Crise da Covid-19 prejudica atendimento a vítimas de trauma

Pressão sobre pronto socorros e UPAs afeta também vítimas de acidentes e da violência urbana

Nem só as vítimas de Covid-19 podem ter dificuldade para conseguir atendimento nos hospital de Curitiba e Região Metropolitana. A pressão sobre o sistema de saúde também está complicando o atendimento de vítimas de traumas. A informação é do diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinícius Filipak.

Ao contrário do que aconteceu em março e abril deste ano, quando medidas de isolamento causaram grande redução na circulação de pessoas, agora estamos num novo pico de casos de Covid-19, com aumento de 51% nos casos ativos da doença, mas sem redução significativa na movimentação. “Os pronto socorros e UPAs estão recebendo pacientes [de Covid-19] que não atendiam. Acaba pressionando a área física e a capacidade de atendimento”, explica Filipak.

“A ocorrência do trauma é diretamente relacionada com a movimentação de pessoas. Os principais casos são de acidentes de trânsito e violência urbana”, esclarece. Segundo o médico, a Central de Regulação é o órgão que recebe a demanda por atendimento e tenta direcionar para os hospitais e locais com maiores condições no momento. “Há horários com maior demanda [de casos de trauma]. É claro que nesses momentos a Central pode ter dificuldade para direcionar o paciente e ter que levar para um hospital mais longe”, diz.

O Plural apurou que o aumento no atendimento das UPAs que estão recebendo pacientes das duas unidades que foram fechadas (UPAs Fazendinha e Boqueirão) causou limitação no recebimento de ambulâncias do SAMU no último fim de semana.

A vereadora Professora Josete (PT) diz ter ouvido o mesmo. Ela esteve em visita às UPAs Pinheirinho, Tatuquara e Sítio Cercado, também neste fim de semana. “Há uma sobrecarga, um número maior de macas, dificuldade com pontos de oxigênio”, relata.

Ao Plural, um grupo de médicos relatou ter visto ambulâncias do SAMU paradas numa UPA aguardando liberação de leito. A prática, comum quando há sobrecarga no atendimento, acaba atrasando a liberação do veículo para novos socorros.

“[A ambulância] É uma unidade de atendimento. Se não há equipamentos necessários, ela fica com o doente”, diz Filipak. O diretor de Gestão em Saúde da Sesa aponta, no entanto, que a situação “não é frequente”.

“É um sistema [de atendimento] muito robusto. Mas há no momento um excesso de demanda. Aí acontece um pouco de retardo no atendimento. Mas a Central sempre prioriza os casos mais graves”, diz. Para Filipak, o problema é a convergência entre o aumento na movimentação de fim de semana, com as pessoas saindo para beber e se divertir, e o aumento de atendimento para Covid-19.

“As pessoas precisam saber que mesmo que sejam abertos todos os leitos do mundo, de cada 100 pessoas contaminadas [pelo coronavírus] que precisarem de internação, 20 a 25 vão morrer”, diz.

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