde”. A programação previa 32,7 mil doses da Pfizer e 32 mil da Astrazeneca.

“Não há interesse, por parte do município de Curitiba, em disputar versões. A preocupação do município sempre foi, em razão da escassez de vacinas, seguir o plano, que foi discutido e pactuado com estados e municípios. O mais importante é que todos os níveis de gestão do SUS sigam o que foi acordado, evitando confundir e criar animosidade, num momento tão delicado que passa o país”, conclui a SMS.

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1 comentário em “Curitiba diz que vacinas de gestantes e puérperas foram para professores”

  1. Os desencontros dos níveis de governo são muito bem-sucedidos em colocar os grupos sociais uns contra os outros. Assim, as parcelas da população brigam entre si por um recurso que já deveria ser acessível pra todo mundo, e o governo municipal/estadual/federal vai ganhando tempo.

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