Cidades da RMC ainda não decidiram por “lockdown”

Se vizinhas não seguirem as mesmas regras, Bandeira Vermelha de Curitiba será prejudicada

Mesmo com o apelo da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado, os prefeitos das cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) ainda não decidiram se adotam, ou não, o “lockdown”, ou seja, medidas mais restritivas para a circulação de pessoas. A necessidade de reduzir o isolamento social levou a Capital a decretar Bandeira Vermelha nesta sexta-feira (12).

Durante reunião neste sábado (13), com representantes de toda RMC, Curitiba ressaltou a necessidade dos municípios se unirem nas mesmas regras para tentar conter o avanço alarmante do coronavírus, que deixa toda a Rede de Saúde à beira do colapso.

“Diante do agravamento da pandemia de Covid-19, que se reflete no exponencial crescimento do número de pessoas contaminadas, doentes e mortas, rogamos a todos os municípios da RMC que adotem as medidas restritivas estabelecidas no Decreto nº 565 da capital”, disse Greca, assegurando que, se nada for feito agora, a situação pode sair do controle. “Estamos caminhando a passos largos rumo ao caos e, mais do que nunca, é necessário que todas as cidades da Região Metropolitana adotem medidas conjuntas e alinhadas para o enfrentamento da pandemia.”

Segundo o prefeito de Curitiba, além de não permitir o funcionamento de locais que geram aglomeração e promovem a disseminação do vírus, é preciso tirar as pessoas de circulação, “o máximo possível, para evitar acidentes que também resultam em hospitalizações e atendimentos por traumas, impactando diretamente no sistema de saúde”.

O pedido foi reforçado pelo secretário estadual de Saúde, Beto Preto. “Nós estamos vivendo a guerra do contágio e esta guerra é de todos nós.”

Ainda assim, nenhum dos prefeitos decretou medidas mais rígidas em seus municípios. Todos voltarão a se reunir, remotamente, na segunda-feira (15). Participaram representantes de Araucária, Agudos do Sul, Almirante Tamandaré, Adrianópolis, Balsa Nova, Campo Largo, Campo Magro, Itaperuçu, Campo do Tenente, Cerro Azul, Colombo, Contenda, Doutor Ulisses, Fazenda Rio Grande, Lapa, Mandirituba, Quatro Barras, Rio Branco do Sul, São José dos Pinhais, Piên, Pinhais, Piraquara, Tijucas do Sul e Tunas do Paraná.

Para não fechar a economia

Um estudo realizado por pesquisadores do programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR e do IFPR – integrantes de Pesquisa e Extensão em Políticas Sociais e Desenvolvimento Urbano – avaliou que os gestores de toda Região Metropolitana de Curitiba, durante o ano de 2020, optaram por tratar os doentes, em vez de evitar a transmissão do coronavírus.

De acordo com as análises, trabalhou-se por meses a fio com o SUS no limite, mediante ampliação de leitos, ou seja, “as políticas adotadas como o sistema de bandeiras visavam sobretudo preservar o sistema e sua capacidade de, continuadamente receber novos pacientes”.

“Durante os meses de aparente estabilidade (entre setembro e outubro) a manutenção da estratégia de ‘gerenciamento’ estabeleceu o que pode ser chamado de ‘novo normal: ‘horário comercial pandêmico’; uso obrigatório de máscaras; picos de contaminação após feriados; mortes diárias por Covid-19. Todos estes esforços se justificavam para não fechar a economia, o maior objetivo dos gestores desde a confirmação dos primeiros casos, que se sobrepôs ao direito à saúde”, expõe o estudo.

A avaliação dos sociólogos permite concluir que “o quadro atual infelizmente era previsível, o sistema de saúde tem trabalhado no limite há meses, próximo ao colapso nos picos de contaminação, e não houve esforço capaz de conter o avanço da pandemia”.

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