A igualdade de gênero em debate

UFPR discute trajetória de ideias feministas e suas conquistas. Semana de eventos marca 25 anos do Núcleo de Estudos de Gênero da universidade

As relações de gênero serão tema de encontros, palestras e ideias durante toda esta semana na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No anfiteatro 100, comunidade acadêmica e convidados se reúnem para celebrar os 25 anos do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR (NEG/UFPR). Em destaque, a trajetória de ideias feministas e de suas conquistas, com foco no “Feminismo na América Latina”.

Na conferência de abertura, nesta segunda-feira (26), a pesquisadora e doutora em História Margareth Rago falou sobre feminismo por aqui. “O Brasil tem uma experiência das mais ricas em explosões feministas. Foi surpreendente. Especialmente para nós, que viemos da ditadura. Não tínhamos a possibilidade de chegar aqui e falar, de se articular, de sentir calor e abraço pelo olhar. Era solidão e isolamento enlouquecedores. E o feminismo veio nessa contracorrente, em meio à ditadura, com uma articulação impressionante. As mulheres haviam desenvolvido outras maneiras de pensar, interpretar, de olhar, ter filho, trabalhar. Essa experiência veio pra esfera pública e a feminização foi enriquecedora, não só para as que quebraram a identidade ‘mulher’, mas também para os homens.”

O feminismo, recorda ela, trouxe uma experiencia enorme na luta contra os códigos normatizadores e as formas de submissão. “Por isso é muito inspirador, pois traz a linguagem conceitual para falar dessas experiências de emancipação.”

Margareth lembra ainda a explosão da identidade materna. “Aí pluralizou-se a forma de ser, o modo resistência, a possibilidade de conectar e as mulheres foram se relendo e se articulando.”

O feminismo trouxe também importantes transformações e, sobretudo, produziu outra concepção da política. “Trouxe a política como o cuidado de si e do outro. O político é aquele que vai cuidar da cidade. Isso é um cuidado feminista”, percebe.

Ao se falar em feminização da cultura, “não é só dizer que as mulheres entraram na cultura, pois elas poderiam entrar e só reproduzir os homens. Mas não foi o que aconteceu”.

A historiadora reforça a necessidade da percepção das mudanças positivas trazidas pelo feminismo. “É melhor começarmos a perceber que há muita mudança positiva, como as mulheres transformaram a esfera pública e a esfera privada e como os homens também tiveram que se transformar. E temos que reconhecer estas mudanças para nos fortalecermos. A resistência são as forças que se unem”, diz.

“Que bom que hoje o feminismo pode entrar em todos os espaços, pode mudar o imaginário e descolonizar o inconsciente, o imaginário, o pensamento e abrir para que possamos experimentar novas formas de vida, de atuação política e de humanização”, conclui.

A semana em comemoração aos 25 anos do Núcleo de Estudos de Gênero da UFPR terá atividades ate sexta-feira (30), sempre às 18h30, no teatro da Reitoria. A entrada é gratuita e aberta ao público.

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