Covid-19 já é 8ª principal causa de morte em Curitiba

Os óbitos da doença em julhojá são quase três vezes a média de mortes causadas por doenças do aparelho respiratório

Segundo os dados de óbitos de residentes da capital entre 2008 e 2018 por capítulo da Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 do Sistema Único de Saúde, a sétima principal causa de morte de curitibanos são doenças do sistema nervoso, com média de 511 mortes por ano. Até este dia 27 de julho, a Covid-19 já provocou 480 óbitos confirmados, o que a coloca na 8a. posição.

Só as mortes causadas pela doença entre moradores de Curitiba em julho (335 até o momento) já garante essa posição entre as principais causas de falecimento.

A principal causa de mortes em Curitiba, segundo a média dos dados de 2008 a 2018 do Datasus, são as doenças do aparelho circulatório, com média de 2800 óbitos por ano, seguida por neoplasias (tumores) e causas externas (por acidente ou mortes violentas).

Os dados de mortalidade de residentes de Curitiba mostram que, em média, morrem 10.200 pessoas na cidade por ano (sem contar pessoas que morrem na capital, mas não são residentes). Se 2020 se mantiver dentro da média, as mortes por Covid-19 até o momento já serão 5% do total do ano.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

De que morrem os curitibanos?

Cânceres e doenças do aparelho circulatório são responsáveis por quase metade dos óbitos de curitibanos. Mas há também uma parcela importante de mortes (10%) causadas por doenças do aparelho respiratório, que tem incidência maior justamente nos meses de maio a setembro, com média de 120 óbitos por mês.

Por essa medida, os óbitos de Covid-19 em julho (que ainda não terminou) já são quase três vezes a média de mortes causadas por doenças do aparelho respiratório.

Os dados de óbitos por causa de Curitiba em 2020 ainda são preliminares, mas apontam que muito provavelmente a pandemia afetou outras causas, como as mortes violentas. A média mensal de mortes por acidente ou violência nos quatro primeiros meses de 2020 é 20% menor que média mensal da mesma causa no período de 2008 e 2018.

Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM | DATASUS

Sobre os dados

A leitura de dados de mortalidade no Brasil exige um cuidado comum ao uso de informações: entender a origem. É que a forma de se quantificar a morte varia de acordo com quem está contando.

Os dados usados neste texto são do Datasus, coleção de bancos de dados do Sistema Único de Saúde. Todos os dados do Datasus são coletados a partir da estrutura de atendimento e fiscalização do Ministério da Saúde, o que pode ou não incluir informações da rede particular de atendimento.

No caso do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), os dados são coletados a partir da declaração de óbito, um documento obrigatório preenchido na ocasião da morte pelo médico responsável. Independente se o óbito aconteceu ou não num hospital, ele precisa ser atestado por um médico, que na ocasião atribui a causa.

Como o preenchimento da declaração é um ato médico, é do profissional a responsabilidade de, após atestar a morte, preencher as informações pertinentes. Inclusive a causa. E ele pode indicar a Covid-19 como causa mesmo que não exista ainda um resultado positivo de exame para a doença.

Isto é diferente da contagem de óbitos do coronavírus feita pela Secretaria Municipal de Saúde e divulgada diariamente nos boletins da pandemia. A SMS considera apenas os casos de óbitos com exame positivo para coronavírus de residentes em Curitiba.

É por isso que os dados do Registro Civil, que reúne informações de todos os cartórios do país, são diferentes dos divulgados pela SMS. Primeiro porque o Registro vai contabilizar todos os óbitos que os médicos atestaram como de Covid-19, mas a Secretaria só irá considerar aqueles cujo exame teve resultado positivo.

A Declaração de Óbito é padrão em todo país e tem uma numeração única. Cada declaração tem três vias, uma das quais é entregue a família do falecido para que esta compareça a um cartório para fazer o registro civil da morte e pedir a emissão da Certidão de Óbito. A outra função da declaração é justamente servir de coleta de informações sobre a mortalidade da população brasileira.

Mas o SUS também registra óbitos apontados no Sistema de Vigilância Epidemiológica, que é alimentado por profissionais de saúde no caso de doenças de notificação obrigatória. Este ano o governo incluiu Síndromes Gripais entre os casos de notificação obrigatória, o que significa que a partir do momento em que o paciente chega ao serviço de saúde com sintomas, o caso dele deve ser notificado.

Essas informações da notificação são atualizadas de acordo com o andamento do caso, o que inclui o eventual óbito.

É importante saber também que o SUS considera os dados de 2019 e de 2020 preliminares, ou seja, ainda sujeitos a alterações e correções. Por causa da pandemia, o Ministério da Saúde passou a divulgar esses dados como forma de se acompanhar a situação da Covid-19 em todo país.

Em Curitiba há dados disponíveis de janeiro a abril e dados parciais de maio, que o Plural descartou uma vez que não há como comparar adequadamente uma parte de um mês com um mês inteiro.

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