Superfaturamento em oficinas do governo Beto em média era de 577%

Operação da polícia prendeu 15 pessoas que seriam responsáveis por R$ 125 milhões de desvios

As 15 prisões efetuadas pela Polícia Civil nesta terça-feira na operação Peça Chave mostram com ainda maior clareza, caso fosse necessário, o tamanho da corrupção instalada no governo Beto Richa (PSDB). O uso de oficinas responsáveis pela manutenção de veículos do governo já tinha sido descoberto na Operação Voldemort, que levou para a cadeia pela primeira vez Luiz Abi Antoun, primo de Beto que hoje está no Líbano. Agora, o esquema descoberto é muito maior.

Segundo a entrevista coletiva dada pela polícia, em média os serviços eram superfaturados em 577% – mas houve casos em que as peças foram compradas com superfaturamento de 2.400%. Ou seja: pelo preço de 24 peças, comprava-se uma.

O truque estaria principalmente no uso de peças de segunda categoria que eram registradas como originais. Ao desmontar os carros (da polícia e de outras secretarias), os investigadores descobriram que as peças genuínas jamais existiram. Tudo era uma fraude para desviar recursos do estado.

Ainda não ficou claro até que ponto o ex-governador Beto Richa (PSDB) e seus sucessores, Cida Borghetti (PP) e Ratinho Jr. (PSD), que mantiveram o contrato e o renovaram, tinham noção do que estava acontecendo. A polícia, até o momento, não responsabilizou nenhum funcionário público nem autoridade do governo pelos desvios. É evidente, porém, que os fiscais deveriam ter descoberto o problema antes.

O atual governo alega que não apenas não sabia de nada como renovou o contrato emergencialmente por não ter tido tempo de agir de outro modo. Ratinho assumiu em 1º de janeiro e o contrato da JMK foi renovado por seis meses. A partir daí, seria feita uma nova licitação.

Para se ter uma ideia do desvio feito, basta dizer que os R$ 125 milhões estimados pela polícia seriam suficientes, por exemplo, para construir 60 creches pelo estado. O bastante para acolher 9 mil crianças em tempo integral.

A polícia também ressaltou na coletiva as perdas que os contribuintes sofreram ao longo dos quatro anos de vigência do contrato até então, com viaturas da polícia, ambulâncias e outros veículos ausentes em função do esquema de corrupção.

Cabe agora cobrar que os responsáveis pela assinatura dos contratos e pelo seu monitoramento sejam igualmente levados a responder por seus atos. Não é possível deixar que milhões sumam dos cofres públicos sem que ninguém perceba o que está acontecendo.

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