Autor diagnosticado com autismo conta em livro sua experiência

Leonardo Kriger publica livro para explicar como são o autismo e a superdotação vistos por dentro

Quando tinha 12 anos, o garoto Leonardo Kriger entendeu por que algumas coisas que ele fazia eram vistas como diferentes. Um diagnóstico médico revelou que ele estava dentro do espectro do autismo. Há quem considere um diagnóstico desses um peso – mas na verdade, dependendo das características de cada pessoa, o autismo pode passar longe de ser limitante.

No caso de Leonardo, o diagnóstico ajudou o o menino e a família a compreenderem melhor seu comportamento, e foi seguido por uma outra constatação, dessa vez de altas habilidades. Hoje já adulto, Leonardo conta sobre a experiência com esses dois diagnósticos em um livro que escreveu para tentar explicar o que é o autismo visto por dentro. “Você sente o que eu sinto?”, lançado neste ano, é o tema da entrevista com o autor que você lê abaixo.

De onde veio a tua ideia de fazer este livro?

A ideia para a criação do livro surgiu após um episódio traumático em minha vida. Já estava ciente dos diagnósticos, porém sentia um certo receio ao compartilhá-los com os demais, por conta da discriminação.

Porém, retornando à criação do livro, estava enfrentando um período conturbado em minha vida, no qual ansiava por uma mudança de ares, conquistar minha independência, me libertar da pressão que as pessoas próximas a mim colocavam sobre mim. Eu mesmo pressionava-me bastante para atender as vontades alheias!

Para acalmar minha cabeça, saí para caminhar. Quando estava chegado ao Parque Barigui, fui abordado por um rapaz, dizendo que estava armado e que eu deveria passar meus aparelhos de telefone celular e sonoro a ele, senão, ele atiraria!

Obviamente, fiquei paralisado, passei por uma pequena crise de ansiedade, porque pensei ter colocado minha família em risco, afinal, todos os meus contatos estavam salvos em meu telefone celular.

Passada a turbulência pensei, qual é minha missão neste mundo? Logo, me vali destes dois diagnósticos, para inspirar, conscientizar e acabar com a estatização acerca do Autismo e da Superdotação.

Como foi a tua história de descoberta da tua própria condição de autista e como isso influenciou tua vida?

Meu diagnóstico foi constatado em 2013, quando estava na transição dos doze para meus treze anos. Em um primeiro momento, pensei ter algum tipo de “defeito”, por conta de todos os comentários nocivos atrelados à neuroatipicidade. Porém, após um tempo, compreendi que o diagnóstico veio para que meus pais, pessoas próximas a mim compreendessem que a forma como eu falava, agia ou escrevia não era um assunto de preocupação, apenas uma forma distinta, na qual meu cérebro operava! Também aproveito para dissertar acerca do termo “normal”. Normalidade, em minha concepção, é um assunto deveras equivocado, visto que somos únicos, raciocinamos de forma distinta, apresentamos condutas distintas. Portanto, a única forma de aprendermos com a diversidade é esquecer os estigmas, a palavra “normal”, para que assim, verdadeiramente, logremos construir uma sociedade mais justa, empática e inclusiva.

Você também foi diagnosticado como tendo altas habilidades. Explica pras pessoas o que é isso?

Fui diagnosticado com superdotação. Para a obtenção de tal diagnóstico, um teste deverá ser aplicado para a obtenção do Quociente Intelectual (Q.I). Algumas características, tais como hiperfoco, hipersensibilidade compõem a vida de uma pessoa superdotada. Após o teste, se o Q.I for superior a 130, a pessoa será superdotada.

Julgo relevante comentar acerca da concepção equivocada, em ambiente acadêmico, da superdotação. A pessoa superdotada não apresentará sempre um desempenho acadêmico extraordinário, ela possuirá suas habilidades em outras áreas, tais como esportes, expressões artístico-criativas. Tal caracterização é deveras nociva, pois impõe uma pressão sobre a pessoa, podendo até levá-la ao desenvolvimento de ansiedade, depressão, depreciado, assim, sua saúde mental. Portanto, superdotação não é sinônimo de mérito acadêmico!

Tem muita gente que ainda acha que autismo é algo sempre limitante. O que você diria sobre isso?

Acredito que o autismo, se for utilizado para discriminar, segregar e impor uma conduta socialmente aceita à pessoa com tal diagnóstico, será limitante. Porém, se for utilizado como uma ferramenta de compreensão, será bem proveitoso. Cada pessoa situada no Transtorno do Espectro Autista é distinta, bem como ocorre com a sociedade em geral. O que funciona para uma pessoa, não funcionará para outra. Deve-se conhecer a PESSOA, o diagnóstico serve para compreender e destrinchar melhor este tipo de situação. Logo, o autismo será limitante quando tentarem transformar o autista em outra pessoa. Se forem atendidos seus anseios, escutadas suas preocupações, ele será algo libertador para muitas famílias!

Por que você acha importante as pessoas lerem teu livro?

Acredito que seja importante a leitura do meu livro, para que ocorra uma quebra da concepção convencional acerca do Autismo. Os principais livros nesta área são redigidos por profissionais, não, por autistas. Julgo relevante comentar também que tento romper com os estigmas e mostrar que há vida e MUITA vida, após o diagnóstico.

Onde é possível comprar?

O livro pode ser adquirido clicando aqui. Também possuímos a versão física pelo valor de R$ 39,90. O PIX para a compra é :125.818.309-99. Para adquirí-lo de forma física, basta entrar em contato comigo por minhas redes sociais, onde estou como Leonardo Bertolli Kriger. Também iremos lançar una versão traduzida para o inglês do livro logo, logo!

Sobre o/a autor/a

2 comentários em “Autor diagnosticado com autismo conta em livro sua experiência”

  1. Siomara Paciornik Schulm

    O livro é excelente, não só para leigos no assunto, mas principalmente profissionais da área, que “ditam” regras sem ter noção prática do que é a vida de um autista.
    Parabéns Leonardo!!!

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