Ar na tubulação influencia na conta de água?

O Plural falou com consumidores, Sanepar e especialista para apurar a dúvida que veio com o rodízio. Confira!

“Durante o racionamento, meu consumo estava seguindo um padrão de 5m3. Aí em agosto veio 6m3. Setembro veio 5m3 novamente. E em outubro, 7m3. Quando peguei a última conta é que levei um susto”, conta uma moradora do bairro Portão, que preferiu não se identificar.

Ela garante que não alterou o consumo, que raramente passava de 5m3 e desconfiou que, com o rodízio de água, o ar presente na tubulação poderia influenciar na conta. “Um dia, uma torneira que fica do lado do relógio ficou aberta e quando a água estava sendo liberada pela Sanepar, saia muito ar até a água chegar. O ar vinha com bastante força. Pensei que, com a frequência que está ocorrendo corte de água, esse ar poderia contar como consumo.”

A Sanepar afirma, porém, que o ar não influencia na conta de água. “A pressão e o ar não alteram o consumo. O que faz a diferença realmente na conta é a passagem de água. Deve-se ficar atento ao registro. Se o ponteiro do relógio ficar girando, deve-se reparar se a numeração também altera. Se a numeração alterar, é questão de vazamento. Mas se o ponteiro ficar girando e a numeração continuar como está, é porque está tudo normal.”

Sem água, com ar

Mestre em Gestão Ambiental e especialista em Saneamento Ambiental e Instalações Hidráulicas, a professora de Engenharia Civil na Universidade Positivo (UP), Mirian Desplanches, esclarece que não há nenhum estudo que comprove que o ar nas tubulações seja contabilizado como passagem de água, mas que o ar está, sim, presente na rede. “Quando o abastecimento é cortado, a tubulação tem que estar preenchida com alguma coisa. Se não tivesse nada, iria formar um vácuo dentro da rede, que poderia fazer ela se romper. Então, quando não há água, há ar.”

A professora explica que durante todo o percurso da rede de abastecimento, são posicionadas algumas válvulas, chamadas ventosas. “Elas servem para retirar o ar da rede na retomada do abastecimento, que é feita aos poucos. Os técnicos ficam posicionados nas estações de bombeamento e vão ligando a bomba gradualmente, para que o ar presente saia e seja liberado pelas ventosas. Claro que nem todo o ar da rede vai dar conta de sair por essas válvulas. Então, um pouco de ar, quando temos a retomada do abastecimento, é normal, e isso pode realmente ter algum impacto na conta.”

Mirian reforça que essa teoria demanda mais estudos e que não há informação e embasamento técnico suficientes para afirmá-la com mais respaldo. “Às vezes nem gera esse impacto todo que estamos imaginando.”

Ela justifica que o aumento na conta de água pode ter relação com as práticas que persistem. “As pessoas deixam de fazer atividades, como lavar roupa, quando não tem água. Mas as atividades não deixam de ser feitas quando a água volta. Então, se você não vê um retorno financeiro, é por conta disso. Não quer dizer que só porque está faltando, e estamos deixando de fazer algumas atividades, estamos economizando. A economia de fato, é feita quando adotamos algumas medidas de reuso da água. Essas medidas é que fazem a gente economizar”, aponta a engenheira.

O Plural já mostrou dicas de como gastar menos água e também informou que chuva intensa em Curitiba só em 2021. O desafio é reduzir em 20% o consumo de água.

O canal de atendimento da Sanepar para ocorrências urgentes é 0800-200-0115 ou pelo site.

Colaborou: Matheus Koga

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12 comentários em “Ar na tubulação influencia na conta de água?”

  1. Em Campo Grande MS a empresa de água pode adicionar aumento no valor da conta de ~ 70% por uso de esgoto, eu acho injusto pois o esgoto é saúde e saúde é direto constitucional que não deveria cobrar tanto. Seria como as escolas públicas cobrar alta mensalidade por garantir direito à educação.

  2. Eu acredito que nem precisa ter ar, se tiver pressão de água subindo e descendo a água retorna pelo hidrômetro e pode registrar consumo alto até com torneiras fechadas. É uma coisa rara mas pode acontecer.

  3. Mario Soares Monteiro

    O estelionato praticado por essa concessionárias que fornecem ar ao invés de água é gritante, porque a justiça só vê o pobre cidadão como culpado não as estelionatárias que deveriam ter qualidade no fornecimento. Balela de defensores dessa praga de que cada dia que passa aumenta por alimentar políticos escroques do país

  4. AQUI NO BAIRRO DE SEPETIBA O RIO ÁGUAS ESTÁ VINDO COM O HIDRÔMETRO E INSTALANDO . A CONTA VEIO MAIS DE 600.00 REAIS E NÃO QUEREM DIVIDIR .
    AGORA FAÇO UMA PERGUNTA : O REDUTOR DE AR SE COLOCA ANTES OU DEPOIS DO HIDRÔMETRO?
    SE FOR ANTES TER A QUE CORTARNO CANO DA CIA. SE FOR DEPOIS FAÇO NO MEU CANO E DENTRO DE CASA . QUERO SABER ?

  5. A ar no encanamento, de noite quando aumentava a pressão rachava o cano e a maioria das vezes o vazamento só era detectado dias depois, pois a água continuava saindo nas torneiras sem pressão e o vazamento não aflorava no solo. A conta vinha com um valor absurdo.
    Depois de várias negociações de abatimento de vários valores absurdos, ainda tento em juízo abater a última.

    Um bombeiro me orientou, como sua casa é distante do hidrómetro, dê sobras 1/4 de volta no registro . Deu certo depois que aprendi não houve mais vazamento. Obrigado meu amigo.

  6. O Ar sim contabiliza e faz diferença na conta mensal. Depois que fiz o procedimento de fechar o registro e só abrir quando volta a água não tive mais problemas. Com certeza a Sanepar está dando um golpe milionário na população. O rodízio o principal motivo não é a falta da água e sim sustentar a incompetência administrativa desta empresa cheia de falhas e erros.

  7. Já foi provado que o ar é sim contabilizado como água ( teve até reportagem do fantástico em 2015 mostrando isso, só dar um google). O Plural deveria aprofundar mais o tema para seus leitores.

  8. Dorival B Polanski

    O meu consumo nunca passou de 6 a 7m3 mensais, com o rodizio chegou a 19m3 em agosto. Deixei o registro fechado durante a falta da água e quando retornou, ao abrir o registro, o mesmo disparou, assim como o ponteiro de marcação de consumo. Levou cerca de um minuto e meio para sair água nas torneiras. Isso é um absurdo dizer que o ar não está sendo cobrado. Em contato com a SANEPAR, foi sugerido fazer revisão no sistema para eventuais vazamentos que não foram constatados. ficamos em um impasse. Quem se responsabiliza pelo valor a mais pago nesses meses de seca?

  9. Penso que o assunto é pertinente. E para levar adiante, tem uma coisa que me intriga. Se o ar não altera o consumo, porque não é permitido colocar aquela válvula de saída de ar antes do relógio?
    É no mínimo estranho.

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