Área devastada de Mata Atlântica no PR salta e quase supera a dos últimos três anos juntos

Dados foram apresentados pelo Ministério Público. Desmatamento tem agravado a crise hídrica

A porção de Mata Atlântica devastada no Paraná em 2021 chegou a pelo menos 2,2 mil hectares. O número, por pouco, não supera o detectado no acumulado dos últimos três anos, que foi de aproximadamente 2,6 mil – 618 em 2018, 688 em 2019 e 1,3 mil em 2020.

O recorte é da Operação Mata Atlântica em Pé, lançada no último dia 20 de setembro sob coordenação do Ministério Público do Paraná (MPPR) e cujos resultados parciais por região e nacional foram divulgados nesta quinta-feira (30).

No Paraná, o total já apresentado considera a soma de fiscalizações feitas pelo Instituto Água e Terra (IAT), pelo batalhão da Polícia Militar Ambiental e também pela regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 174 áreas do estado com alerta de desmatamento. Comparativamente, trata-se do quarto crescimento de devastação seguido, revertendo o recuo observado entre 2017 e 2018 no estado. Em um contexto amplo, corrobora a tendência de ameaça à preservação ambiental brasileira.

“É de grande preocupação o cenário de aumento do desmatamento”, pontou o promotor de Justiça Alexandre Gaio, do MPPR, coordenador nacional dos trabalhos. Segundo ele, muito do aumento se deve ao aprofundamento da tecnologia dos sistemas de identificação – como os recursos do MapBiomas, por exemplo –, mas o salto nas atividades de desmatamento é inegável.

Somente nas fiscalizações do Ibama no Paraná, além de confirmação de supressão ilegal de áreas da Mata Atlântica em reserva indígena, também foram encontrados indícios de uso de fogo para devastação e de destruição de nascentes.

O MapBiomas, plataforma multiautoral desenvolvida ONGs e universidades brasileiras, indica hoje 1.501 alertas de desmatamento do bioma em todo o estado, com alerta para grandes áreas na região Sudoeste.

“Esta e a nossa triste realidade, destruição nascentes de uma forma absurda e isso compromete significativamente a composição hídrica da região Sudoeste”, alertou Ivana Ostapiv Rigailo, promotora de justiça e coordenadora do Comissão do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (Gaema) de Pato Branco.

O Paraná é um dos cinco apontados no  primeiro alerta de emergência hídrica emitido pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), em maio. O estado vive um dos mais severos episódios de escassez de água da história. Por causa do baixo índice de água nos reservatórios, Curitiba e região metropolitana estão sob rodízio de água desde março de 2020. No fim de agosto, Jandaia do Sul e Jardim Alegre, no Vale do Ivaí, entraram em sistema de abastecimento parcial, assim como também já ocorre, de maneira mais branda, em Pranchita e Santo Antônio do Sudoeste.

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