Bosque de 5 mil m² com araucárias é derrubado em Curitiba

Empresa foi multada em R$ 398 mil após denúncia anônima por irregularidades ambientais no bairro São João

Uma área de mais de 5 mil metros quadrados de floresta ombrófila mista com araucárias foi derrubada pela construtora Casteval para a execução de um empreendimento imobiliário de grande porte na região do bairro São João, em Curitiba. A informação é da própria Prefeitura, que no dia 23 de outubro aplicou duas multas à empresa, totalizando R$ 398,5 mil. A Casteval está recorrendo dos autos de infração.

Sob a condição de anonimato, o autor da denúncia disse que a área desmatada foi além da já estava roçada pela construtora há anos. “Devido à pandemia e à necessidade de isolamento, fiquei um tempo sem ir à região. Quando voltei, percebi essa grande movimentação. Eles suprimiram a vegetação além de uma área que já estava roçada há mais de cinco anos. Eles derrubaram árvores e fizeram vários aterros, que me pareceram irregulares. Por isso chamei a fiscalização”, disse o denunciante.

O terreno onde a Casteval pretende instalar o empreendimento imobiliário tem mais de 160 mil m², segundo sua indicação fiscal. A construtora tem autorização para construção em pouco mais de 6 mil m². O acesso ao terreno se dá pela Avenida Fredolin Wolf, importante via que liga o São Lourenço ao bairro Lamenha Pequena. Fotos aéreas da região mostram uma marca profunda de supressão em uma área com vegetação densa.

A veracidade da denúncia foi constatada pelo Departamento de Fiscalização, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba (SMMA). Técnicos do órgão foram ao local em novembro do ano passado, constataram as irregularidades e lavraram as multas. Segundo a Prefeitura, a empresa recorreu da decisão. O teor do recurso ainda está sendo analisado.

Segundo o Executivo, foram aplicadas duas multas: uma de R$ 368.750,00 por supressão de 5 mil m2 de bosque nativo relevante com araucária; e outra de RS 29.771,00 para execução de aterro e movimentação de solo sem licença ambiental. O total da notificação é de R$ 398.521,00.

Foto: OJC

Em nota, a SMMA disse que “o empreendimento foi alvo de fiscalização do município de Curitiba após denúncias feitas à Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Foram aplicadas duas multas, que somam mais de R$ 400 mil, em relação às quais o responsável recorreu e o processo segue em análise. Houve também notificação para paralização e embargo da obra”.

Sem retorno

A Casteval foi procurada, para comentar a multa e a notificação para paralisação da obra, por mensagens de texto no número indicado pela imobiliária do grupo e por e-mail. Não houve resposta formal. Uma pessoa deu retorno por ligação, disse que a construtora está recorrendo e que enviaria as respostas por escrito. Mas não as recebemos até o fechamento desta reportagem.

Em nova tentativa de contato, nesta terça-feira (2), a reportagem foi ouvida pelo setor de Marketing da instituição, a qual informou que o engenheiro responsável entraria em contato, o que também não aconteceu.

Sobre o/a autor/a

34 comentários em “Bosque de 5 mil m² com araucárias é derrubado em Curitiba”

  1. Fernando de Lima

    A área fotografada está desmatada há mais de 15 anos, conforme histórico de fotos do Google Earth. Provavelmente, a questão é que obras recentes devem ter afetado vegetação na fronteira da área ou algumas árvores imunes de corte, como é o caso do pinheiro-do-paraná. Daí a atuação dos órgãos do meio ambiente.
    Me parece que a matéria jornalística beira o sensacionalismo. Os comentários também extrapolam. A empresa citada constrói condomínios que são o sonho de consumo de muitos. Tomara que as coisas sejam resolvidas em paz e mitigados os danos ambientais.

    1. É justamente o “sonho de consumo” de poucos, não de muitos, Fernando, que está destruindo a cidade que já foi chamada de “Cidade Ecológica”. Além da Prefeitura e da SMMA, o IAP e o Ministério Público deveriam cumprir a sua obrigação!

      1. Vc é cego? Ou ficou com preguiça de ler até o final da matéria? Normal para os preguiçosos de hoje em dia.
        A obra está embargada…

  2. Curitiba já era como cidade bonita.
    Já se foi o tempo de precaução com ecologia, com arquitetura e bom gosto.
    Um dia esteve próxima de cidades europeias, agora se iguala as outras cidades horríveis desse país.
    Não tem regulamentação ou fiscalização para poluição visual ou sonora.
    Verde só diminui enquanto tomam conta as arquitetura bregas, pombais gourmet e pontos comerciais com suas fachadas e cores horríveis, em todas as quadras, em todas as ruas.

  3. Só resta 12% de Mata Atlântica no País e estas empresas destruindo o pouco que ainda tem. Apesar de todo os serviços ambientais que a floresta presta, a sociedade ainda não valoriza e acaba construindo cidades que mais parecem um deserto de concreto para todo lado. Este empreendimento não tem razão nenhuma para existir.

  4. Vcs acham que a multada vai pagar
    Nunca ,
    Deveriam casar o alvará de funcionamento de uma empresa desta e muita ganância tudo pelo dinheiro
    A prefeitura se preocupa com uma moita de arbusto e 5 mil m2 de Pinheiro de araucária ao vale rs 300 e poucos mil e pouco a multa deveria de 10 / 20 milhões

  5. Sei que uma coisa não tem relação com outra, invasão x desmatamento, mas se casos como esses foram tratados com a mesma eficácia que tratam as invasões, certamente essa noticia não estaria aqui.

    A conta nunca fechará, para derrubar uma Araucária que ameaça cair na sua casa e te matar no meio da noite, você deverá acionar Deus e o mundo, se cortar a arvore sem autorização, mesmo que ela possa te matar ou destruir sua casa, responderá um processo que vai te causar grandes transtornos.

    Quem pode mais chora menos, infelizmente essa é a única regra que funciona.

  6. Certo, a prefeitura multa a empresa recorre e o empreendimento continua, afinal os lotes serão destinados a moradia de gente com muito dinheiro.

    A região em volta do parque Tingui é rodeada de mansões, muitas delas em áreas de preservação, mas prefeitura vai fazer algo?? Não, afinal lá estão os poderosos e milionários da capital.

    Mas se tem invasão na Cachimba, no CIC ou em qualquer bairro periférico, a polícia vai desce o cacete e põe todo mundo na rua. Ou até mesmo no Pilarzinho, para ficarmos na mesma região.

    A Casteval deveria ser condenada a doar terrenos para programas habitacionais e restaurar toda a área desmatada.

    Multa para eles é igual a minha opinião, não vale pra nada! ?

  7. Marco Aurelio Bueno

    Se deixar entre a empresa e a prefeitura não vai dar nada, o MP precisa entrar na jogada e punir exemplarmente os devastadores.

  8. Libia Patricia Peralta Agudelo

    A multa aplicada é pífia e provavelmente não irão pagar já que cabe recurso. Ato infame desta incorporadora que na surdina e se aproveitando da situação de isolamento, praticou ato ilegal. Nos cabe denunciar, deflagrar como o Plural está fazendo e boicotar essa empresa sem escrúpulos.

  9. A Prefeitura de Curitiba sabe até quando é construído casinha de cachorro no terreno, e não sabia deste crime ambiental? Tudo combinado. Infelizmente a multa será irrisória e logo veremos os imóveis sendo construídos. E assim caminha a humanidade…!!

  10. Em tempos de pandemia e crise hídrica, a empresa desmata um patrimônio natural irrecuperável e, em troca, é condenado a pagar uma multa que deve ser o preço de um lote dentro da quadra, cabendo recurso. Em terra onde Bolsonaro é presidente e Salles o ministro do meio-ambiente, o crime ambiental compensa.

    1. Essa pena faz parte de uma legislação proposta pelo presidente Bolsonaro? Esse é o problema que temos no país, essa notícia revolta a todos mas você quer se esforçar para politizar a questão envolvendo quem não tem a ver com isso hoje, esquecendo-se que quem estava no poder há algum tempo. Se o crime ambiental compensa, voltemos a 1998 – ano da lei – e responsabilizemos a todos que de lá para cá não modificaram isso. Coerência, meu amigo, por favor.

      1. Por gentileza, não distorça o que ele escreveu. Ele não culpou o presidente… apenas mostrou, na sua “fala”, que estamos vivendo uma realidade de impunidade em relação a crimes ambientais.
        Não precisa correr pra defender o mito… ele se defende muito bem sozinho.

        1. Joseane, por favor, precisamos analisar as coisas de forma mais ampla. Quero crer que possa ler novamente o meu comentário com calma e isenção para entender o que quis dizer. Obrigado.

    2. Pare de frescura. A cidade está infestada de favelas. Aí pode né?
      Tá parecendo oRio de Janeiro com aqueles barracos horríveis.
      Pelo menos as construções legalizadas fazem-se condomínios bonitos o que valoriza e deixa a cidade linda.

      1. Então para condomínio de rico pode tudo, inclusive desmatar, o que não pode é pobre se virando pra ter onde morar. O que importa é a beleza da cidade. Vamos proibir pobres de viver aqui!

    3. João Orlando Siqueira

      Tudo é culpa do presidente e de seus ministros, até a má administração do município é culpa do presidente. Vá procurar o caminhão de onde vc caiu seu tonto.

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