Alunos de escolas públicas e particulares falam sobre rotina de estudos à distância

As plataformas de Educação são diferentes, assim como o acesso e as limitações

Ana Paula*, de 13 anos, é aluna do Ensino Fundamental de um colégio estadual em São José dos Pinhais. Por ter acesso limitado à internet, ela vai toda semana na escola pegar as atividades impressas. Mas sente falta do conteúdo, que só está disponível on-line ou pela TV. Para Solange*, de 11 anos, aluna de um dos maiores colégios particulares de Curitiba, o conteúdo está acessível a qualquer hora, via plataforma digital própria da escola.

“Ainda tenho muitas dificuldades, pois nas folhas impressas não há material de apoio, somente as atividades. Não tenho internet em casa e, por isso, tenho acesso limitado aos aplicativos Aula Paraná e Classroom”, relata Ana Paula. “Assim como o colégio disponibiliza as atividades impressas, poderia disponibilizar também o conteúdo impresso respectivo às atividades propostas”, sugere a estudante.

Para ela, a suspensão do ano letivo – proposta pelo Conselho de Direitos Humanos do Paraná – seria uma boa opção para reforçar o conteúdo presencialmente. “Eu prefiro repor do que passar desse jeito, sem entender as matérias e nem conseguir tirar dúvidas. Do jeito que está, é tempo perdido.”

A mãe de Ana Paula* garante que a filha absorvia o conteúdo facilmente em sala de aula, não precisando de horas extras de estudo para se sair bem nos testes. Agora, por meio do ensino à distância, está tendo dificuldades com o aprendizado. “Ela absorvia a explicação do professor mas agora, assim, está tendo dificuldades.”

Carolina*, de 16 anos, aluna do mesmo colégio público, estuda somente por meio das plataformas do governo. Ela tem uma rotina de estudos bem definida. “Como eu já estudava de manhã presencialmente, escolhi o período da manhã para dedicar meus estudos online, pois meu cérebro já está acostumado com esse horário, e, por isso, me concentro mais”, percebe.

A aluna explica que sua maior dificuldade é a falta dos seus professores. “Como o aplicativo é do Estado, não são os professores da nossa escola que lecionam. Seria muito melhor se as aulas fossem com os nossos próprios professores, pois já nos conhecemos e temos intimidade. Mas poder tirar dúvidas com eles no Classroom ajuda muito”.

Carolina* reflete sobre a dificuldade de adaptação também dos professores ao ensino on-line. “Deve ser ainda mais difícil para eles do que para nós, com tantas turmas para administrar à distância, filhos para cuidar e auxiliar nos estudos também. Por isso, não devemos julgá-los, mas sim apoiá-los”, enfatiza.

Para ela, perder um ano letivo é sério. “Faz cinco anos que não temos um ano normal e estamos sobrevivendo. Podemos fazer revisão dos conteúdos. Os alunos que não estão fazendo as atividades on-line são os mesmos que nunca fizeram em sala de aula, e nunca vão fazer.”

Rede Privada de Ensino

Plataformas próprias facilitam a comunicação. Foto: Giovana Godoi

Na casa de Solange*, o cronograma de atividades chega semanalmente, enviado pelo colégio via plataformas próprias. São aulas em tempo real e também gravadas, além de questionários avaliativos que são encaminhamos ao professor via portal do aluno. “De segunda à sexta, estudo das 14h às 17h. Distribuo as disciplinas de acordo com os dias da semana para não me sobrecarregar.”

Mas ela diz sentir falta da sala de aula. “O meu colégio se adaptou muito bem à condição da pandemia, não tenho críticas. Mas é difícil estudar à distância, faz falta ter o professor por perto, para tirar dúvidas”, conclui a estudante, lembrando que o colégio disponibiliza um chat entre os professores e os alunos, em caso de dúvidas ou problemas.

Mariana*, de 9 anos, também estuda pela plataforma de seu colégio, que integra outra grande rede particular de Curitiba. “O sistema de ensino on-line da minha escola é bem fácil de lidar, mas prefiro as aulas presenciais. São mais divertidas e despertam mais interesse do que à distância”, avalia. “Acho as aulas síncronas (tempo real) melhores do que as gravadas, pois, para mim, são mais fáceis de entender. E também mudaria uma coisa: que pudéssemos tirar nossas dúvidas com os professores falando, ao invés de escrevendo no chat”, opina.  

(*Os nomes dos estudantes foram trocados para respeitar suas identidades.)

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