“Há oito anos, eu sofri um atentado e estou de cadeira de rodas, mas nunca consegui me aposentar”, conta Claudeir da Silva, morador de Curitiba. “De tanto ver a minha cara, o perito do INSS foi bem franco comigo: disse que assinou a minha aposentadoria. Mas até agora, não aconteceu nada. Está confuso, não consigo entender.”
Atualmente ele diz que recebe o Auxílio-doença, mas de maneira bastante instável, porque o benefício já foi cortado várias vezes. “São cerca de 1.700 reais. Eles pagam um mês e, no próximo, cortam e pedem outra perícia. Levando em conta que eu tenho duas filhas e vem um desconto de 800 reais das pensões, está bem difícil me manter nessa situação.”
Com a pandemia, as coisas pioraram significativamente. Claudeir fala que já foi diversas vezes às agências do INSS, em Curitiba, mas perdeu a viagem. “Eu sinto muita dor nas pernas, então preciso me programar para essa ida. Mas todas as vezes que fui, nos últimos meses, as agências estavam fechadas.”
Retomada dos atendimentos
Claudeir não é o único que teve os problemas com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) agravados durante a crise da Covid-19. Na verdade, ele faz parte de um grupo bastante volumoso de pessoas: pelo menos 600 mil em todo o Brasil, segundo a RPC.
A Assessoria de Imprensa do INSS não informou ao Plural dados da espera por perícias em Curitiba, nem sequer no Paraná.
O atendimento presencial nas agências estava suspenso desde março e em setembro, quando o governo liberou a reabertura, os peritos se negaram a retornar, alegando falta de estruturas de segurança contra Covid-19 nas unidades do INSS. Com isso, muitas perícias que já estavam agendadas para atendimento presencial precisaram ser novamente remarcadas, deixando os segurados sem os auxílios financeiros, atrasados desde o início da pandemia.
Os médicos peritos só começaram a voltar a trabalhar recentemente, após as agências passarem por vistoria para avaliar se estavam seguras para a reabertura. A maior parte segue fechada.
De acordo com o INSS, nove agências estão realizando perícias em todo o Paraná, sendo duas delas em Curitiba. Até o dia 5 de outubro, foram realizadas, ao todo, 467 perícias médicas no Paraná.
Confira a lista:
Cândido Lopes (Curitiba) – seis peritos médicos retornaram. No dia 5, teriam atendido a 60 segurados. Nos dias seguintes, passariam a realizar 12 perícias cada um, um total de 72 perícias/dia.
Visconde de Guarapuava (Curitiba) – 160 perícias.
Colombo – 12 perícias.
São José dos Pinhais – 12 perícias.
Araucária – 19 perícias.
Maringá – 84 perícias.
Cianorte – 12 perícias.
Londrina Shangrilá – 48 perícias.
Apucarana – 60 perícias, com cinco peritos. 12 perícias/dia de cada um.
“Além das unidades mencionadas, as seguintes agências se encontram habilitadas para realizar as perícias: Paranaguá e Umuarama. Nessas agências, os peritos médicos ainda não retornaram”, afirma a Assessoria.
Para obter informações sobre agências abertas, o segurado pode acessar o portal covid.inss.gov.br. Remarcações podem ser feitas pelo Meu INSS ou pelo telefone 135.