A Aids ganha os jornais e as capas de revista

Num momento de pânico com a doença, imprensa teve papel esclarecedor. mas não sem alguns deslizes

Esta publicação faz parte do Festival de Jornalismo Literário, organizado em parceria pelo Plural e faculdades de jornalismo de Curitiba e Ponta Grossa. O livro-reportagem de Pedro Macedo está sendo publicado em capítulos nesta semanaVocê pode conferir a primeira parte aqui. A segunda está aqui. A terceira está aqui.


O jornalismo teve um papel importante na conscientização sobre a aids. Claro. Não foi perfeito no início. Mas assim como os médicos, os profissionais que cobriam a área da saúde também não tinham conhecimento suficiente sobre a doença. Viriam a aprender com o tempo sobre transmissão, tratamento e empatia com o paciente. 

O papel de comunicador se repete mais de 35 anos após o início da aids. Em junho de 2020, o Ministério da Saúde parou de divulgar o número total de mortes causadas pela Covid-19. Além de divulgar os dados depois das 22 horas, horário em que telejornais noturnos já haviam fechado suas pautas. Instituições como Globo, Folha, Estadão e UOL se uniram para manter uma base de dados sobre a doença e continuar divulgando a informação para a população. 

E para informar com qualidade, muitos profissionais enfrentaram o vírus que chegou sem pedir licença nas UTIs e nas redações de grandes veículos do país.

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— Oi, é o Jorge? É sobre o paciente que você entrevistou aqui esses dias… 

Em 1984, o jornalista especialista na área de Saúde, Jorge Javorski, recebia a ligação na redação do jornal O Estado do Paraná. Só pelas primeiras palavras e pelo tom de voz da funcionária do hospital Oswaldo Cruz, do outro lado do telefone, ele sabia que o destino do entrevistado não contribuiu para que lesse a matéria impressa no dia seguinte. Era o que acontecia com os pacientes com aids que ele entrevistava na década de 1980. Como a epidemia estava no início e o tratamento ainda se encontrava em estudo, aqueles que apresentavam graves sintomas da doença não tinham muito tempo de vida após o avanço do vírus. 

As entrevistas com portadores do HIV eram em grande parte asseguradas pelas ONGs e Organizações da Sociedade Civil (OSCs), que cuidavam da preservação da privacidade de alguns pacientes. Jorge colhia depoimentos dos infectados, experiências de vida, avanços no tratamento. Tudo em um pequeno gravador, ou mesmo sustentado pelas memórias dos caderninhos de anotação que levava durante a entrevista. Além da morte repentina dos pacientes com os quais conversava, outra dificuldade que Javorski sentia era o medo de que, ao assumirem que estavam com a doença, tivessem a identidade divulgada em um jornal de grande circulação. Seja por causa da família ou por questões trabalhistas, que ainda determinavam demissões e espelhavam preconceitos sociais. 

Jorge começou a fazer coberturas jornalísticas sobre a aids ainda em 1984, período do primeiro paciente em Curitiba. Dizia-se nas redações que, uma vez que alguém entra em um assunto, fica com ele para sempre. Foi assim que muitos jornalistas construíram uma carreira em editorias específicas. Jorge da saúde. João dos esportes. Renata da economia. Como o profissional trabalhava exaustivamente com o mesmo tema, e tinha contato com as fontes facilmente, a setorização se tornava um fato.

O profissional se formou em 1983 pela UFPR e logo depois foi trabalhar na redação do jornal O Estado do Paraná. Era um jornal de renome, com uma organização rígida e bem setorizado. Editorias de Meio Ambiente, Saúde, pauteiros responsáveis pela busca dos novos conteúdos, chefes de reportagens exigentes e reuniões de pauta diárias. A redação tinha uma organização pensada para a estrutura de um jornal americanizado, no lindo bairro da Vista Alegre. Das janelas do Estadinho, seu apelido, enxerga-se Curitiba lá embaixo. A equipe era bem completa e subdividida.

Jorge Javorski, jornalista especializado em saúde.

No exercício do jornalismo, Javorski teve contato com apoiadores de ONGs, que precisavam voluntariamente disseminar as informações sobre a aids. Logo, o acesso a fontes se dava com facilidade. O contato com médicos dependia muito da agenda dos profissionais. Mas Javorski geralmente conseguia marcar algum horário para comparecer ao Hospital de Clínicas da UFPR ou ao Hospital Oswaldo Cruz, que também era um centro especializado na ocasião. As assessorias de imprensa desses hospitais mandavam avisos às redações com data e horário das coletivas de imprensas para atualizar os avanços nas pesquisas e os boletins epidemiológicos. 

Na década de 1980, a imprensa em Curitiba era dominada pelos jornais Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Folha de Londrina e Jornal do Estado. A Tribuna do Paraná era um veículo mais popular – para não dizer sensacionalista –, mas também disputava público com os outros ali estabelecidos. A Folha de Londrina tinha uma sucursal no bairro do Centro Cívico para acompanhar de perto as ações que impactavam o público no norte do estado. Era no mesmo bairro em que ficava o Jornal do Estado, também paranaense. Um pouco mais abaixo, na Avenida Silva Jardim, no bairro Rebouças, ficava o gigante paulista, Estadão. O jornal O Globo, carioca, abria seu espaço em Curitiba com uma redação bem estruturada e repleta de jornalistas. A maior revista do Brasil, a Veja, tinha uma versão local chamada Veja Curitiba, que fez muito barulho à época e ainda não era um veículo considerado de direita. 

O tempo das sucursais foi áureo. O que a imprensa local não dava, os grandes publicavam, obrigando os demais a irem atrás. A partir de 1971, em seu primeiro mandato como prefeito biônico – ou seja, indicado pelo regime militar –, Jaime Lerner começa a se notabilizar por soluções urbanísticas simples e baratas que mudaram Curitiba e o olhar exterior sobre ela. A cidade ganhou fama de laboratório “de tudo”. A capital também tem uma posição estratégica na gestão do café e do Porto de Paranaguá, assim como do projeto Itaipu – um dos grandes investimentos da ditadura. Ter uma sucursal por aqui significava estar perto de uma pá de assuntos nacionais. Foi nesse contexto de ebulição editorial que o tema aids desembarcou nas redações.

O jornalista Jorge Javorski brinca consigo mesmo por se considerar o “atrasador de jornais” da redação. O que se mostrava uma virtude do jovem repórter, que demorava a entregar o texto porque ainda tinha esperanças em conseguir alguma informação relevante antes do fechamento, era uma tormenta para os editores. No momento em que o chefe de reportagem cobrava a matéria, Jorge ainda estava terminando alguns parágrafos. “Catando letrinhas na máquina de escrever”, como ele mesmo diz. A pressa era porque o jornal precisava ser impresso em prova, depois revisado, diagramado, ia para a sala de máquinas e em seguida para as bancas. 

Dentro de O Estado do Paraná, Javorski desenvolveu uma amizade profissional com os ativistas Toni Reis e David Harrad, fundadores do Grupo Dignidade, que trabalhava e ainda trabalha com os direitos da população LGBTQIA+ em Curitiba. Os dois se transformaram em uma fonte importante na carreira profissional do jornalista. Jorge vem de uma época em que não se mostrava abertamente a identidade sexual. Era muito raro ver casais homossexuais na rua ou mesmo ter contato com gente que vivia sua sexualidade sem medo dos boicotes da sociedade. Logo, seu convívio com aids e termos da comunidade se deu diretamente durante seu longo estágio nas redações. 

Em 1988, ele saiu do jornal O Estado do Paraná e foi para a Rede OM, atual Rede Bandeirantes. Ficou até 1991 e depois se tornou setorista de saúde na Gazeta do Povo. Permaneceu no maior jornal curitibano até 2004, quando entrou com o pedido de demissão voluntária e abriu sua própria agência de comunicação. 

Como contribuição para o jornal, criou a página de Ciência e Saúde na Gazeta, publicada então às segundas-feiras. O veículo passou a receber muitas demandas nessa área, uma vez que os leitores se interessavam pelo tema – um fenômeno nacional, aliás, dando origem ao chamado “jornalista de saúde”. Como ele já estava acostumado a fazer produção dentro desta editoria, a Gazeta o assumiu responsável pelo caderno. Com tanto tempo atuando na cobertura da área, Javorski tinha o crachá reconhecido nas coletivas dos secretários estaduais de Saúde e se tornou uma referência em aids.

Jorge com José Wille. Foto: Arquivo pessoal

Quando Jorge chegou, a redação da Gazeta era um pouco distinta, se comparada à de O Estado do Paraná. As pautas sobre aids se resumiam a duas ou três linhas, enviadas telegraficamente pelas agências internacionais, via Telex. Os fragmentos eram costurados e editados, não raro em espaços pouco privilegiados, como os rodapés. Dentro do jornal, a epidemia não gozava de grande status e aparecia apenas quando se tinha um gancho, como se diz no jargão, a exemplo da contaminação de algum astro do cinema. 

Assuntos mais alegres e comemorativos também fizeram parte da história de Jorge cobrindo a área da saúde. Ele acompanhou a quebra das patentes dos medicamentos para tratamento do HIV, que então passaram a ser distribuídos pela rede pública de saúde. A medida foi celebrada por ativistas, profissionais médicos e imprensa. 

Além dos conhecimentos sobre a aids, também cobriu outros marcos. Jorge acompanhou o doutor Danton Rocha Loures fazer o primeiro transplante de coração bem sucedido do Paraná. E estava presente quando o doutor Julio Coelho realizou o primeiro transplante de fígado vitorioso no estado. 

Para os trabalhos remotos que exercia na assessoria do hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, acompanhou o primeiro transplante de rim duplo das Américas. Conseguiu emplacar a matéria no Jornal Nacional, de maior audiência do país. Outro procedimento na qual esteve presente, no hospital, foi o transplante duplo de fígado. Nesse caso, o paciente recebeu metade do fígado da sobrinha e a outra do filho. 

Colocar uma matéria sobre a instituição nos jornais de grande audiência, como Jornal Nacional, era uma forma de garantir a visibilidade do hospital e dos programas de melhorias para os pacientes. Jorge conseguiu outra pauta na TV com a doação em comodato de cadeirinhas para as mães que saiam da maternidade, assim como vender a matéria do primeiro transplante de medula óssea feito no HC-UFPR para o Fantástico, outro programa de grande audiência da Rede Globo.

E assim fez nome na cobertura da área da saúde, passando a receber cada vez mais pautas especiais sobre o tema. O momento em que começou a trabalhar com aids foi sem aviso. O seu editor chefe chegou para mais um dia corrido na redação e lhe entregou a pauta. Veio bem construída, com fontes, histórico de outras notícias. Sabia do que se tratava, mas seria sua primeira vez com a aids, 

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Se hoje as notícias chegam pelo e-mail, na década de 1980 chegavam pelo Telex. A ferramenta funcionava como impressoras jurássicas, que pareciam saídas de um filme de guerra, ligadas a redes internacionais. Não paravam de cuspir notícias, impressas em folhas picotadas ao lado, como a dos antigos eletrocardiogramas. Vinham muitas vezes em fragmentos, para serem “penteadas” pelo editor da redação e pelos repórteres. Ao juntar informações da alemã Reuters e da France Press, por exemplo, nascia um texto. 

O sistema Telex, por um tempo, foi acusado de causar a demissão de correspondentes internacionais. Os jornais compravam notícias produzidas em cidades como Paris, Londres e Nova York, e as recebiam via Telex. No final dos anos 1990, a informatização maciça das redações pôs fim a essa modalidade de transmissão, mas não às agências internacionais, que permaneceram, em certo sentido, pasteurizando a notícia.

Em 1986, na sucursal de O Globo, a jornalista Elza Filha recebia a pauta do dia. No documento, a jornalista toma conhecimento do caso de uma moça, descendente de alemães, que vive no interior do Paraná e que se chamava Haids. Aids, mas com H. O foco da pauta era acompanhar na Justiça a solicitação de Haids para mudar o nome. Ela aproveitou uma brecha legal, entrou com o pedido e ganhou na Justiça o direito a se rebatizar. Hoje, Elza não se lembra exatamente qual nome a personagem adotou. Provavelmente, alguma Sônia, Ana, Elizabeth, qualquer um que não lembrasse uma doença com tamanho estigma. A personagem encarou toda essa manobra para evitar as piadas da época, que hoje se enquadram perfeitamente como bullying, ou para evitar com que achassem mesmo que ela estava infectada.

Elza e o marido, o fotógrafo Carlos Ruggi.

Os famosos contaminados pelo vírus HIV dominavam o noticiário. Mas não eram a única ocupação da jornalista Elza Oliveira Filha. Certa vez, recebeu a notícia de que havia em Curitiba um homossexual que trabalhava em um cargo importante de um órgão público, cuja denominação não mais se recorda. O homem era de uma família abastada da capital. Para fugir do preconceito e do conservadorismo local, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ninguém o conhecia, ou sabia de sua orientação sexual. 

Ele foi assassinado no Rio. Elza se lembra de escrever sobre o caso, no qual havia resquícios de muita violência. O corpo foi trazido pela família para ser sepultado em Curitiba e O Globo escalou Elza para cobrir o crime e o traslado. Foi um dos seus piores dias na profissão jornalística. O céu nublado que cobria o Cemitério São Francisco de Paula, o mais importante da cidade, ajudava a criar um cenário de tristeza e melancolia. A imagem do caixão sendo abaixado para ser enterrado ficou em sua mente. A jornalista conversou com os presentes, perguntou como era o homem que agora havia tido sua luz apagada. Mas se recusou perguntar à mãe do rapaz como estava se sentindo. 

Houve algumas especulações sobre a morte, mas a família não permitiu uma investigação. Dizia-se que o homem enterrado portava o HIV e que havia sido assassinato por um dos parceiros, por ter escondido a síndrome. Não houve uma autópsia ou exame que confirmasse o motivo da morte. 

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O interesse de Elza pelo jornalismo veio do âmbito familiar. Seu pai, comerciante em Bom Sucesso, Norte do Paraná, era comunista, crítico da exploração capitalista e apaixonado pela leitura. Filha conta com orgulho que ele “catequizava” a população “na mais valia”, atrás do balcão. Para fazer companhia, Elza acabava se juntando a ele em longas leituras dos jornais e livros durante o dia. Ela sempre gostou de escrever e garantia boas notas nas redações que fazia para o colégio. Evidentemente, queria transformar a sociedade e fazer algo até que heroico pelo povo com o jornalismo, principalmente na época da ditadura militar, período em que frequentou a Reitoria da Universidade Federal do Paraná, formando-se em Jornalismo no ano de 1974. 

Aquele era um momento em que se contrapor ao sistema se tornava cada vez mais necessário. Elza enxergava no jornalismo um veículo de luta importante, de defesa das posturas democráticas e que precisava se manter firme apesar dos cerceamentos. O Globo, jornal em que trabalhava, era um dos veículos que dava sustento ao regime. Mas os repórteres, conta ela, tinham alguma folga para se contrapor ao ecossistema nebuloso da política brasileira. Dentro das redações do O Globo pelo país, os jornalistas tinham o aval do empresário e dono do Grupo Globo, Roberto Marinho, que enfrentava os militares dizendo: “Dos meus comunistas cuido eu”. 

O que Elza Filha aprendeu na redação foi “na marra”, visto que as aulas no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná não só ignoravam o que ocorria na prática, como o departamento era um ninho de favoráveis à ditadura e até mesmo de dedos-duros, que entregavam estudantes militantes e professores ao governo. 

O complexo da Reitoria da UFPR é um quarteirão no Centro de Curitiba. Abriga um prédio maior de 12 andares, batizado de Dom Pedro I, ou “Dom Pedrão”, ladeado por um prédio menor, de seis andares, chamado de Dom Pedro II, ou “Dom Pedrinho”. Entre os dois prédios está uma construção de três andares, na qual funciona o gabinete do reitor e outras salas da administração central da universidade. O local também dá acesso ao Teatro da Reitoria, palco para atividades culturais na cidade e formatura dos estudantes da UFPR. 

Entre 1970 e 1980, as aulas de Jornalismo aconteciam no Dom Pedrão, em seus anfiteatros. Quem se aconchega na primeira fileira tem os pés no chão e quanto mais para trás, mais altas as cadeiras vão ficando, espremidas em degraus estranhamente estreitos. Quem se senta no fundo do auditório tem uma visão panorâmica de tudo e de todos na sala. O curso se chamava então Comunicação Social. Os dois primeiros anos eram do currículo básico e nos períodos seguintes os alunos podiam escolher uma habilitação entre Jornalismo, Relações Públicas ou Publicidade e Propaganda. Nas aulas do ciclo básico, o auditório se enchia com mais de 100 alunos reunidos para acompanhar as aulas de História da Comunicação, Rádio e temas afins.

Volta e meia, a sala do anfiteatro, repleta, revelava figuras engravatadas. Dirigiam-se até o fundo, de onde podiam ver melhor. Os estudantes sabiam que eram o que chamavam de espiões da Reitoria ou mesmo subalternos dos censores que atuavam no Sistema Nacional de Informações (SNI). Os sujeitos acompanhavam as aulas, para vigiar conteúdos, e seguiam as movimentações estudantis, para reportar às autoridades. Algumas figuras da universidade eram mais perseguidas do que outras. Sabia-se da existência de professores informantes dentro do curso, curso que recebeu no seu quadro docentes transferidos da graduação de Estudos Sociais, que habilitava para a disciplina obrigatória de Educação Moral e Cívica, uma das invenções do regime militar para pasteurizar o ensino de História e Geografia. 

Elza lembra que os universitários, quando visitados em sala de aula, recorriam a conversas cifradas ou em grupos muito pequenos. As aglomerações eram alvo suspeito de manifestação ou algo do tipo. Alguns estudantes eram críticos aos conteúdos de algumas aulas e buscava-se compensar o currículo capenga com oficinas que a própria Elza e seus colegas do Centro Acadêmico (Cacos) organizavam. O curso, no entanto, não tinha muitos equipamentos para atender a todos os alunos. Em tempo – os estragos que atingiram o curso de Comunicação Social-Jornalismo só foram atenuados nos anos 1990, quando a professor e pesquisadora Rosa Maria Della Costa capitaneia a reformulação do departamento e o coloca no rol dos bons cursos em atividade no país.

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A produção das pautas sobre a aids dentro de O Globo também contava com a ajuda dos voluntários conectados ao movimento, como ONGs e instituições que trabalhavam com a população homossexual, travestis e profissionais do sexo. Um desses órgãos é o Grupo Dignidade, que se tornou de grande relevância em Curitiba por estar presente na atuação de lutas pelos direitos da comunidade. O grupo, inclusive, foi uma grande fonte de informação para a divulgação de métodos de proteção, após ter feito campanhas em conjunto com o Ministério da Saúde. 

Toni Reis, com o marido David.

O Dignidade foi criado em 1992 como uma Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos, assim como a Fênix tratada no capítulo 2. A iniciativa se mostrou vanguardista. Primeira do Paraná organizada para trabalhar com a divulgação e promoção da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e os outros grupos da sigla. Em 5 de maio de 1997, o Dignidade se tornou a primeira organização LGBTQIA+ do Brasil a receber o título de Utilidade Pública Federal, por meio de um decreto presidencial. 

O hoje doutor em Educação, professor de inglês e ativista Toni Reis, diretor executivo do Dignidade, se tornou conhecido pela sua luta a favor das minorias sexuais. Sua paciência e sanidade mental ficaram provadas depois de participar de uma comissão que debatia o Estatuto da Família, em 2015, na qual dividiu mesa com o pastor evangélico Silas Malafaia. Em um momento da discussão, enquanto Toni Reis se sentava na bancada com um semblante calmo, Malafaia berrava que “a ditadura gayzista iria acabar com a família”. A imagem viralizou na internet alguns dias depois.

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O escritório de Javorski fica em seu próprio apartamento, no bairro do Rebouças. É um condomínio de parede azul, que se destaca no meio dos prédios vizinhos em tons terrosos. Por causa da poliomielite quando criança, o jornalista tem seus movimentos limitados em decorrência da doença e por isso evita os andares mais altos e vive no segundo piso. O interesse pela área da saúde vem também das longas jornadas em consultórios médicos, desde criança.

As sequelas deixadas pela pólio nunca o impediram de percorrer Curitiba inteira, entrevistando e escrevendo matérias sobre a área da saúde. A longa experiência com os temas lhe garante convites para entrevistas. Caso exista algo que ele ainda não saiba, trabalhar por tanto tempo na apuração dessas informações fez com que conhecesse uma fonte específica para cada assunto da medicina. 

O quarto de visitas foi remodelado para acomodar o escritório. Pequeno, com paredes brancas, um computador no canto esquerdo, e na beira da janela, uma cômoda exibe a sua coleção de câmeras fotográficas. Já fizeram parte de muitas histórias. Certa vez, em um sábado de manhã, como sugestão para seu chefe de redação n’O Estado do Paraná, acompanhou uma retirada de múltiplos órgãos no HC-UFPR. A cada órgão, Jorge fotografava. O fígado foi fotografado. Tirava mais um, dessa vez o coração, e em seguida outro click. Aquela câmera, que viu o corpo humano na sua mais pura essência, agora está aposentada na cômoda do seu escritório.

Ao lado do computador, o diploma da UFPR de 1983 e uma prateleira com a coleção de discos de diversos artistas, empilhados. Ele prestou o primeiro vestibular para o curso de Direito, mas não conseguiu atingir a nota suficiente para compor a turma de 1980. Logo, como ele gostava e tinha uma fixação pela escrita, resolveu fazer curso para se tornar jornalista, sendo aprovado em Comunicação Social pela UFPR. 

Dentro do Dom Pedrão, no fundo do piso térreo, existe uma capela, usada como refúgio para os estudantes religiosos se unirem em rodas de conversas bíblicas, ou para alguns pedirem uma luz durante as provas finais. Ao lado, havia uma cantina que se chamava “Toca da Raposa”. Grandes nomes da música brasileira, como Zé Ramalho, se apresentaram a convite dos movimentos estudantis. Jorge esteve lá, nos intervalos das suas aulas práticas inexistentes. Foi nesses shows que ele também viu a banda Chave se apresentar, que logo depois viraria o Blindagem. Essa era a Reitoria dos anos 80 – tocava Rolling Stones, pedindo que um novo tempo viesse.

No computador do escritório, ele digita uma busca no Google, que revela cerca de 437 mil resultados na página inicial e diversas outras na aba de imagens. Está pesquisando a capa da Veja de 1989 que estampa o rosto de Cazuza. Lembra-se bastante da história do cantor, pois desde a época em que escutava Zé Ramalho no Pátio da Reitoria era fã do Barão Vermelho, originalmente formada pelo dueto de Cazuza e Roberto Frejat. Jorge acompanhou a música do enfant terrible e o período em que o artista começou a emagrecer e ficar doente. Chegou a entrevistar Lucinha Araújo, mãe do cantor, durante um evento que aconteceu no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. 

Javorski viu a carreira do músico do início ao fim, mas não se lembrava da capa da Veja.

— Ah, não. Não gostei –, diz com cara de decepção e tristeza, ao olhar a imagem de um de seus cantores favoritos quase que esquelético e sem vida.

 – É muito estranho, sensacionalista.

Jorge fecha aba em que está a imagem e segue para a página principal de pesquisa. Ele dirige o cursor do mouse para o primeiro artigo que aparece, chamado “Quando a Veja Matou Cazuza?”. 

— Essa foto não foi tirada para essa reportagem, com certeza. Eles devem ter pegado essa foto de algum outro trabalho dele –, analisa, enquanto lê um trecho do artigo.

“Após ler a reportagem, ele [Cazuza] teve um ataque cardiorrespiratório e teve que ser hospitalizado. O jornalista pediu desculpas e disse que o texto foi alterado na redação e se demitiu depois.”

Jorge faz uma cara de desapontado, mas não surpreso. A reportagem estampada lembrava-os anos em que foi assessor de imprensa de outras empresas, que não a sua, para instituições médicas. Recorda-se de uma matéria publicada na revista Veja, anunciando a cura da diabetes. Na verdade, a informação estava fora de contexto e a leitura atenta da reportagem mostrava o erro de interpretação. Jorge teve que contestar algumas reportagens publicadas em nome dos órgãos de saúde que representava como assessor.

A entrevista com Lucinha Araujo, a mãe de Cazuza, não foi nada muito grande. Ela estava em Curitiba para um evento sobre aids organizado por voluntários locais. Era a palestrante principal, e estava ali para prestar um depoimento sobre o que passou vendo a doença atingir o filho. Lembra-se de vê-la, sempre de cabeça erguida, enfrentar um oceano de repórteres que queriam tirar algum registro da ativista. A pauta que desenvolvia era muito mais sobre o contexto do evento e não sobre personagens especiais. Não conseguiu entrevistar Lucinha sozinho, mas se lembra que a imagem dela lhe serviu como inspiração.

A capa da Veja foi uma controvérsia no mundo jornalístico. Era pesada e bruta, fazendo com que muitos profissionais passassem a discutir a questão ética que estava envolvida; e a repensar estratégias, para construir uma matéria que fosse informativa sem partir para o sensacionalismo.

Jorge Javorski teve uma experiência pessoal em relação à aids. O tio de sua esposa foi diagnosticado com HIV. Por ser descendente de uma família mineira, extremamente conservadora, teve que esconder o fato, sendo que apenas a mulher de Jorge, ele e alguns seletos primos tinham noção do que acontecia. Detalhe: o fato aconteceu recentemente, nos anos 2000, numa época em que o governo brasileiro já distribuía remédios de graça para o tratamento. Com essa vivência, acabou aprendendo mais sobre os problemas enfrentados pela comunidade LGBTQIA+. Antes da aids, o jornalista especializado em saúde sabia pouquíssimo sobre a vida de um homossexual, de uma lésbica ou de uma travesti. 

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— Eu não faria. Se eu estivesse na posição de editor, eu não teria feito –, conta Elza Filha sentada em sua mesa, na sala da coordenação do curso de Letras da UTFPR, a poucos 1,3 quilômetro do escritório de Jorge Javorski. 

Elza reconhece que a matéria cumpriu um papel importante, como ela mesma diz, ao pegar a sociedade pelo colarinho e dar uma chacoalhada para que ninguém fingisse que a aids não existia.

Assim como Javorski, também teve contatos próximos que ocultavam a doença. A esperança era de que o silêncio fosse deixar com que o vírus passasse despercebido. No entanto, assim como dizia o slogan do grupo ativista americano ACT UP, que trabalhava para desenvolver a qualidade de vida do paciente com HIV, “o silêncio representa a morte”. E a memória de Elza diz que, pelo menos os veículos mais sérios, tentavam manter um comportamento mais equilibrado quando se falava sobre a aids.

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— Quando saiu a capa da Veja, eu trabalhava lá.

A jornalista Marleth Silva trabalhou por dois anos na revista em São Paulo. A redação de 1989 fica no mesmo prédio, localizado na Freguesia do Ó, Zona Oeste da capital paulista. Ao lado está umas das vias expressas mais importantes da cidade, a Marginal Tietê. 

Durante o tempo em que ficou em São Paulo, trabalhando na revista e no UOL, chegou a produzir algumas matérias sobre a aids, com foco em reportagens que falavam sobre crianças nascidas com HIV. A propósito, o tema da infância – em especial a adoção tardia – vai se impor na agenda e na vida da jornalista. Assim como a velhice – Marleth é autora do bem-sucedido Quem vai cuidar de nossos pais?, da editora Record.

Em 1989 e 1990, alguns temas tabus de saúde pública pareciam estar apaziguados no ambiente jornalístico. Os jornais aprenderam a tratar da transmissão de vírus e descreviam com precisão os tratamentos. Começava uma segunda etapa da cobertura, mais focada no comportamento. As pautas traziam abordagem sobre a rotina do paciente que vive com HIV, quais eram suas dificuldades e os passos que faltavam para se achar uma cura. Foi nesse contexto que a revista Veja pautou um de seus jornalistas para fazer uma entrevista com Cazuza. 

O cantor ainda estava fazendo shows e aparições ao vivo, mesmo com os sintomas decorrentes da doença. Ele realizou muitas performances enquanto pôde; e os que compareciam aos seus shows não deixam de se assustar com a magreza e fragilidade que Cazuza aparentava no palco. Marleth relata que a sociedade não tinha ideia de como o vírus agia e como maltratava os pacientes. Ela conta uma história que viveu, mas ilustrar a letalidade da doença. 

Marleth, no início da carreira: jornalista passou pela Veja.

Um dia, o irmão da jornalista a convidou para assistir a uma dessas peças de horário nobre no Festival de Teatro de Curitiba, que acontece uma vez por ano e movimenta toda a cidade. Enquanto cruzam a entrada de uma sala de espetáculos, encontram um médico amigo da família. Marleth tem dois irmãos médicos. Esse profissional andava sempre muito bem vestido, nada diferente de como estava naquela noite, mas o semblante revelava uma aparência de cansaço. Uma bengala de madeira o acompanhava em seus passos na direção de Marleth e o irmão. Quanto mais próximo chegava, mas ela podia reparar que o moço exuberante estava murcho, magro e extremamente frágil. 

Olhavam-se os pacientes e se estranhava a magreza, a forma como ficavam rapidamente debilitados. Cazuza estava pior do que o amigo médico de Marleth. E era disso que tratava a matéria da Veja. A jornalista explica que a referência à “morte em praça pública” escancarava que o cantor estava morrendo na frente daquela plateia, seja no teatro ou em um show em estádio, e ninguém fazia nada. 

Cazuza na Veja e o colega médico não foram os primeiros contatos de Marleth com a aids e o HIV. Sua carreira de jornalista começa na Gazeta do Povo, em 1986, ainda como estudante e um pouco antes da chegada de Jorge à redação do jornal curitibano, e dois anos após o primeiro caso na capital paranaense. 

Marleth sempre gostou muito de escrever e tinha a clareza de que atuar na imprensa seria seu caminho natural. Ela se lembra muito mais das práticas dentro da redação do que necessariamente das aulas que teve durante o curso. Se é que teve aulas práticas.

Era um período de saída da ditadura e entrada na nova Constituinte de 1988. As disciplinas na universidade, apesar de existirem, ainda sofriam muito com o fantasma do período militar, como se a qualquer momento um de seus representantes, em terno e gravata, pudesse entrar nos anfiteatros para intimidar professores e estudantes.

Ao ser aprovada, entrou para uma redação da Gazeta bem madura, no sentido etário do termo. A maioria dos profissionais da Gazetona, como se diz, em alusão à grossura das edições de domingo e à linha editorial conservadora, eram de idade e estavam fazendo carreira havia tempos. Marleth era a jornalista mais nova, uma juventude que reluzia entre as diversas máquinas de escrever Olivetti e Remington – o jornal custou a se informatizar. O bullying com a novata era realidade e os outros jornalistas na redação raramente conversavam com ela, que precisava fazer tudo sozinha. Os únicos comentários que recebia no início eram os puxões de orelha dos chefes. 

A Gazeta não era um jornal setorizado à época e a novata, como era de praxe, foi para a editoria “Geral”, que como o nome diz, abrigava de tudo – crimes, falta de água, enchentes, saúde pública. Um dia, ao receber uma pauta sobre o HIV, destacou-se e acabou ficando com o tema durante o período em que permaneceu no jornal curitibano. As pautas eram bem simples. O seu chefe de redação chegava com o papel escrito e lhe entregava: duas linhas com o resumo do assunto. Algo assim – “A Secretaria de Saúde do Paraná vai adotar um novo sistema de controle de doação de sangue”. 

— Alguma orientação? –, perguntava Marleth.

— Ah… Confere quando e isso vai começar a ser aplicado –, respondia o chefe de reportagem, que antes mesmo de qualquer interferência da novata se virava de costas e prosseguia a seus afazeres.

Na Gazeta de 1986, a aids ainda era um tema de saúde pública. Diferente das reportagens que Marleth faria anos depois sobre a vida do paciente, a informação tinha como objetivo orientar sobre a questão de transmissão e proteção. A matéria tendia a ser elementar e não havia na redação alguém responsável por dizer se o texto tinha tom preconceituosa. Não existia esse tipo prática. A Gazeta era um jornal de classificados e de campanhas. Ainda estava desenvolvendo o jornalismo elaborado, com o qual brindou seus leitores a partir dos anos 1990. Dessa forma, para uma repórter de 20 anos como Marleth, não existia o preconceito. Ninguém a orientava para reconhecer o problema nas abordagens, aspecto que passava despercebido. 

Para ela, as dificuldades com fontes não eram muito comuns na redação. Principalmente pelo fato de que o próprio sistema público de saúde precisava disseminar informação. As principais entrevistas aconteciam com pesquisadores de institutos de pesquisa e médicos, assim como acadêmicos que estavam envolvidos na exploração dos estudos sobre aids. 

Muitas das matérias que Marleth fez durante o período aconteciam a partir de visitas a estes institutos. Ela nunca entrevistou um paciente, por causa do isolamento. A conversa era especificamente com profissionais da saúde, que se esforçavam nos laboratórios para compreender mais sobre a infecção. Esse contato direto com quem entende do assunto rendeu a Marleth mais medo de doenças como febre amarela e sarampo, por não ser vacinada, do que da aids. Desde o começo em que começou sua relação com os pesquisadores, deixava-se claro as situações de contaminação, tamanha era a histeria provocada pela desinformação. 

A jornalista não chegou a trabalhar com outra doença além da aids, enquanto cobria a parte de saúde. A única que se assemelha em interesse do leitor seria o Alzheimer, porque também existe um grande esforço para se achar a cura. O que reparava é que em alguns contextos havia mais comoção pelo Alzheimer, pois é uma doença que “nasce dentro”. Quanto ao HIV, vinha contaminado por discursos de que os homossexuais ”deviam se danar”, pois se eles transaram e pegaram, a culpa é deles. 

A repulsa das instituições privadas se sustentava, porque a aids, nos anos 1980, era uma doença feia, com feriadas, manchas escuras na pele. Evitava-se chegar perto, ou compartilhar os mesmos objetos. Marleth cita os esforços que o próprio jornalismo, em parceria com os médicos pesquisadores, adotou para mostrar as facetas daquela nova realidade mundial. Os fetos nunca mais seriam os mesmos. E não foram, de fato,

Para ilustrar que a doença não se transmitia com um aperto de mão, era necessário utilizar alguns momentos simbólicos para construir a mensagem. Um desses momentos emblemáticos aconteceu na Londres de 1987. Em 19 de abril daquele ano, a princesa Diana, um dos nomes mais importantes e populares da Família Real Britânica, inaugurou o Hospital London Middlesex, o primeiro de todo o Reino Unido dedicado para o tratamento de pacientes de aids e com HIV. 

A princesa chega à fachada do hospital guardada pelos seus seguranças particulares e perseguida pelas lentes das câmeras. A inauguração começa de forma tradicional. Ela corta o cordão na entrada, entra para conhecer as instalações enquanto conversa com a equipe médica. Diana sempre foi conhecida pela sua paixão pelas causas sociais e isso a destoava do resto da família real, geralmente reclusa.

Durante o evento de inauguração, aquela mulher representando uma das famílias mais poderosas do mundo e um dos nomes mais populares na mídia, se senta ao lado de um paciente com HIV. Sem usar luvas, aperta a mão dele. Um simples aperto de mão é capaz de mudar muitas coisas no mundo. Aquele gesto de uma representante da realeza com um paciente foi explorado para quebrar o senso comum de que a doença se transmitia pelo contato.

A aids mostrou ao jornalismo que assuntos como sexo oral e anal precisavam ser discutidos. Abertamente e de forma séria. O médico não podia ignorar esses fatos durante as entrevistas, assim como os jornalistas, que transcreviam as falas exatas dos profissionais.

Marleth aprendeu muito sobre a comunidade gay enquanto fazia coberturas. Nunca pensou que fosse pecado, mas entendia a dificuldade para a comunidade assumir sua orientação sexual. Tem dois amigos abertamente homossexuais. Um de 60 anos e outro de 40. Os dois viveram épocas diferentes da aids, e ela se lembra de um momento, num almoço de amigos, em que os dois se encontram. O mais novo estava feliz, pois começara um relacionamento estável. O mais velho dificilmente conseguiu ter parceiros, porque a geração anterior nasceu e cresceu num mundo muito mais fechado para a imagem de dois homens dividindo a mesma casa, e a mesma cama. 

A imprensa mudou de acordo com os avanços. Os jornais tinham muita influência, mesmo que os veículos no Brasil nunca vendessem proporcionalmente ao tamanho da população. Nos cafés e bares, nas rodas de conversas entre amigos minimamente esclarecidos, falava-se das notícias dois jornais. Quando alguém assumia alguma posição sobre o HIV, perguntava-se qual era a fonte daquela informação e questionava-se se seria um boato ou fato. Marleth lembra das conversas que tinha com os colegas.

“O problema do HIV são as seringas.”

“Não, isso já foi mudado. Saiu hoje no Estadão.

Médicos e pesquisadores sabiam que tinham que passar informações para o jornalista. Era o único meio de chegar à população. Isso se deu de forma muito grande quando se passou a promover o uso da camisinha e do preservativo como método mais eficaz de impedir a transmissão da doença. E quanto mais a imprensa falasse, melhor. 

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2 comentários em “A Aids ganha os jornais e as capas de revista”

  1. Prezado Pedro, parabéns pela riqueza do conteúdo, por abordar um tema que ainda gera estigma, com tanta propriedade. E parabéns à equipe de Plural, sempre fiel aos seus princípios editoriais. Grande abraço, Jorge

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