Todos contra a educação: um símbolo do governo Bolsonaro

Protesto em frente à UFPR mostrou autoritarismo e ódio à democracia que marcam governo

Há momentos em que um governo é desmascarado. Isso não aconteceu neste domingo com o governo Bolsonaro – pelo simples fato de que nunca houve máscara, as coisas sempre foram bastante claras. A brutalidade dos bolsonaristas que se manifestaram contra o Congresso, o STF, a imprensa e a educação era não só previsível. É esse ódio pela civilização e pela democracia que define o governo e seus simpatizantes.

O protesto em frente à UFPR, na Santos Andrade, em Curitiba, foi simbólico. Os manifestantes começaram a tarde retirando uma faixa que tinha os dizeres “Em Defesa da Educação”. Não havia na faixa foice nem martelo; nela não havia o rosto de Lênin; nem sequer se falava em bolsas para alunos pobres, nada. Absolutamente nenhuma questão ideológica. Apenas a defesa da educação. Quem poderia ser contra?

Mas é evidente que os bolsonaristas são contra a educação, muito especialmente a educação universitária. A cultura liberta, ensina a questionar, e isso é tudo que os admiradores do capitão mais odeiam. A ordem, a hierarquia e a obediência às regras sem contestação é que são a utopia deles. A universidade é a inimiga por tirar as pessoas da caverna e mostrar que há mais no mundo do que uma única possibilidade.

O horror à educação e à cultura foi seguido por uma demonstração explícita de ódio à imprensa. Os fotógrafos que foram registrar a cena da retirada da faixa e, depois, o momento em que os donos da faixa tentaram recuperá-la foram agredidos verbal e fisicamente. Em bom português: apanharam. Entre eles estava a repórter fotográfica deste Plural, Giorgia Prates. A imprensa tem o papel de fiscalizar o governo. E obviamente quem quer um governo inconteste, acima de tudo e de todos, não quer ninguém fiscalizando.

Nos cartazes e nas camisetas, pelo país afora, viam-se também críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal. Sem falar na inscrição que pede o uso imediato do artigo 142 da Constituição – aquele que, segundo os iletrados, permite uma intervenção militar no país.

O Congresso e o Supremo são os dois Poderes que servem de contraponto ao Executivo. Desde o século 18 qualquer democracia do mundo conta com essa divisão de atribuições. Quem pede o fim disso pede ditadura.

Mas tudo isso significa ditadura. A soma de imprensa, universidade, Congresso e Supremo poderia muito bem levar o nome de democracia. E não é de espantar que quem seja a favor de Bolsonaro seja contra tudo isso. Faz tudo parte do mesmo pacote que pretende devolver o Brasil aos piores anos da história recente do país. O homem que idolatra Ustra é adorado por quem quer novos Doi-Codis por aí, torturando todos que sejam contra o governo.

Quem não entendeu isso é porque olhou no rosto do monstro, sem máscara, e não foi capaz de ver. Ou desviou o olhar para fingir que continua tudo bem.

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