Asilos de Curitiba registram 67 idosos com coronavírus

Destes, 11 precisaram ser internados e oito morreram; 55 funcionários também foram contaminados

Curitiba tem 126 Casas de Repouso, ou asilos, hoje chamadas de Instituições de Longa Permanência de Idosos. Nelas, todos os moradores são do grupo de risco para o coronavírus. Do início de junho até esta quinta-feira (9), 67 pessoas acolhidas nestes locais foram diagnosticadas com covid-19 e oito delas morreram. Entre os funcionários dos asilos, foram 55 contaminados.

O Plural teve acesso aos dados, resultado de um levantamento do Ministério Público do Paraná (MP-PR). O relatório aponta que, do total de 2.310 trabalhadores destas instituições, 55 já contraíram o coronavírus e um precisou de internamento. Entre os idosos, dos 2.257 acolhidos, 67 foram contaminados, sendo que, destes, 11 precisaram ser internados e seis morreram pela doença. Segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde, após a publicação da reportagem, são oito mortos.

Hoje, três idosos e uma trabalhadora continuam no hospital. Os dados não permitem saber quantos mais ainda estão com o vírus ativo no organismo. O levantamento tem base nos números da Secretaria Municipal de Saúde “mas temos contato direto com as entidades, que comunicam os casos positivos e confirmamos um a um por contato telefônico”, conta a promotora titular da 2ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso de Curitiba, Cynthia Maria de Almeida Pierri.

Segundo ela, um dos obstáculos está nos testes, já que nenhum deles é totalmente preciso. “O RT-PCR só adianta para pessoas sintomáticas. O sorológico também tem uma margem de erro que não é pequena e não faz diferenciação entre IGG e IGM, ou seja, se a infecção está ativa ou não. Estamos discutindo de que forma melhorar isso, mas a grande maioria já está recuperada.”

Testes semanais

Nesta sexta-feira (10) termina a primeira fase de testes nos asilos de Curitiba – que tiveram início em 3 de junho. “Agora que terminamos a primeira rodada temos a nota da Sesa que recomenda a testagem semanal. Mas a Secretaria Municipal diz que não tem condições de fazer semanalmente. Ainda não sabem como vão se organizar. Mas há uma discussão técnica sobre a necessidade dessa testagem contínua.”

Para a promotora, a contaminação dentro dos asilos curitibanos acompanhou a curva do Município: baixa no começo e com um crescimento muito rápido nas últimas semanas. “Não se pode dizer que houve negligência, já que estamos todos sujeitos à contaminação, mas é preciso redobrar os cuidados nestas instituições, pois este é um público de risco.”

Prevenção

Cynthia destaca que, além dos testes, é preciso haver ações efetivas de prevenção. “Precisamos conscientizar os funcionários que, mesmo quando não estão em serviço, precisam tomar cuidados extras e ter muita cautela, pela natureza do serviço que exercem. Eles precisam ter a responsabilidade de não se expor.”

Ela lembra que todas as visitas aos idosos foram suspensas no início da pandemia e que a Sanepar faz a sanitização dos ambientes externos das instituições com frequência. Todos os acolhidos também já foram vacinados contra a gripe (Influenza).

“Se avaliarmos o número de casos para o número de idosos, a situação está melhor do que o esperado. Estamos tendo sucesso em recuperar e os óbitos não chegaram a 5% do total”, afirma a promotora.

Das Instituições de Longa Permanência de Idosos cadastradas na Capital paranaense, 11 não possuem fins lucrativos e cinco têm convênio com a Prefeitura de Curitiba, por meio da Fundação de Ação Social (FAS). O restante é particular.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que está fechando o levantamento dos testes realizados nos asilos, mas não apresentou um posicionamento sobre o assunto até a publicação desta reportagem.

Oito mortos

Após a publicação da matéria no Plural, a Secretaria de Saúde de Curitiba informou que o número de idosos mortos nos asilos da Capital é de oito e não seis, conforme apurado pelo MP.

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