500 mil mortos e contando…

Charges expõem o negacionismo, as mentiras e a omissão do governo Bolsonaro em relação a pandemia que ceifou a vida de meio milhão de brasileiros

Tem algum tempo já que aquelas charges engraçadinhas, leves, em geral satirizando um palerma qualquer incrustado no governo, como o alucinado Ernesto Araújo ou a toupeira do Weintraub (estilo de charges que eu me divirto desenhando, diga-se), tornaram-se inócuas e quase uma posição de omissão diante do mórbido legado pelo qual o governo Bolsonaro será lembrado, estudado e repudiado para todo o sempre: a morte de mais de meio milhão de pessoas na pandemia de 20/21.

Claro, já vejo por aí os caios coppolas se contorcendo como Daniel Browning Smith para encontrar as “narrativas”, que é como eles chamam as mentiras baseadas em dados científicos inventados que parecem-se levemente com a verdade, para tentar inocentar Jair Bolsonaro do crime que constará de qualquer epígrafe honesta escrita sobre ele.
Mas as charges estão aí para ajudar a se ter uma ideia de como é ser contemporâneo do governo mais perverso que já vivenciei (e olha que nasci na ditadura militar). Seu negacionismo, suas mentiras, sua omissão e seu sorriso de chacal ostentado em cima de uma moto, ficarão para sempre como a imagem de alguém que simplesmente não se importa com essa tragédia. Até mesmo pelo modo bizarro como se comporta, a incentiva.

Selecionei alguns dos muitos desenhos que fiz para o Plural, a Folha de S. Paulo e para a revista Desassossego, do colégio Medianeira para este, digamos, painel lúgubre dos 500 mil mortos. Claro, quase não há humor, mas lamentos silenciosos de um período tenebroso de nossa história.



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