Chat vazado mostra ex-diretor admitindo problemas no Banco Bitcoin

O banco já foi alvo de pelo menos dois mandados de busca e apreensão

O ex-diretor de Compliance do Grupo Bitcoin Banco, Jorge Luis Fayad Nazário, teve uma conversa no WhatsApp vazada na qual diz que os clientes “estão certos” em estar desesperados. O chat é entre ele e uma pessoa que tem dinheiro investido no grupo. Ao Plural, Fayad admitiu a veracidade da conversa, mas disse que “há distorções do que a gente fala”.

Cópias da conversa foram divulgadas em um grupo no Telegram de clientes do banco. No início do trecho que foi vazado, Fayad pede que o cliente aguarde de 7 a 14 dias para que a situação se resolva. Mas quando o interlocutor o aborda avisando que já se passaram 19 dias, o advogado responde: “infelizmente amigo, vocês estão certo” (sic).

Dezenas de pessoas que aplicaram dinheiro nas empresas do grupo estão há três meses sem conseguir fazer saques na plataforma. Segundo o jornal Valor Econômico, os recursos solicitados ultrapassam R$ 70 milhões. Desesperados, clientes protestam em frente à sede do grupo, em Curitiba.

O banco já foi alvo de pelo menos dois mandados de busca e apreensão e, num dos processos movidos por clientes, a Justiça decretou o bloqueio de R$ 63 milhões para o ressarcimento de valores que seriam devidos a investidores.

A conversa de Fayad continua com o cliente afirmando estar desesperado e confiante que as investigações sobre o caso andem rápido. A isso, o advogado responde: “Sem sombra de dúvidas. Se realmente alguém agiu de má fé a justiça saberá distinguir o joio do trigo”.

Compliance

Fayad foi anunciado em dezembro de 2018 como integrante da Diretoria de Compliance do Grupo Bitcoin, responsável por combater tentativas de fraudes contra a empresa. Em conversa com o Plural, Fayad disse que não chegou a assumir a diretoria. Antes disso, Fayad foi delegado da Polícia Federal e chegou a participar da Lava Jato.

“Na verdade formalmente nunca fui. Prestei assessoria de Compliance através de contrato de prestação de serviço.Quando estava para me efetivar como diretor, resolvi exercer a advocacia”.

O advogado também encaminhou ao Plural uma nota sobre o chat:

Sou um profissional íntegro e uma pessoa transparente, por esta razão não aceito a interpretação que está sendo dada a minhas mensagens.

Por isso esclareço que minhas mensagens são e foram no sentido de que sou advogado externo e não funcionário do Grupo GBB, em decorrência disso não tenho poder de decisão e nem de pagamento.

Nesse contexto, entendo e compreendo a situação dos clientes em reivindicarem aquilo que entenderem de direito.

Por fim, não emiti qualquer opinião ou juízo de valor sobre pessoas e muito menos sobre meus clientes.

Não distorçam minhas palavras.

Também procurado pelo Plural, o Bitcoin Banco preferiu não se pronunciar.

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