A reinvenção do projeto de extensão

As mudanças que o Ncep vem enfrentando devido à pandemia e à quarentena

O Núcleo de Comunicação e Educação Popular (Ncep) atua em diversas áreas de Curitiba e região metropolitana. Em 2019, trabalhamos diretamente com cerca de 300 pessoas e atingimos 2 mil indiretamente. São números que nos enchem de orgulho e trazem motivação para fazer muito mais. 

O nascimento de um projeto acontece da seguinte maneira: entramos em contato ou somos contatados por possíveis parceiros ou parceiros antigos. Conversamos, ouvimos os desejos e pensamos nas demandas de cada grupo específico. Depois, fazemos reuniões, com ou sem representantes da parceria, planejamos e organizamos um cronograma pensado nos mínimos detalhes. Após termos a aprovação e a confiança necessária para executar os planos, partimos para a ação.

O deslocamento é feito por uma van fornecida pela universidade ou por transporte público. No trajeto, combinamos os detalhes finais da oficina do dia, conversamos e nos divertimos, sempre num clima leve. Quando estamos em 6 ou 7 pessoas indo e voltando dos lugares em que realizamos as oficinas, nem percebemos a distância percorrida e o tempo gasto para fazer o que fazemos. Ao descobrir que no ano de 2019 atravessamos, no mínimo, 170 quilômetros por semana para exercer nosso trabalho, até duvidamos. Parece uma distância gigante se compararmos com a sensação de passagem do tempo, justamente porque sempre estamos empolgados e motivados. 

Quando a pandemia da COVID-19 atingiu o Brasil, tivemos um baque. Como manteríamos o Ncep vivo? Como faríamos para continuar trabalhando com nossos parceiros sem nos encontrarmos pessoalmente? Absolutamente tudo era realizado presencialmente, e precisávamos encontrar uma maneira de contornar essa situação. Nos primeiros meses, ficamos perdidos e estagnados. 

Como quase todo o mundo, tivemos que nos reinventar. Aprendemos a utilizar as plataformas da internet como principal meio de trabalho e adaptamos as oficinas para o modelo on-line. Aos poucos, tudo foi se ajeitando, dentro do possível. Projetos alternativos foram surgindo. Criamos novos laços e conexões. Para compensar o momento de grande tensão e dificuldade que estamos vivendo, procuramos  sempre levar as coisas de maneira leve e descontraída. Nosso objetivo é chegar ao maior número de pessoas e incentivar a interação do estudante com a universidade em um momento tão difícil. 

Entretanto, nem tudo são flores. Ter que adaptar nosso trabalho estritamente para o meio online trouxe muitos desafios, a começar pelo fato de que nem todas as pessoas com as quais trabalhamos têm acesso à internet. O contato e interação com os participantes ficou cada vez mais difícil e as atividades que realizamos, infelizmente, atingem e contam com a participação de menos gente que o habitual. Muitas vezes, eles não têm a empolgação e ânimo que tinham com as oficinas presenciais, o que é compreensível e justificável. Vivenciar uma pandemia, as dificuldades e as angústias que ela acarreta mexe com o psicológico de qualquer um. Nas oficinas presenciais, a falta de engajamento acontecia eventualmente, mas tínhamos estratégias para driblar a situação. Atualmente, estamos no processo de descobrir maneiras para melhorar a dinâmica online do relacionamento entre nós e nossos parceiros.

Apesar das dificuldades, não há espaço para desânimo. Temos exemplos de sucesso no ano de 2020. Lançamos, em parceria com o Colégio Estadual João Gueno, a revista online Janelas Abertas. Ela foi idealizada pela professora Érica Rodrigues e os conteúdos foram integralmente produzidos pelos alunos do nono ano. É um projeto incrível e você pode acessá-lo aqui. Fizemos, também, um grupo de leitura com alunos da Federal. Realizamos encontros semanais com o propósito de discutir textos com temáticas relacionados ao Ncep, além de trazer um convidado especialista no assunto toda semana; uma maneira de manter nossa essência viva.

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