Viagens de Greca em classe Executiva chegaram a custar R$ 20 mil por passageiro

Vereadores aprovam sugestão de restringir prefeito à classe econômica

Em cinco dias de viagem a uma feira de Cultura, no México, foram R$ 72 mil só em passagens aéreas e hospedagem para o prefeito Rafael Greca (DEM), um assessor e uma diretora.

Já o roteiro de Greca e outra diretora a Barcelona, com duração de uma semana, custou ao município R$ 66 mil para as mesmas despesas. Os voos foram todos em classe executiva, a intermediária entre econômica e primeira classe.

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Os gastos elevados foram discutidos nesta terça-feira, na Câmara Municipal de Curitiba e levaram os vereadores a aprovar sugestão para restringir a compra de passagens aéreas – nacionais e internacionais – à classe econômica. A medida deve valer também para o Legislativo municipal.

“Quem quiser uma opção mais luxuosa deve pagar o upgrade com recursos próprios”, diz o vereador que propôs a mudança, professor Euler (PSD). “Fiz um pedido de informação a respeito dos gastos pois notei que os valores eram muito elevados. As respostas vieram de uma forma extremamente confusa. Tão confusas quanto as informações disponibilizadas no Portal da Transparência”, conta.

“Os cofres públicos devem dar condições para que ele (Greca) participe desses eventos. Qualquer artigo ou serviço – passagem, hospedagem, alimentação – que não seja básico, ou seja de luxo, deve ser pago com dinheiro próprio. Se isso já faz sentido para o prefeito, faz ainda mais sentido para a sua comitiva”, avalia Euler.

Segundo ele, os gastos estavam fora do padrão. “As passagens para México e Barcelona saíram cerca de R$ 20 mil por passageiro e as diárias nos hotéis custaram cerca de U$ 470 (R$ 2 mil) por pessoa. Para alguém rico, talvez esses valores sejam irrisórios, mas considero valores inaceitáveis quando penso que isso saiu dos cofres públicos, ou seja, saiu dos bolsos dos contribuintes”, ressalta o vereador.

Regulamentar tais gastos é de responsabilidade do próprio Executivo, porém, os vereadores enviarão uma Sugestão de Ato Administrativo para Prefeitura. Membro da Mesa Executiva da Câmara, Euler garante que as mudanças devem ser regulamentas também no Legislativo municipal. “A Mesa vai publicar resolução no Diário da Câmara determinando que passagens compradas pela Casa sejam sempre em classe econômica.”

Euler diz que explicações da Prefeitura às despesas foram confusas. Foto: Micaelli Lodi

Referência em Inovação

Em nota, a Prefeitura de Curitiba justificou os gastos como parte das ações para tornar Curitiba referência em inovação e criação de um novo polo de desenvolvimento sustentável na capital. Sobre a redução de despesas propostas, disse que a Secretaria de Governo vai analisar, “como parte de uma política contínua de melhoramento dos procedimentos de uso do dinheiro público”.

“A Prefeitura destaca que todas as viagens de agentes públicos municipais são reguladas por uma legislação transparente e rigorosa, que não só coíbe abusos como também permite que os gastos sejam acompanhados de forma transparente pela população. As informações de Despesas com Adiantamentos de Viagens dos servidores públicos municipais são abertas à consulta no Portal da Transparência.”

Segundo o Executivo, as viagens citadas na reportagem “foram realizadas como parte das ações para tornar Curitiba referência em inovação, trabalho que vem sendo desenvolvido desde o início de 2017 por meio do Vale do Pinhão e cujos resultados são bastante concretos na criação de um novo polo de desenvolvimento sustentável na capital”.

O mercado em questão está em alta, segundo a administração municipal. A expectativa é de que ele aumente mais de US$ 1 trilhão de dólares até 2025, em todo mundo.

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