Airbnb: pandemia derrubou receitas e diárias no Litoral

Dados do mercado de aluguéis de Bal. Camboriú e Guaratuba mostram que a Covid-19 interrompeu um histórico de crescimento

O aluguel de imóveis por dia vivia um boom de crescimento no Litoral do Paraná e Santa Catarina no início de 2020, assim como no restante do mundo, até a chegada da pandemia. Dados divulgados pela plataforma de análise do mercado, AirDNA, mostram o tamanho da retração dos aluguéis de curta duração.

No Litoral paranaense, a queda na renda média de locatários do Airbnb em Guaratuba, foi de 75%. Em Balneário Camboriú, Santa Catarina, a retração foi 87% na renda média. Juntas, as duas cidades têm três mil imóveis disponíveis na plataforma.

Os números do site de análise de locações AirDNA mostram, porém, que o mercado parece estar num processo de recuperação lenta. Em Guaratuba, depois da taxa de ocupação de imóveis da região chegar a 3% em junho, ela subiu para 22%, em 50% da propriedades disponíveis em agosto.

Já em Balneário Camboriú, a ocupação de 50% das propriedades disponíveis chegou a 33%; e 71% em um quarto dos imóveis. Esse desempenho é melhor, inclusive, que o de agosto de 2019, quando 50% das propriedades tinham 29% de ocupação.

O crescimento, no entanto, não compensa a perda de receita. Com menos locações, os anfitriões da Airbnb baixaram os valores das diárias. O último dado disponível na AirDNA mostra redução na média das diárias cobradas, entre agosto de 2019 e agosto de 2020. Em Balneário Camboriú, elas caíram de R$ 332 para R$ 222; em Guaratuba, de R$ 353 para R$ 282.

Expansão e mudança de estratégia

Evolução da demanda de 2017 a 2020 em Balneário Camboriú. Fonte: AirDNA
Linha roxa – número de diárias contratadas
Barras amarelas – número de propriedades locadas

A pandemia de Covid-19 interrompeu um crescimento acelerado do Airbnb no Litoral dos dois Estados do Sul. Em Balneário Camboriú, de janeiro de 2019 a janeiro de 2020, o número de propriedades com locações cresceu 37,45% e o número de dias locados subiu de 35,9 para 52,3 mil; um crescimento de 48%.

Na série histórica, é possível ver que o volume de locações cai depois das férias de verão, em fevereiro e março, até junho. Volta a crescer de julho em diante. Este ano, porém, o volume de locações ficou alto até abril e então caiu muito nos meses seguintes em Balneário.

Já em Guaratuba, a queda foi mais acentuada já em março, com um aumento de locações em junho, mas retornando a um patamar baixo nos meses seguintes.

Evolução da demanda de 2017 a 2020 em Guaratuba. Fonte: AirDNA
Linha roxa – número de diárias contratadas
Barras amarelas – número de propriedades locadas

Um relatório da AirDNA aponta que o mercado de locações de curto prazo foi devastado em todo mundo pela Covid-19, mas foi menos atingido que o de hotéis. Na tentativa de melhorar o desempenho das locações, a Airbnb está focando na promoção de propriedades mais próximas dos locatários, ofertando isolamento e a oportunidade de sair de casa com segurança durante a pandemia.

Nos Estados Unidos, a estratégia têm sido acompanhada da divulgação de ideias para tornar as viagens oportunidades de aprendizado para as crianças e garantir que mesmo longe de casa o ensino remoto continue.

É provavelmente isso que justifica a melhor performance do Airbnb em relação a hotéis. Ao locar uma casa, o cliente pode escolher propriedades isoladas, mas com confortos importantes, como internet banda larga, mas sem o risco de dividir elevadores, refeições e espaços em comum com outras pessoas.

Entre os dados relativos a locações no Litoral do Paraná e de Santa Catarina, o tipo de propriedade com bom desempenho mesmo na pandemia parece confirmar essa análise. Entre as dez principais unidades tanto em Balneário Camboriú quanto em Guaratuba estão propriedade de luxo, com piscina, wi-fi, ar condicionado e de frente para o mar.

Uma propriedade como esta pode ser locada por cerca de R$ 1 mil por dia, um preço certamente proibitivo para a maioria da população, mas que atrai um público com condições de pagamento e o desejo de viajar. “As pessoas querem viajar, só não querem ter que entrar num avião“, disse em entrevista ao jornal New York Times,  Brian Chesky, CEO do Airbnb.

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