Após saída da Ford, montadoras da RMC avaliam perdas de 2020

Apesar da queda nas vendas de veículos, e do aumento dos impostos, produção deve continuar no Paraná

Com o anúncio da Ford de encerrar suas atividades de produção automobilística no Brasil, as atenções se voltam para as outras empresas do setor. Curitiba e na Região Metropolitana (RMC) são polos de diversas montadoras que, sem anunciar planos imediatos, avaliam a queda nas vendas e as perdas de 2020 para manter sua presença produtiva na área.

Segundo os dados mais recentes do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgado em novembro de 2020, a fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias emprega diretamente cerca de 36 mil pessoas em todo o Paraná. Sendo assim, é um dos setores-chave para o controle do desemprego e a manutenção da renda de uma significativa parcela da população local.

Com a saída da Ford de São Paulo, após mais de 100 anos de presença produtiva no país, cerca de 5 mil trabalhadores podem perder sua renda. E, apesar da empresa não contar com fábricas no Paraná, os efeitos dessa decisão podem afetar também as montadoras que estão presentes no Estado, relevantes para a economia local.

Sem alterações imediatas

Localizada em São José dos Pinhais (SJP), a fábrica da Renault afirma que sua produção não foi alterada nos últimos tempos e, no momento, não há planos para qualquer alteração da capacidade produtiva. Segundo nota da empresa, ela tem participação de 6,8% do mercado brasileiro e “a produção da Renault do Brasil se encontra normal”. E completa que o país é “o sétimo maior mercado para a Renault no mundo”.

Ainda assim, a montadora contou com demissões no início da pandemia de Covid-19, em 2020. Foram 747 vagas fechadas. No entanto, após uma greve, os trabalhadores foram readmitidos.

Segundo dados divulgados pela Renault na última terça-feira (12), o cenário atípico do último ano fez com que as vendas de veículos da marca caíssem 21,3%, acima do índice apresentado pelo mercado internacional, que foi de 14,2%. No Brasil, a queda foi de 45%.

Então, mesmo que a produção esteja normalizada no momento, o futuro do Grupo Renault será decidido apenas após a implementação do plano estratégico Renaulution, que será apresentado amanhã, 14 de janeiro.

Já para os trabalhadores diretos da fábrica da Volvo, em Curitiba, o cenário é mais reconfortante e sem tantas incertezas. Apesar da marca contar com veículos de passeio, a sua produção no Estado está focada em um ramo diferente, que não deve ser afetado pelas alterações que o setor está enfrentando no início de 2021.

“Esta decisão da Ford não tem impacto para nós, pois eles produziam carros, e o Grupo Volvo está num segmento totalmente diferente, de fabricação somente de veículos comerciais (caminhões, ônibus e equipamentos de construção)”, disse, em nota, a Volvo.

Os impostos

A montadora da Volkswagen em SJP divide o espaço com a fábrica da Audi. Foto: Audi

A fábrica da Audi, instalada em São José dos Pinhais, conta com um contexto completamente diferente. A montadora, que produz carros de luxo para o mercado nacional, está em um “hiato de produção”, segundo a própria empresa. Isso acontece porque a fabricação de seu principal produto, o A3 Sedan, foi finalizada em dezembro.

A definição de um novo modelo para ocupar a linha de produção ainda não ocorreu, pelo cenário instável do mercado de carros de luxo. Isso porque, desde as alterações no Inovar-Auto – o programa do Governo Federal para o setor – o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)  aumentou 30 pontos percentuais e dificultou a importação de peças.

“Fizemos todos os estudos necessários do nosso lado para trazer um novo modelo para a nossa linha de produção, mas ainda não há confirmação”, afirma a Audi.

A situação do IPI e a permanência do mercado de carros de luxo no país estão sendo discutidas com o Governo Federal, mas até o momento não há nenhuma decisão. Até a solução desses pontos , a linha de montagem está paralisada.

Já a Volkswagen, outra importante montadora na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), afirmou que não irá se manifestar ou dar mais informações sobre o tema no momento. A Audi e a Volkswagen dividem o pátio de produção no Paraná, também em São José dos Pinhais.

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