1ª Marcha das Mulheres Indígenas terá paranaenses

Representantes de etnias locais vão a Brasília em manifestação

Indígenas de várias etnias do Paraná se mobilizam para a viagem de ônibus até a capital federal. Elas representarão o estado na 1ª Marcha das Mulheres Indígenas. A manifestação integra o Fórum Nacional das Mulheres Indígenas, realizado entre os dias 9 e 13 de agosto, na Esplanada dos Ministério, em Brasília  (DF).

O encontro espera reunir duas mil participantes para discutir questões relacionadas ao universo da mulher indígena, sua importância, “seus protagonismos e capacidades na defesa e na garantia dos direitos humanos, em especial o cuidado com a mãe terra, com o território, com o corpo e com o espírito”.

Com o tema ‘Território: nosso corpo, nosso espírito’, a mobilização marca ainda as comemorações do Dia Internacional dos Povos Indígenas e fortalece a ‘Marcha das Margaridas’, protesto anual das mulheres camponesas, que espera levar 100 mil a Brasília.

“Pretendemos mostrar nossa visão e nossa relação com a terra, pautadas nas demarcações de terra e tudo o que vem acontecendo no atual cenário político, no qual não existe conversa. A política é excludente e toda decisão dela vem nos anulando”, diz a indígena Camila dos Santos da Silva, uma das participantes da comitiva feminina paranaense.

“A mulher hoje é o esteio da aldeia. Não são mais como antes, que só ficavam na aldeia, cuidando da família, fazendo artesanato e na roça. Agora temos autonomia para falar, ocupamos nosso espaço na universidade”, reforça a estudante de Ciências Sociais na UFPR. “Ainda existe machismo mas não como antes. Já temos presidentes de conselhos e caciques. Estamos ocupando nosso lugar”, percebe.

Camila recorda que a visão da terra – um dos grandes pontos de discussão com o governo Bolsonaro – ainda é muito diferente entre as culturas. “Quando alguém que não é indígena olha para a terra já vê cifrão, o que vai poder explorar, o que vai construir, arrecadar, ganhar com ela. Nós, indígenas, olhamos para ela como se fosse sagrada.”

Camila e indígenas paranaenses durante protesto na UFPR. Foto: Arquivo Pessoal

Integrante da aldeia Kakané Porã, localizada no Campo do Santana, em Curitiba, Camila conta que gosta da terra porque tudo o que se coloca nela é devolvido. “A ancestralidade não se paga com moeda. Não conseguiria plantar numa terra regada de sangue. Sabemos que não estamos sozinhos, nossos antepassados também estão aqui. Então, temos que pensar o que vamos deixar para nossos filhos”, avalia.

O grupo feminino paranaense está arrecadando colaborações para os custos com a viagem e a alimentação. Mais informações pelo fone: 41 99603-0333. A ajuda ao movimento nacional pode ser feita via internet, por uma vaquinha online.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima