Casal de Curitiba sofre homofobia após participar de campanha da Volkswagen

Foto dos curitibanos Diego e Murillo Xavier publicada nas redes sociais da empresa teve comentários homofóbicos e machistas

Na última segunda-feira (4), os curitibanos Diego e Murillo Xavier, donos da Yag Coffee, foram alvo de ataques homofóbicos nas redes sociais depois de participarem de uma campanha da Volkswagen do Brasil. Na imagem, o casal aparece abraçado em frente a um carro modelo Polo da empresa.

A foto, que faz parte de uma série com casais LGBTQIA+ que vem sendo publicada nas redes da empresa desde setembro, recebeu diversos comentários de cunho homofóbico e machista. Entre eles havia menções de pessoas dizendo que deixarão de consumir produtos da Volkswagen, outras pedindo pelo retorno da “marca conservadora” e por um “marketing imparcial” e algumas ofendendo diretamente o casal.

Diego, que também é coordenador estadual da Aliança Nacional LGBTI+, conta que ele e o marido ficaram sabendo da ação através de um grupo no Whatsapp, em maio deste ano. “Era para mandar uma foto que faria parte de uma seleção. Peguei uma minha e do Murillo e nos inscrevi. Mandei, bem espontâneo, mas sem expectativa, deixei natural.”

Em junho, no mês do orgulho LGBTQIA+, Diego e Murillo receberam uma ligação dizendo que tinham sido selecionados para a campanha de propaganda de carro da Volkswagen. Foram dois dias de fotos e no último, quando já estavam voltando para casa, perto das 23h, o fotógrafo se preparou para fazer uma imagem final. “Foi uma coisa super natural. A gente estava brincando, o fotógrafo estava preparando a câmera. O Murillo grudou em mim e o fotógrafo disse que estava ótima aquela posição e foi tirando fotos. Essa [da campanha] foi a última que tiramos”, diz.

Após a publicação, foi Murillo quem viu os comentários primeiro. “Ele falou ‘Di, estão detonando a gente’. A gente se desanima. Eu confesso que fiquei um pouco abatido. Mas é um pouco da conjuntura do país também, essa coisa do ódio. A cada 37 horas, um LGBT é morto no Brasil. Dá medo, dá medo de andar na rua e ser agredido”, confessa Diego.

Porém, apesar de toda a violência, ódio e preconceito que as existências LGBTQIA+ atravessam, principalmente no momento atual do Brasil, Diego acredita que a comunidade vem ocupando cada vez mais espaços de representatividade e conquistando direitos. Em 2019, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que declarações homofóbicas e transfóbicas podem ser enquadradas no crime de racismo, cuja pena é de um a três anos.

“Antes, as propagandas de carro sempre foram com o hétero ou usavam a mulher para sensualizar. Eles [Volkswagen] fizeram uma campanha muito humana. Nós, LGBTs, estamos em todos os lugares. A gente está na Saúde, na Educação, no chão de fábrica também. Eu vi os comentários de amigos dizendo que se sentiram representados nessa foto. Isso é bem carinhoso e sensibiliza a gente. Eu tenho comigo que o armário é só para a gente colocar roupa. Vamos continuar com a cabeça erguida e seguir lutando”, conclui Diego, emocionado.  

O Plural entrou em contato com a assessoria da Volkswagen do Brasil, mas não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem. 

Reportagem sob orientação de João Frey

Sobre o/a autor/a

5 comentários em “Casal de Curitiba sofre homofobia após participar de campanha da Volkswagen”

  1. Quem lacra, não lucra.

    Foi assim mesmo com o BurgueKing.

    Não pode nos obrigar a aceitar, aquilo que não vivemos, simples assim cada um com o seu.

    Fica a Dica.

  2. Já teve um que colocou o Presidente no meio dessa bobagem. Com certeza ele nem sabe sobre isso. Depois Ele que é reacionário.

  3. Ja achava a wolks uma porcaria, cobrando caro por um carro sem acessorios, diferente de outras marcas mais honestas.
    Agora ta querendo lacrar usando os “idiotas uteis”…
    So nao entendo como as pessoas nao se dao conta que estao sendo usadas, jamais valorizadas.

    Talvez sejam uteis mesmo!!

  4. Segundo a mãe Natureza, “casal” consiste na união de um macho e uma fêmea. No caso dos humanos, um homem e uma mulher. Qualquer coisa diferente disso é uma dupla, isto é, duas pessoas do mesmo sexo biológico (que aliás, não reunem as condições necessárias para procriar). Não é necessário hostilizar quem optou por esse estilo de vida, mas também não faz sentido obrigar que todo mundo ache isso bonitinho. Viver e deixar viver é a melhor filosofia.

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