Aulas presenciais na Rede Estadual voltam em 10 de maio

Com salas 100% ocupadas, professores entre 55 e 59 anos serão vacinados, mesmo sem autorização do governo federal

O governo do Paraná anunciou hoje (4) o retorno das aulas presenciais nas escolas estaduais a partir da próxima segunda-feira, 10 de maio. Ele será gradual e nos municípios com menos casos e óbitos por Covid-19. Em paralelo, 32 mil professores da Rede Pública, entre 55 e 59 anos, devem ser vacinados contra a doença, mesmo sem autorização do governo federal.

Das duas mil escolas estaduais paranaenses, 200 reabrem neste momento para receber os alunos, com salas ocupadas em 100%, segundo resolução da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). “A volta às aulas é um desejo de muitos professores e diretores e de boa parte dos pais. Nas escolas que voltam, houve uma vontade própria do diretor com sua equipe, que manifestaram a vontade de voltar, e foi uma opção da Seed de fazer com que voltassem as que têm mais dificuldade de contato com a tecnologia e acesso à internet”, explicou o governador Ratinho Jr (PSD), durante coletiva de Imprensa.

Segundo ele, a “inspiração” para o retorno presencial se deu no exterior. “Estamos nos inspirando no estudo de 21 países que descobriram que a escola não é o grande problema da transmissão do vírus, temos outras áreas que potencializam isso. Esses estudos nos dão a segurança de que é possível fazer este retorno no dia 10.”

Questionado sobre sua declaração anterior, de que as aulas só voltariam com os professores vacinados, Ratinho disse que “não dá pra esperar que todos serão vacinados em 30 dias”, mas que “a ideia é ser gradativo e os professores que voltam terão prioridade” na vacinação.

Não foram dados detalhes sobre a imunização, nem em quais municípios ela deve começar. “As 32 mil doses deste lote que chegou ontem (3) ainda estão em Curitiba e serão distribuídas de forma equitativa e isonômica, que será identificada por Regional de Saúde”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Beto Preto.

A ideia de dispensar uma porcentagem dos lotes de vacinas – destinados a pessoas com comorbidades – para os professores não foi aprovada pelo Ministério da Saúde, mesmo com o apelo pessoal de Beto Preto, que esteve em Brasília na semana passada. “Chegou a hora do Paraná decidir fazer, como Maranhão, São Paulo e outras Capitais, que já tomaram essa iniciativa. Esperamos que seja aceito pelos municípios.”

Curitiba, no entanto, reforçou que segue o Plano Nacional de Imunização e que “vacinar categoria diferente da estipulada gerará falta de doses para outros públicos prioritários ou mesmo falta de segunda dose para completar o esquema vacinal de quem já recebeu a primeira dose, como já vem ocorrendo em alguns municípios que não seguiram o plano nacional”. A Capital informou que segue com as aulas da Rede Municipal suspensas, “por enquanto”.

Vacinação dos educadores

Aos profissionais da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) serão dispensadas, inicialmente, 32 mil doses de vacina contra a Covid-19. Eles, no entanto, são 90 mil na Rede Estadual e 78 mil na Rede Privada, segundo Beto Preto. “Escolas privadas é outra discussão que vamos seguir com o Ministério da Saúde.”

O governo não explicou se os professores precisarão se cadastrar para a imunização, nem em que dia específico terá início a vacinação destes profissionais.

A Prefeitura de Curitiba foi novamente questionada pelo Plural se irá seguir o Plano Estadual ou o Nacional de imunização – que não inclui os professores nesta próxima fase. Até o fechamento desta reportagem não houve retorno quanto a esta questão.

Volta pra escola

O retorno presencial dos alunos para a escola será de forma gradativa e apenas em cidades onde o registro de casos e óbitos seja menor. “Estamos preparados e à medida que for dando certo vamos aumentar a continuidade de escolas abertas, até chegar a todas. Temos uma lista de escola e todas estão cientes, já avisando os pais”, destacou o secretário estadual de Educação, Renato Feder.

De acordo com ele, serão autorizados primeiro os municípios com mais alunos sem acesso à internet e com o maior número de profissionais fora do grupo de risco.

“Todas as escolas estaduais vão seguir os protocolos, uso de máscara, distanciamento de 1,5 metro, álcool gel, aferição de temperatura e autorização dos pais. O modelo será híbrido com escalonamento. Metade dos alunos vão numa semana, a outra metade na outra semana. A turma que está em casa acompanha as aulas ao vivo. O Paraná está preparado. Aos que não têm acesso à tecnologia, vamos priorizar os alunos para ter preferência em ficar todo dia na escola.”

Para o governo, o assunto foi “exaustivamente discutido” e “a própria sociedade traduz essa vontade de voltar às aulas”.

“O retorno às aulas não tem nenhum caráter empírico, sem metodologia, ele vem sendo conversado há um ano e, neste contexto, a Educação assume o protocolo de segurança como fundamental para reabertura”, completou Beto Preto.

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2 comentários em “Aulas presenciais na Rede Estadual voltam em 10 de maio”

  1. O problema mesmo nem são as escolas em si, podem ser readequadas para serem ambientes bem seguros seguindo protocolos adequados, e sim que ninguém vai e retorna por meio de pontes Rose-Einstein… Piada que costumo fazer em relação ao “ir e voltar”, o detalhe negligenciado muitas vezes. Deveria haver um transporte especial para os alunos e corpo docente, faxineiros e outros, requisitanto ônibus extras para haver baixa ocupação etc. Infelizmente em nosso país Educação Básica (de qualidade) não é prioridade, salvo casos isolados.
    E da tal “téquinología”, sempre existiu desde quando um primitivo pegou um graveto e… Seria informática, T.I., computadorizado ou afins.

  2. Valeu Plural! Vocês continuam fazendo excelentes matérias.

    Estou aqui intrigado com a frase do secretário:

    “Todas as escolas estaduais vão seguir os protocolos, uso de máscara, distanciamento de 1,5 metro, álcool gel, aferição de temperatura e autorização dos pais.”

    Analisemos. No início de 2021, as revistas científicas mais importantes, os órgãos de controle de diversos governos (por exemplo, o CDC) e agora a OMS dão ênfase ao fato objetivo de que o vírus da Covid-19 se propaga pelo ar.

    Sim, as pessoas se contaminam e adoecem principalmente ao compartilhar de ambientes comuns. Um ponto crucial é que, mesmo quando há poucas pessoas num lugar fechado, se a circulação de ar não for adequada, os riscos de adoecimento são enormes. Daí o movimento que tem ocorrido no mundo todo para garantir escolas seguras (com filtros de ar, ventiladores apropriados, planos calculados de aberturas de portas e janelas, instalação de medidores de CO2, dentre outras iniciativas). Opa! No mundo todo, menos no Paraná. Aqui, o secretário de Saúde continua com um discurso construído no primeiro semestre de 2020, totalmente desatualizado. A propósito, o governo do Estado nem toca mais no assunto “testagem e rastreamento”. Lamentável.

    Registremos os decretos, as políticas, as falas e declarações. É provável que, no futuro, os que conceberam e implementaram necropolíticas sejam responsabilizados e imputados.

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