O salário de mês de abril dos condutores das ambulâncias do Samu de Curitiba, previsto para ser pago no dia 5, só foi pago no dia 14. O atraso acontece desde fevereiro e causa problemas nas famílias que dependem do dinheiro. Diante disso, uma greve não está descartada.
O vencimento, de acordo com a convenção coletiva, é de R$ 2.268,97. Os mais de cem condutores responsáveis pelas 26 ambulâncias da capital prestam serviço terceirizado por meio da empresa OZZ Saúde, sediada no Cabral.
Por conta do atraso alguns condutores começaram a reclamar e sofreram represálias. Um deles é Arildo Jorge de Lima Silveira, morador do Batel. Ele foi demitido na terça-feira (19) com a justificativa de redução de custos.
A empresa presta serviço para a prefeitura desde 2017 e, segundo informou a Secretaria de Saúde, todos os pagamentos da pasta para a OZZ Saúde estão em dia.
“Eu espero receber meu acerto e já ter algo para trabalhar depois, porque senão não sei o que vai ser”, lamenta Silveira.
Greve
Nesta semana, o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Sitro), que representa os condutores do Samu, realizou uma assembleia e aprovou o indicativo de greve.
“Também vamos tomar providências jurídicas e tentar manter contato com a empresa para que não aconteça mais atraso no pagamento. Vamos ver como será neste mês. Não pretendemos prejudicar a população, sabemos que é um serviço essencial e vamos fazer tudo dentro da lei”, explicou o diretor-geral do Sitro, Carlos Henrique.
Ainda não há data para a deflagração da greve. O Sitro vai aguardar o início do mês de maio para comunicar a empresa sobre uma eventual paralisação.
A OZZ Saúde foi procurada, disse que responderia os questionamentos do Plural até 16h desta quarta-feira (20), mas depois disso ninguém mais atendeu às ligações.
Infelizmente essas terceirizações (intermediações) vergonhosas são estimuladas pelo Poder Judiciário (STF) que quase sempre considera que a Administração Pública não responde automaticamente pelas obrigações inadimplidas. A Justiça do Trabalho vinculada a jurisprudência do STF tende a aceitar as alegações pífias dos entes estatais de que fiscalizaram essas “empresas picaretas” e no final a parte mais frágil “fica a ver navios”. No caso em tela, o trabalhador reclamou e foi demitido. Enfim, o Brasil é uma grande enganação, onde os mais frágeis são diuturnamente humilhados e espoliados.