Covid-19 adia formatura de futura técnica em enfermagem

Depois de muito sacrifício, trabalhadora doméstica viu a chance de se formar diminuir por causa da pandemia

A estudante de enfermagem Marli Pimentel, 43 anos, trabalha há anos como diarista e doméstica, mas sonha em cuidar de pessoas como enfermeira. No início desse ano ela se viu pertinho de conquistar o diploma do curso técnico em enfermagem. Só faltava o estágio. Mas no meio do caminho tinha a Covid-19.

Com a chegada da pandemia a Curitiba, Marli viu sua escola fechar e perdeu o emprego. Perdeu o salário de R$ 1200, importante para manter os três filhos pequenos que ainda moram com ela e as despesas da casa. “A gente que vem de classe pobre já é acostumada”, lamenta.

Ela é mãe de quatro meninos: Leonardo, de 8, Vinicius de 14, Gustavo de 15 anos e Diego de 26. Foi conciliando o cuidado com eles e o trabalho como doméstica que ela voltou para escola já com trinta anos, terminou o Ensino Médio e cursou os dois anos de técnico em enfermagem. A vontade de atuar na área era grande, assim como a de garantir uma remuneração melhor.

Mas com a pandemia, as mensalidades do curso, sempre pagas com sacrifício, foram atrasando. Marli conseguiu receber o auxílio do Governo Federal de uma parcela R$ 600 e o cartão do Governo do Paraná de R$ 50 por três meses, mas é pouco repor os já três meses sem salário.

“Aqui os meus vizinhos é todo mundo na mesma situação, então não tem quem possa ajudar. Quem pode está tentando algum auxílio nas igrejas, no CRAS”, conta. Ela conseguiu um kit alimentação na escola do filho mais novo, que é municipal, mas os maiores, que estão numa instituição estadual não receberam nada.

O filho mais velho, que é casado, também está sem renda. Ele trabalha com manutenção de ar condicionado, mas está sem trabalho. “Tento ajudar, mas quase nunca consigo”, lamenta.

“Eu tô ficando com medo”, diz ao falar do futuro. Com três mensalidades atrasadas, ela está perdendo a esperança de se formar. “Não tenho expectativa se vou voltar a fazer [o curso]. As dívidas vão aumentando sem você ter de onde tirar”, desabafa.

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